Volta o cão arrependido: Henderson não quer mais jogar na Arabia Saudita
Seis meses depois de se transferir, Jordan Henderson estaria insatisfeito com alguns fatores do futebol saudita
Uma das transferências mais impressionantes para Arábia Saudita foi do meio-campista Jordan Henderson. Não pelo nível técnico do jogador ou por estar no auge físico, e sim porque o jogador sempre se envolveu em causas sociais, como a LGBTQIA+. O país saudita trata a homossexualidade como crime e a ida do inglês causou críticas da comunidade pela hipocrisia, mostrando que os 22 milhões de euros por temporada em um contrato de três anos pesou na decisão. No entanto, seis meses após fechar com o Al-Ettifaq, Henderson parece ter mudado de ideia.
O jornal italiano Gazetta dello Sport publicou que o meio-campista inglês comunicou clubes da Premier League que deseja retornar. Os motivos são diversos. Henderson não se adaptou ao clima, as arquibancadas vazias o incomodam (média de 8 mil de público) e a má fase do time também pesa. Treinado por Steven Gerrard, ex-companheiro de Liverpool que ajudou a convencer a transferência para Arábia, o Al-Ettifaq é apenas o oitavo colocado com 25 pontos, 15 atrás do Al-Ahli, primeiro time dentro da zona de classificação para Champions League Asiática, e 28 do líder Al-Hilal. São nove jogos sem vencer na temporada, sendo o último triunfo em 23 de outubro.
O jogador de 33 anos também não gostou da saída do auxiliar Ian Foster, peça essencial na escolha de se mudar, que agora é treinador do Plymouth Argyle, na Championship. A mudança de Jordan não será simples. Ele teria que convencer o clube saudita, que desembolsou 12 milhões de libras, a sair de graça, já que seria improvável uma venda nessa altura. Ao menos, Henderson não vê problema de abandonar o Ettifaq com apenas seis meses, algo que impede alguns milhões a mais na conta.
A informação de Henderson podendo sair repercutiu até na coletiva do técnico do Liverpool, Jurgen Klopp. Ele assumiu que conversou com o jogador, mas não sobre o assunto e disse que só acreditará que o meia realmente quer sair quando ele der uma entrevista.
– Henderson deu uma entrevista coletiva e disse [que queria deixar a Arábia Saudita]? Não. Isso significa que para mim não é uma coisa a se comentar. Na verdade nós conversamos, mas não sobre isso – disse Klopp.
Jurgen Klopp's face when a reporter asks if Liverpool might re-sign Jordan Henderson ? ? pic.twitter.com/A1QjVxev3N
— This Is Anfield (@thisisanfield) January 7, 2024
Nesses seis meses de Arábia Saudita, Jordan Henderson jogou 19 vezes (17 pelo Campeonato Saudita e 2 pela Copa do Rei), não marcou nenhum gol e distribuiu cinco assistências. Normalmente ele atua como primeiro ou segundo homem do meio-campo e joga ao lado do holandês Georginio Wijnaldum, outro meia ex-Liverpool. O elenco do Ettifaq ainda tem os brasileiros Paulo Victor e Vitinho, além dos atacantes Moussa Dembélé e Demarai Gray, nomes conhecidos no futebol europeu.
Movimento de Henderson pode virar tendência?
Uma das questões envolvendo as dezenas de transferências de jogadores no auge na Europa é a continuidade desses talentos no país. Quem garante que muitos não se mudaram para ganhar muito dinheiro e depois de uma temporada retornar aos holofotes do futebol europeu? O caso de Henderson pode ser um bom exemplo envolvendo outros problemas, como a adaptação ao país, os baixos públicos e o contexto pouco competitivo.
O meio-campista inglês não é o primeiro nome a ter informações que possa estar de saída da Arábia poucos meses após chegar. Rubén Neves, do Al-Hilal, foi vinculado ao Newcatle mais de uma vez, apesar de garantirem que, pelo menos por um ano, ele fica. Jota, do Al-Ittihad, é outro exemplo e não deve ficar lá por muito tempo.
Para mostrar força e mandar um recado ao futebol mundial, o projeto de sportswashing do governo saudita precisa ser capaz de segurar os talentos e, assim, criar um campeonato cada vez mais competitivo. Vale citar que o fundo soberano do país se segurou na atual janela de transferências e não fará aportes financeiros como aconteceu antes, conforme publicou o jornal Marca. Segundo a informação, agora os clubes precisariam investir a partir de receitas próprias.