Por que o São Paulo manteve Carpini agora se demitiu Rogério Ceni em 2023?
Trivela explica por que técnicos viveram cenários parecidos, mas com desfechos (por ora) diferentes

Em 18 de abril de 2023, o São Paulo venceu o Puerto Cabello por 2 a 0 no MorumBIS pela Copa Sul-Americana, com gols marcados aos 41 e aos 43 do segundo tempo. Dois gols que pareciam ser os da salvação para Rogério Ceni. Pressionado, o técnico dependia de uma vitória para se manter no cargo. Mas o maior ídolo da história do clube acabou demitido no dia seguinte.
Em 10 de abril de 2023, o São Paulo venceu o Cobresal por 2 a 0 no MorumBIS pela Libertadores, com gols marcados aos 37 e aos 43 do segundo tempo. Dois gols que parecem ser os da salvação para Thiago Carpini. Pressionado, o técnico dependia de uma vitória para se manter no cargo. E ele está, de fato, mantido no comando da equipe e bancado pela diretoria (salvo uma reviravolta), conforme garantiram à Trivela fontes ligadas à direção.
A um primeiro olhar, os dois cenários são idênticos e receberam tratamento diferente por parte dos dirigentes. Mas a verdade é que Rogério Ceni e Thiago Carpini chegaram a esses jogos de “vida ou morte” em contextos bastante distintos.
“Eu me sinto respaldado. Se não, não estaria aqui. Vivo meu dia a dia. Vejo quem me dá respaldo, que é a diretoria e meu grupo, principalmente. Foi a melhor semana de trabalho nossa. O tamanho do compromisso desses caras, a grandeza de entender o momento delicado que o São Paulo vive. Em relação a isso, estou muito tranquilo e seguro. Eu sei o trabalho que está sendo feito essa semana. Entendo a chateação do torcedor, mas prefiro valorizar o apoio durante o tempo todo. A carga emocional para esse jogo era muito grande”. (Thiago Carpini)
Por que o São Paulo manteve Carpini, se demitiu Rogério?
A demissão de Rogério Ceni mesmo após uma vitória é a prova de que o resultado, em si, não foi lá determinante para a decisão da diretoria. Aliás: nem mesmo a atuação apagada contra um rival frágil serviu de gatilho para a demissão. A verdade é que o trabalho do maior ídolo do clube em sua segunda passagem já era bem mais longevo e demonstrava claros sinais de que o desgaste no ambiente interno estava cada dia mais insustentável.
Rogério foi desligado do cargo após um ano e cinco meses no comando da equipe. Neste período, o São Paulo foi vice-campeão da Copa Sul-Americana, em 2022. Na temporada de 2023, o Tricolor viveu um cenário parecido com o de 2024: foi eliminado nas quartas de final do Campeonato Paulista – curiosamente, para o Água Santa comandado por Thiago Carpini. Ceni teve um mês inteiro apenas com treinamentos para fazer a equipe evoluir. O retorno aos jogos, porém, foi abaixo do esperado. O desempenho do time, claro, influenciou na decisão da diretoria. Mas não foi o único motivo.
A Trivela apurou que o ambiente interno do vestiário não era dos melhores e que a relação entre os jogadores e o treinador estava desgastada. O relato é de que as cobranças frequentes e exigentes do treinador minaram o dia a dia e tornaram sua permanência insustentável. Além disso, havia uma opção “ideal” e de consenso disponível no mercado para assumir a equipe: Dorival Júnior.
> As diferenças de cenário entre Carpini e Ceni:
- Rogério estava no cargo há mais de 1 ano, enquanto Carpini mal completou quatro meses
- Carpini tem respaldo do elenco; com Rogério, ambiente estava desgastado
- Em 2023, Dorival Júnior era um nome de consenso no mercado; isso não existe hoje

No caso de Carpini, o São Paulo até foi eliminado de forma precoce no Campeonato Paulista e não apresentou a evolução esperada depois de um período livre para treinamentos. Mas as semelhanças acabam por aí. Enquanto Rogério vinha de um longo trabalho, o atual treinador mal acaba de completar quatro meses no comando da equipe. E com resultados expressivos alcançados, mesmo diante de tanta turbulência. O técnico conduziu a equipe à quebra do tabu de nunca ter vencido o Corinthians na Neo Química Arena e ao título inédito da Supercopa do Brasil, com vitória sobre outro rival, o Palmeiras, nos pênaltis, no Mineirão.
Mesmo que hoje Carpini não tenha o mesmo prestígio de outros tempos, o treinador conta com o respaldo total do grupo de jogadores. O bom ambiente de trabalho e o pedido do elenco para dar um voto de confiança ao técnico pesaram para a permanência antes e depois da vitória sobre o Cobresal. Além disso, não há hoje no mercado um nome de consenso para chegar e assumir o cargo com unanimidade entre os dirigentes. Por isso, o comandante está mantido – ao menos, até o próximo jogo.