A maior tragédia em um estádio na União Soviética
Em 20 de outubro de 1982, o estádio Luzhniki, em Moscou, foi palco da maior tragédia esportiva da União Soviética, quando mais de 300 pessoas morreram
Foi em 20 de outubro de 1982. Pela segunda rodada da Copa da Uefa, o Spartak Moscou recebeu o Haarlem, da Holanda, no Estádio Central Lenin, hoje conhecido como Luzhniki. Fazia muito frio, -10°C, e nevou bastante antes da partida. As autoridades, então, optaram por liberar apenas dois setores das arquibancadas, descobertas àquela época, comportando até 23 mil torcedores, por conta da neve que ocupava boa parte dos assentos. Ao todo, 16.643 pessoas acompanharam a partida. Oficialmente, 66 nunca voltaram para casa.
LEIA TAMBÉM:
– Os esquadrões da Cortina de Ferro
– O futebol foi usado na construção da identidade da URSS, mas também serviu à resistência
– Como o Campeonato Soviético e a seleção se expandiram pelas diferentes repúblicas
Foi a maior tragédia em um estádio na União Soviética. Tragédia que ficou ainda mais manchada pelas tentativas do governo em esconder o que realmente aconteceu. Nos dias seguintes, a imprensa nacional demorou a divulgar que mortes aconteceram, cabendo à imprensa internacional descobrir o que houve naquela triste tarde de outubro. Passados mais de 30 anos, investigações independentes apontam para 340 mortes.
O Spartak fez 1 a 0 com Edgar Gess aos 16 minutos. A partida seguiu arrastada até o final, quando boa parte dos torcedores moscovitas decidiu ir embora mais cedo, para pegar o metrô menos lotado. Apenas duas rampas, ambas cobertas, estavam disponíveis para as pessoas irem embora pelo setor Leste, onde cerca de 12 mil das pouco mais de 16 mil pessoas estavam. Foi então que uma sequência de erros e acidentes iniciou, culminando com o rompimento de uma barra em uma dessas rampas, a queda de torcedores em um fosso e a asfixia de tantos outros pela multidão que se aglomerava e fazia pressão contra a saída. Muitos adolescentes morreram. Enquanto o desastre acontecia, o Spartak ainda fez o segundo gol, com Sergei Shvetsov, nos acréscimos.
Yuri Andropov, secretário Geral do partido comunista, que assumira o poder menos de um mês antes no lugar de Leonid Brezhnev, conduziu pessoalmente as investigações. Responsáveis foram rapidamente punidos, mas a tentativa de esconder os fatos tornou tudo ainda mais triste.
No aniversário de 30 anos da tragédia, o Spartak Moscou voltou a campo. Pela 12ª rodada do Campeonato Russo, em Makhachkala, no Daguestão, a equipe enfrentou o então milionário Anzhi, que em 1982 nem existia. Perdeu por 2 a 1, de virada, mas antes da bola rolar, homenageou as vítimas do desastre do Luzhniki. Todos os jogadores entraram em campo com uma camiseta com a mensagem “Lembramos 20.10.1982”. Além disso, um minuto de silêncio foi realizado antes da partida. Logicamente pouco para confortar os familiares daqueles que se foram, mas o mínimo para os erros do passado não serem esquecidos.
Os gols do trágico jogo:
Vídeo especial sobre o incidente: