Para botar ordem na casa, a Juve confirma Giuntoli, diretor que impulsionou o Napoli

A Juventus atravessa um momento sensível. Os problemas financeiros do clube provocam uma situação bastante instável para o planejamento da próxima temporada. Como se não bastasse, a ausência na Champions League aperta ainda mais os cintos dos bianconeri. Por causa das irregularidades nas contas, vários dirigentes juventinos acabaram suspensos e há uma limpa na gestão. Neste cenário caótico, a grande aposta da Velha Senhora para 2023/24 está em seu novo diretor esportivo. Nesta sexta-feira, a Juve oficializou a chegada de Cristiano Giuntoli. O novo homem forte do futebol em Turim chega respaldado pelo trabalho que levou o Napoli ao Scudetto.

Aos 51 anos, Giuntoli assinou contrato com a Juventus por cinco temporadas. A confiança no novo diretor esportivo indica como ele não vem apenas para resolver as urgências do curto prazo, mas também para traçar os planos da Velha Senhora em períodos mais longos. Será uma missão dura entre os imbróglios recorrentes e a pressão costumeira sobre os juventinos. De qualquer maneira, a grandeza do clube e a atratividade que ainda possui devem acelerar o processo. Se conseguir realizar um trabalho bem feito, Giuntoli se respaldará entre os principais dirigentes da Europa.

O Napoli havia anunciado a saída de Giuntoli no último final de semana. O diretor esportivo avisou o presidente Aurelio De Laurentiis que deixaria o clube há alguns meses, durante a reta final da Serie A. O dirigente sentia que sua missão no Estádio Diego Armando Maradona estava cumprida, buscava um novo objetivo e também desejava ficar mais próximo de familiares. Diante da relação positiva, os napolitanos não dificultaram seu adeus. Pode até haver rusgas entre os torcedores, pela rivalidade com a Juventus. Mas não se nega que Giuntoli gravou seu nome também nos partenopei, entre os principais artífices do Scudetto.

Giuntoli ascendeu no Carpi e marcou o Napoli

Giuntoli teve uma carreira modesta como atleta, sem passar das divisões de acesso do Campeonato Italiano. Após se especializar na área esportiva, o dirigente fez seu nome em clubes menores da Itália. Primeiro passou pela direção do Spezia. Depois, ficou seis anos à frente do Carpi, de 2009 a 2015. Naquele intervalo, os biancorossi conquistaram três acessos a partir da Serie D e chegaram à Serie A, encerrando um hiato de 93 anos longe da primeira divisão. Giuntoli sequer continuou na agremiação para a reestreia na elite, fisgado por uma proposta do Napoli.

Giuntoli completou oito temporadas na gestão do Napoli. O diretor esportivo trabalhou com diferentes treinadores. Sua chegada aconteceu ao mesmo tempo que Maurizio Sarri desembarcava no Estádio Diego Armando Maradona. Seria um dos momentos de maior sucesso do clube, não apenas pelas chances de título, mas também pela qualidade do futebol apresentado. Carlo Ancelotti foi o sucessor na casamata, num negócio de peso da direção napolitana. E, depois da aposta em Gennaro Gattuso, Luciano Spalletti transformaria de vez as perspectivas dos partenopei durante os dois últimos anos. Foi um ambiente bastante frutífero.

Além das boas escolhas de treinadores, o Napoli também acertou a mão em muitas transferências. Giuntoli esteve envolvido na maior parte das aquisições dos celestes nestes últimos oito anos. Nas primeiras temporadas sob as ordens do diretor esportivo, os napolitanos fecharam com reforços como Allan, Fabián Ruiz e Alex Meret. De qualquer maneira, o crescimento recente do time está muito mais ligado ao trabalho feito nas últimas quatro temporadas. Jogadores como Giovanni Di Lorenzo e Stanislav Lobotka foram apostas que cresceram demais. Victor Osimhen custou caro, mas sem dúvidas correspondeu. Já nesta temporada, achados como Kim Min-jae e Khvicha Kvaratskhelia fizeram a diferença para a conquista do Scudetto.

O impacto no Napoli e a perspectiva da Juventus

O Napoli perde duas de suas mentes mais influentes para a próxima temporada. Spalletti e Giuntoli certamente deixarão um vazio nos corredores do Estádio Diego Armando Maradona. Muito do que é a identidade dos napolitanos nas últimas décadas, porém, passa também pelas decisões do presidente Aurelio De Laurentiis. E não se nega que o cenário para recomeçar é um dos melhores possíveis, com um elenco recheado de bons jogadores e um time motivado após a conquista do Campeonato Italiano. Existe uma linha de trabalho evidente para se conduzir.

Enquanto isso, a Juventus demandará muito mais de Giuntoli. Cabeças importantes rolaram na Velha Senhora, a começar pelo ex-presidente Andrea Agnelli. Enquanto isso, há uma série de decisões ruins e problemas também a se resolver. As mudanças de treinador foram frustradas ao longo dos últimos anos e mesmo o trabalho de Massimiliano Allegri não é robusto o suficiente neste retorno. O campo depende bastante dos bastidores, mas também oferece em contrapartida uma tranquilidade para se mover as peças e botar ordem na casa. Será uma relação crucial, diante da falta de perspectivas de investimentos maciços.

Ao longo das últimas semanas, a Juventus se despediu de Ángel Di María e Juan Guillermo Cuadrado ao final de seus contratos. Arkadiusz Milik teve sua compra definitiva garantida, enquanto Timothy Weah é a única novidade. A tendência é que saia mais gente do que chegue, até pela ausência na Champions e pela maneira como o clube seguirá precisando adequar suas finanças. A folha salarial precisa ser enxugada. Giuntoli terá que indicar boas sacadas como as que teve no Napoli. Achar um outro Kvaratskhelia, todavia, não se sugere tão simples.