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Tim Weah vai cumprir o sonho de garoto do pai, George, ao vestir a camisa da Juventus

Timothy Weah não tem uma carreira constante, mas ganhou projeção desde a Copa do Mundo e é uma compra que faz sentido à Juventus

Timothy Weah possui um sobrenome de enorme peso para honrar. George Weah é um craque histórico tanto quanto um símbolo de pioneirismo, como primeiro Bola de Ouro africano e também como herói nacional da Libéria – país no qual é o atual presidente. Seu filho de 23 anos, ao menos, tem feito por merecer o reconhecimento próprio. Foi um nome importante do Lille nas últimas temporadas e se projetou na seleção dos Estados Unidos, sobretudo durante a última Copa do Mundo. Neste sábado, o atacante foi anunciado como novo reforço da Juventus. Assina por cinco temporadas, em transferência que custou €10,3 milhões aos bianconeri. Curiosamente, Tim cumpre um desejo de seu pai, lenda do Milan, mas torcedor juventino quando garoto.

A Juventus aposta no desenvolvimento de Tim Weah. O atacante não era titular absoluto do Lille e nem tem números tão impressionantes pelo clube. Entretanto, vem de uma curva ascendente em sua carreira que gera o interesse da Velha Senhora. Também é importante sua versatilidade, usado mais vezes como lateral na última temporada. O francês poderá ocupar a lacuna de Juan Guillermo Cuadrado, que deixou Turim depois de oito anos, ao final de seu contrato. Num momento em que as finanças da Juve não estão robustas e o time estará fora da Champions League, Weah é um bom negócio sem tirar os pés do chão.

Tim cumpre o sonho de George, torcedor da Juve

A ligação de Timothy Weah com a Itália se dá através de seu pai. George Weah viveu seu auge com a camisa do Milan e deixou expressa sua marca na Serie A durante o fim dos anos 1990. Timothy nasceu quando o craque já tinha deixado Milanello e defendia o Chelsea. Entretanto, a ida para Juventus não deixa de cumprir um sonho do atual presidente da Libéria. Numa declaração que voltou à tona nos últimos dias, George se afirmou anos atrás como torcedor juventino. Era admirador do futebol de Michel Platini quando garoto e tinha enorme apreço pela Velha Senhora. Agora, seu filho terá essa chance.

“A Juventus é o meu time favorito desde que eu era criança”, afirmou Weah ao L’Equipe, em 2017. “Na Libéria, eu costumava jogar com a camisa da Juventus. Foi por causa de Michel Platini, que me fez me apaixonar por essas cores. Quando eu o conheci, eu não conseguia parar de sorrir. Eu tenho a Juventus no meu sangue. Eu realmente queria jogar por eles, mas eu nunca tive a chance de fazer isso. Se eu pudesse ter escolhido, eu teria escolhido a Juventus e não o PSG depois do meu tempo no Monaco”.

Nascido no Brooklyn, Tim Weah cresceu na Flórida e voltou para Nova York durante a adolescência, para atuar numa escolinha de futebol administrada por seu tio. Passou primeiro pelas categorias de base do New York Red Bulls. Já a partir de 2014, o atacante assinou com a base do Paris Saint-Germain. Teria as portas abertas num clube onde seu pai também fez grande sucesso nos anos 1990. Entretanto, o sobrenome não auxiliou tanto assim e o garoto disputou apenas seis partidas pelo time principal dos parisienses, com dois gols anotados. Acabou emprestado ao Celtic em 2018/19, onde não mostrou muito serviço.

Campeão com o Lille e com a seleção dos EUA

A carreira de Timothy Weah só começou a decolar a partir da transferência para o Lille, em 2019/20. Os Dogues pagaram €10 milhões pelo ponta. Por conta de uma séria lesão, o atacante pouco atuou em sua primeira temporada. A volta por cima aconteceu em 2020/21, como uma peça útil na conquista da Ligue 1. Weah não era titular da equipe, mas foi um nome recorrente e contribuiu com três gols. Já nas últimas duas temporadas, o americano se tornou uma alternativa mais constante no 11 inicial, até como lateral. Ainda não se alçou como protagonista, mas ganhou importância dentro do clube. Foram oito gols e oito assistências em 107 partidas pelo Lille.

A fama de Tim Weah, de qualquer maneira, está até mais ligada ao que constrói na seleção dos Estados Unidos. Chegou a recusar um convite da França na base para manter a fidelidade ao país onde nasceu. O atacante começou sua trajetória no US Team desde o sub-15 e virou estrela do time juvenil, destaque em Mundiais Sub-17 e Sub-20. Desta maneira, naturalmente o ponta se projetou à seleção principal dos EUA e ganhou sua primeira chance ainda aos 18 anos, em março de 2018. A confirmação de Weah na equipe, todavia, aconteceu apenas no último ciclo.

Weah auxiliou os EUA na conquista da Liga das Nações em 2021 e virou titular do time na reta final das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022. No Mundial do Catar, o garoto já tinha se tornado intocável na ponta direita e ganhou destaque sobretudo na estreia contra Gales. Anotou o gol no empate por 1 a 1, conseguindo aquilo que George Weah não foi capaz pela Libéria. Tim Weah manteve sua importância na sequência do trabalho do US Team, inclusive com boa participação na conquista da Liga das Nações de 2023. O ponta atormentou o México na larga vitória pelas semifinais.

Assim, um desafio da Juventus será aproveitar o potencial de Timothy Weah de maneira mais constante. Não se nega que o jovem possui sua dose de talento, mas ainda não é um jogador tão produtivo ofensivamente e se limita um pouco mais aos lampejos. A missão de suplantar Cuadrado não será simples. Entretanto, pela forma como vinha atuando de lateral na última temporada com o Lille, poderá se transformar num ala com características ofensivas na Velha Senhora e se provar como um achado do clube. Dentro da maneira como o clube joga e daquilo que Weah pode oferecer, é uma aposta interessante.

As contratações da Juventus na atual temporada

  • Manuel Locatelli, comprado em definitivo do Sassuolo por €30 milhões
  • Moise Kean, comprado em definitivo do Everton por €30 milhões
  • Arkadiusz Milik, comprado em definitivo do Olympique de Marseille por €6,3 milhões
  • Timothy Weah, comprado do Lille por €10,3 milhões

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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