
É difícil defender o contrário desde que José Mourinho foi apresentado pelo Chelsea, 20 anos atrás, dizendo que era especial, sem falar nas inúmeras entrevistas coletivas em que recitou o seu currículo vencedor, mas, em uma entrevista com a Sky Sports da Itália, o técnico da Roma admitiu que quem acha que ele não é humilde está coberto de razão.
Mourinho ficou famoso pelas entrevistas coletivas virtuosas e pelos jogos mentais durante o seu auge. Manteve a personalidade meio arrogante mais ou menos até o trabalho no Manchester United, mas adotou uma abordagem mais light desde que voltou à Itália. Parece focado em deixar claro o quanto é difícil ser campeão pela Roma, sempre apontando problemas em seu elenco, e um discurso de nós contra eles – os grandes e as instituições do futebol italiano.
E sendo justo, se não está no melhor momento da sua carreira, Mourinho realmente fez o bastante para ter uma dose cavalar de autoestima.
– Tenho que dar razão a quem diz que não sou humilde. Tive tantos feitos. Ganhar a Champions League com o Porto obviamente foi um grande feito, com nove jogadores portugueses no time titular que jogou a final da Champions, com sete que um ano atrás não haviam feito um único jogo de Champions League. Foi um grande feito – disse.
– Mas houve outros porque tive a sorte de trabalhar com grandes times e com grandes orçamentos. Também tive a dificuldade de trabalhar com equipes em que vencer é um milagre. Ganhei com o Manchester United, ganhei com a Roma uma copa europeia e meia, uma e meia – afirmou o técnico campeão da Conference League e vice-campeão da última Liga Europa.
O gênio da carreira de Mourinho
Mourinho tem muito conhecimento tático, mas o grande mérito nas suas vitórias, declarado por vários jogadores que trabalharam com o português, é o poder de motivação. Fechar o grupo, convencer os atletas a comprar a ideia, a atravessar uma parede por ele, passar confiança. Para fazer isso, não existe uma fórmula exata, mas ele segue uma receita que aprendeu nos tempos de universidade.
– O gênio foi um professor meu da universidade que me disse: nunca esqueça que não será um treinador de jogadores de futebol, mas sim de homens, de garotos que jogam futebol. Não há segredo, nem um cardápio. Trata-se de simplesmente ser eu mesmo, de ter empatia com as pessoas que trabalham comigo. Ser empático também significa ser crítico, exigente, aberto e honesto – disse.
A entrevista completa de Mourinho a um programa da Sky Sports italiana será veiculada nesta segunda-feira.