Inglaterra

A trajetória de Rodrigo Muniz até ser o melhor do mês na Premier League

Reviravoltas marcam Rodrigo Muniz até chegar ao momento mágico vivido agora

Como a melhor liga do futebol mundial, a Premier League consequentemente concentra muito talento brasileiro. É automático pensarmos em Alisson, Ederson, Bruno Guimarães, Douglas Luiz e outros, mas, nos últimos meses, talvez quem jogue mais é um jovem nascido em São Domingos do Prata, no interior de Minas Gerais. Estamos falando de Rodrigo Muniz, eleito pelo Campeonato Inglês o melhor jogador do mês de março por um desempenho sensacional.

O atacante não conseguiu conter a emoção quando recebeu o prêmio das mãos dos colegas de Fulham Andreas Pereira e Willian. Deve ter passado um filme na cabeça do ex-Flamengo: da chegada ao clube londrino em 2021, com apenas 20 anos, sem falar inglês e com dificuldade de adaptação, até chegar ao estágio de melhor, mesmo que por um mês, do campeonato mais competitivo do mundo.

Muniz foi contratado para ser reserva de Aleksandar Mitrovic e isso até que deu certo na temporada inicial. Mesmo que quase sempre saindo do banco (só foi titular quatro vezes), participou de 28 jogos e marcou cinco gols na Champioship, ajudando o Fulham a voltar para elite do futebol inglês.

Em 2022/23, o treinador português Marco Silva decidiu emprestá-lo ao Middlesbrough para ganhar rodagem no futebol inglês, mesmo com o interesse de clubes de fora da Inglaterra. Porém, a mudança não foi nada agradável. Ele jogou 17 vezes, com média de 52 minutos, e marcou dois gols. Com a chegada de Michael Carrick ao comando técnico, chegou a ficar quatro meses sem entrar em campo, só treinando.

– Eu sabia que era importante para ele melhorar o inglês, se adaptar melhor a outro sistema, ficar mais forte. Infelizmente a temporada [no Middlesbrough] não foi o que esperávamos para ele e ele não ficou nada feliz. Mas isso o fez crescer quando menino. Ele ficou mais maduro. Ele está ainda mais pronto para a luta. – afirmou Silva em fevereiro.

Os percalços não pararam para Muniz ao voltar para o Fulham.

A reviravolta de Rodrigo Muniz na temporada 2023/24

É um contrate muito grande olhar a temporada de Muniz da primeira metade para os últimos meses. Entre agosto de 2023 e janeiro de 2024, o atacante brasileiro entrou em campo 17 vezes, com 789 minutos (média de 46), fez apenas dois jogos completos e o único gol tinha sido feito pela Copa da Liga Inglesa, na vitória por 3 a 1 sobre o Ipswich, ainda em novembro.

Agora, desde o início fevereiro para cá, a realidade é outra. São 10 partidas, todas como titular, e 833 minutos em campo – mais em dois meses do que nos seis anteriores. Melhor do que jogar, ele não para de fazer gols: são oito nesse período, todos destacando sua característica de centroavante matador. Dos oito, sete foram apenas um toque, sendo a única exceção da lista com um domínio antes da finalização. Teve gol de cobertura, de cabeça, como oportunista na pequena área e até um voleio espetacular, que rendeu comparações com a bicicleta que deu nos tempos de Flamengo contra Red Bull Bragantino, em 2021.

Mas quem pensa que Rodrigo Muniz é apenas um cara de aparecer na pequena área para finalizar está enganado. Por vezes, o Fulham busca um jogo direto do goleiro ao ataque e ele sustenta muito bem no pivô à espera de outros companheiros se aproximarem. Quando segura a bola, abre espaço para que Harry Wilson infiltre às suas costas. Também é extremamente brigador, não desiste de nenhuma bola, o que fica provado na sua assistência “sem querer” para o gol de Wilson contra o Brighton, quando lutou duas vezes no alto antes da bola sobrar para o colega. No momento defensivo, a mesma dedicação é vista na pressão no campo de ataque. Marco Silva, que já o elogiava pelos treinamentos antes da boa fase, está maravilhado com o momento do brasileiro.

– Imagine quando você vem do Brasil para o futebol inglês, você tem o sonho de vir jogar aqui como atacante e esperou muito tempo para marcar seu primeiro gol na Premier League. Estou muito satisfeito – ele [Muniz] merece. Quando você tem a chance, você tem que dar um passo à frente. – elogiou o português ainda em fevereiro.

Isso que a titularidade do ex-Fla não foi necessariamente uma sacada mirabolante de Silva. Na verdade, no fim de janeiro, o então centroavante titular, Raúl Jiménez, sofreu uma lesão no tendão que o tirou dos gramados por quase dois meses. Já sem Mitrovic, que foi para o futebol saudita no ano passado, e com o outro brasileiro Carlos Vinicius rumo ao Galatasaray, a direção do Fulham correu para firmar o empréstimo de Armando Broja com o Chelsea porque, à época, Muniz ainda não era tratado como o substituto ideal. No entanto, até hoje, o albanês não foi titular com a camisa dos Cottagers porque Rodrigo não deu chance para o concorrente na posição.

Tudo isso fez o atacante ser monitorado pela Seleção Brasileira para a Data Fifa de março, mas Dorival Júnior não deu a primeira oportunidade de Rodrigo Muniz vestir a Amarelinha – ainda.

Quando Rodrigo Muniz joga?

Com seu centroavante brasileiro e goleador, o Fulham volta aos gramados neste domingo (14), quando visita o West Ham pela 33ª rodada da Premier League. Os comandados por Marco Silva estão na parte debaixo da tabela e nem chegam perto da luta por vaga em competição europeia, mas, ao menos, não correm risco de rebaixamento.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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