Premier League

O Everton ouviu as palavras de Sean Dyche para vencer o Chelsea e se afastar da zona de rebaixamento

Everton vence o Chelsea, engata duas vitórias seguidas e abre quatro pontos de distância do rebaixamento na Premier League

O Everton ainda assimilava o golpe de ter perdido dez pontos na Premier League, após sofrer a punição mais severa a um clube na história do futebol inglês, quando Sean Dyche não mediu palavras em uma entrevista coletiva:

–  Isso (perda de 10 pontos) nos deu um empurrão para trás para avançar novamente. O trabalho não mudou para mim. A punição melhora o que estamos fazendo, porque significa que temos que nos esforçar mais por mais tempo.

Onze dias mais tarde, os jogadores trataram de transformar as palavras do treinador em realidade. Pois o Everton não parou de lutar e guerrear por cada bola desde então. Em mais uma partida de muita entrega, a equipe venceu o Chelsea por 2 a 0 neste sábado (10), no Goodison Park, pela 16ª rodada da Premier League, e engatou duas vitórias consecutivas. Seis pontos suficientes para fazer a equipe abrir distância de quatro pontos para a zona de rebaixamento. A vitória sobre os Blues veio pelos pés de Doucouré e Dobbin.

Chelsea domina primeiro tempo, mas para em Pickford

O Chelsea, de fato, jogou de mandante mesmo fora de casa, teve amplo domínio ao longo de todo o primeiro tempo e só não abriu o placar, porque parou em Pickford. Mas dizer tudo isso não anula o fato de que os Blues só não foram em vantagem para o intervalo também porque esbarraram nas próprias limitações. Limitações naturais de uma equipe que, de tão irregular, não consegue sair das posições intermediárias da tabela.

O responsável por fazer os visitantes dominarem a primeira etapa com massivos 71% de posse de bola foi Enzo Fernández. O volante campeão do mundo pela Argentina carteou o jogo e regeu a equipe em uma orquestra praticamente de um homem só. O argentino jogou muito, Cucurella e Palmer tentaram acompanhar… E nada mais.

Southgate viu de perto a vitória do Everton sobre o Chelsea (IconSport)

Prova disso é que os Blues quase abriram o placar logo aos 3 minutos justamente com Fernández. Ele foi lançado dentro da área e parou em grande defesa de Pickford, que fechou o ângulo. Dez minutos mais tarde, o goleiro dos Toffees e da seleção inglesa brilhou ainda mais: ele voou para evitar o que seria um golaço de Palmer em chute de fora da área. E a prova de que o Chelsea também esbarrou nas próprias pernas é esta: mesmo com amplo domínio, a equipe não fez muito mais do que isso.

E ainda viu o Everton assustar. Aos 24, Harrisson quase fez um golaço em chute de primeira de fora da área. De costas para o gol, ele girou e chutou forte. A bola passou com muito perigo. Mas de resto, o jogo foi a cara das duas equipes: intenso, um tanto irregular e de certa afobação na hora de concluir as jogadas. Os dois times ainda ficaram empatados em substituições de laterais experientes: Ashley Young e Reece James foram substituídos por Patterson e Colwill.

Letal, Everton se segura e liquida o Chelsea

O Everton que resiste fora da zona de rebaixamento mesmo após sofrer a punição mais severa da história, é um Everton que traduz em campo as palavras de seu treinador, Sean Dyche. (Mais uma) Prova disso veio contra o Chelsea. A equipe que foi praticamente inofensiva no primeiro tempo voltou do intervalo com uma postura bem mais agressiva. Se Enzo até levou perigo logo aos 3 minutos, os Toffees empilharam chances. Aos 4, McNeil obrigou o goleiro a fazer boa defesa. Instantes mais tarde, Mykolenko finalizou para fora.

E aos 8, Doucouré abriu o placar. Tudo começou com Calvert-Lewin. O atacante foi lançado na cara de Robert Sánchez, mas acabou bloqueado. O rebote sobrou nos pés do meia, que chutou de primeira, de dentro da área, mesmo com marcadores em seu caminho. A bola entrou mansamente no canto direito, para delírio das arquibancadas do Goodison Park.

A partir daí, o que se viu foi uma pressão avassaladora do Chelsea. Muito mais na base do ímpeto para buscar o empate do que por qualquer mínima organização ofensiva para levar perigo. Enzo teve uma chance dentro da área após boa jogada de Mudryk, mas foi bloqueado. Palmera também obrigou Pickford a fazer boa defesa em finalização de média distância. Mas de resto, o que se viu foi uma equipe que abusava dos cruzamentos e assustava apenas em bate e rebates bem afastados pela defesa dos Toffees.

O Everton, aliás, sempre se mostrou perigoso, mesmo tendo de se segurar com unhas e dentes para garantir a vantagem no placar. Enquanto a defesa se segurava como podia e continha todas as investidas do Chelsea sem dar lá muito trabalho a Pickford, o time conseguiu ser cirúrgico. Já nos acréscimos do segundo tempo, o prata da casa Dobbin – que recém havia entrado em campo – aproveitou rebote de escanteio e soltou o pé de fora da área. Um chutaço, sem chances para o goleiro Petrovic, outro que havia entrado há pouco na partida. A festa no Goodison Park é do tamanho da punição sofrida pelo clube.

Mesmo punido, Everton se afasta do rebaixamento

Um desavisado que olhar para a tabela da Premier League sequer suspeitará que o Everton sofreu uma severa punição e perdeu 10 pontos. Isso, porque os Toffees abriram vantagem para a zona de rebaixamento. Com duas vitórias seguidas, a equipe soma 13 pontos e se mantém em 17º, com quatro pontos na frente do Lutton Town, primeiro time do Z3. A equipe volta a campo no próximo sábado (16), às 14h30 (horário de Brasília), quando enfrenta o Burnely no Turf Moor.

Chelsea afunda em sua irregularidade e estaciona no meio da tabela

Uma semana atrás, o Chelsea vencia o Brighton em Stanford Bridge e parecia destinado a engrenar na Premier League. Só parecia. Duas partidas mais tarde, a equipe amarga duas derrotas consecutivas – no meio de semana, perdeu para o Manchester United – e estaciona de vez na metade da tabela. A equipe perde uma posição e agora ocupa a 11ª colocação, com 19 pontos. Na próxima rodada, o adversário será o Sheffield United, no sábado (16), às 12h (horário de Brasília), em casa.

 

Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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