Novo técnico do Brighton joga sem meio-campistas! Como isso funciona?
Técnico mais jovem na história da Premier League, Fabian Hürzeler promete uma revolução no Brighton
A era Roberto De Zerbi na Inglaterra acabou. O técnico rumou para o Olympique de Marseille depois de ter transformado o Brighton numa das sensações da Premier League nos últimos anos.
Sob o comando de De Zerbi, os Seagulls atingiram um histórico 6º lugar em 2022/23 — o que rendeu a classificação para a Conference League, o primeiro torneio europeu de sua história.
Entretanto, por desentendimentos com a direção do Brighton, o italiano decidiu se mudar para a França. Os Seagulls então apostaram em um treinador jovem, assim como fazem na hora de reforçar o elenco.
Quem assinou com o Brighton foi Fabian Hürzeler, ex-St. Pauli. Aos 31 anos, o técnico alemão — que nasceu nos Estados Unidos — se tornou o mais jovem na história da Premier League. Isso, por si só, já chama a atenção.
Entretanto, a principal característica de Hürzeler é que ele faz com que seu time jogue sem meio-campistas, o que parece ser impensável para o futebol atual.
— Assistindo um pouco do St. Pauli para me familiarizar com Fabian Hürzeler, novo técnico do Brighton. Esse é o zagueiro deles — escreveu um perfil nas redes sociais
Só que essa estratégia tem tudo para revolucionar o futebol inglês, tão dominado pelo estilo de Pep Guardiola e companhia. O Brighton deve ser (mais uma vez) a surpresa da temporada.
Conheça Fabian Hürzeler, novo técnico do Brighton
Primeiro de tudo, cabe explicar quem é Fabian Hürzeler. O treinador tentou a carreira como jogador, mas as lesões atrapalharam seus planos. Com 23 anos, virou técnico-jogador. Dois anos depois, auxiliar.
Antes de assumir o Brighton, Hürzeler foi para o St. Pauli, onde também começou como assistente técnico. No meio de 2022/23, assumiu interinamente como treinador na segunda divisão alemã.
Graças aos bons resultados, foi efetivado no cargo. Em sua primeira temporada completa como técnico do St. Pauli, Fabian Hürzeler conquistou o acesso à elite da Alemanha sendo campeão.
E a forma como o St. Pauli dominou a segunda divisão alemã chamou a atenção dos Seagulls. Dito tudo isso, entenda como o novo técnico do Brighton se diferencia dos demais, que prezam pelo jogo de aproximação.
Uma construção sem os meio-campistas
Hürzeler é adepto da formação 3-4-3, que foi sua tática nos tempos de St. Pauli. Só que o pulo do gato é como o técnico alemão faz a transição da defesa para o ataque, “pulando” o setor de meio-campo.
Escalação do St. Pauli de Fabian Hürzeler
O zagueiro central atua como uma espécie de líbero, fazendo o papel de primeiro volante a frente de seus companheiros. Os dois alas jogam muito abertos e extremamente avançados. Entretanto, são os meias centrais que exercem funções atípicas.
Eles não se aproximam de seu campo de defesa, mas sim avançam nas costas do volante adversário. A ideia é sobrecarregar esse jogador rival, que fica perdido em saber quem ele irá marcar.
A princípio, esses dois meias centrais não são opções de passe na primeira fase de construção, encarregada aos três zagueiros — com um deles mais avançado — e aos dois alas, que dão amplitude.
Como consequência, isso cria um “buraco” no meio-campo. Contudo, isso não é problema — e mais abaixo te explicamos.
Primeira fase de construção do St. Pauli de Fabian Hürzeler
Por que isso é positivo?
O técnico alemão não exige somente um tipo de saída de bola. Fabian Hürzeler dava liberdade para seus jogadores começarem jogando tanto com toques curtos desde o goleiro, quanto com lançamentos dos alas.
Além disso, um dos meias centrais poderia se aproximar do líbero dependendo da marcação do adversário — o que gerava outra dinâmica. Ou seja, o St. Pauli era imprevisível em sua primeira fase de construção.
Quando a bola passava para o campo de ataque, o treinador confundia o rival com a presença de seus dois meias centrais nas costas do volante adversário. Em poucas palavras, a superioridade numérica estava a favor do St. Pauli.
Hartel e Irvine buscavam os espaços entrelinhas, possibilitando o avanço do time de Hürzeler. A dupla se afastava o máximo possível do volante rival, desestabilizando toda marcação adversária.
Um exemplo prático
Imagine esse cenário: Irvine cai pela direita para ser opção de passe a Metcalfe. Um dos zagueiros rivais deixa sua linha para apoiar a marcação pelo lado de campo.
Perto da meia-lua, Eggstein chama a atenção do outro defensor enquanto Hartel se afasta do volante adversário para ter espaço. Para completar, Afolayan corta da esquerda para o centro, puxando o lateral que o estava marcando.
Se essa jogada não terminasse em gol, com certeza renderia uma finalização perigosa na entrada da área.
Exemplo de ataque pela direita do St. Pauli de Fabian Hürzeler
Como isso vai funcionar no Brighton?
Na pré-temporada, o treinador já implementou essa filosofia no Brighton. Nos últimos dois amistosos antes do início da Premier League, os Seagulls jogaram num esquema 3-4-3.
Possível escalação do Brighton para 2024/25
Na Premier League, os Seagulls podem começar sua transição ofensiva com Veltman e Dunk se aproximando de Steele para trocar passes curtos, enquanto Van Hecke se torna um líbero para liberar os avanços de Baleba e Wieffer.
Barco, pela esquerda, e Minteh, pela direita, jogando próximos à linha lateral para dar profundidade aos Seagulls. Perto do gol adversário, os meias centrais criando sobrecarga com o trio ofensivo João Pedro, Mitoma e Welbeck.
Fato é que Hürzeler gosta de versatilidade e rodar seus titulares. O Brighton tem profundidade de elenco e está cheio de atletas jovens, que contam com a experiência e liderança dos mais velhos.
Futebol não é ciência, então não dá para cravar que os Seagulls serão campeões ingleses nem nada do tipo. Apesar disso, o Brighton deve ser um dos times mais diferentes na Premier League 2024/25 com o jovem treinador alemão.
Veja abaixo uma mesa tática montada pelo perfil Coach Rafaz mostrando as possíveis movimentações do novo Brighton: