Inglaterra

Com 43 jogadores no elenco, treinador do Chelsea desabafa sobre gestão de ‘bagunça’

Enzo Maresca garantiu que 'mais de 15 jogadores' estão treinando separadamente

Talvez o principal problema do Chelsea para a temporada que se inicia é a quantidade exorbitante de jogadores em seu plantel. Com a chegada do português João Félix, o time londrino tem incríveis 43 jogadores sob contrato disponíveis no Cobham Training Centre.

E administrar tantas peças disponíveis em um esporte que você usa, no máximo, 16 atletas por jogo, pode ser uma das tarefas mais difíceis do novo treinador da equipe, Enzo Maresca.

Ou não. Quer dizer, pelo segundo o treinador italiano, isso não é um problema. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, Maresca garantiu que muitos destes quase 50 jogadores já estão fora dos planos do Chelsea.

Na prática, isso significa dizer que o comandante já definiu quais jogadores ele vai contar para a sequência da temporada, e os demais treinam separadamente.

— Não é uma bagunça. Eu não estou trabalhando com 42, 43 jogadores. Mais de 15 jogadores estão treinando separadamente. Estou aqui para tomar decisões e pensar o que é melhor para nós — disse o jogador.

Dois dos nomes mais badalados que vivem essa situação no Chelsea é o lateral Ben Chilwell e o atacante Raheem Sterling. Ambos ainda têm mais três anos de contrato com o time de Londres, e juntos custaram 106 milhões de euros (R$ 650 milhões na cotação atual) aos cofres da equipe entre 2020 e 2022.

Só nesta temporada o Chelsea gastou quase 1 bilhão e meio em contratações. Para ser mais exato, nos 10 jogos atletas que chegaram, a equipe desembolsou 241 milhões de euros (1,47 bilhão de reais). E, para cada jogador que entra, alguém vai ter que sair. Mas tem todos aceitam a situação com tanta tranquilidade.

Sterling recentemente cobrou clareza do treinador. O atacante ficou bastante incomodado com o fato de ter feito toda a pré-temporada com a equipe, mas ter sido preterido na estreia da Premier League, contra o Manchester City, no último domingo.

Raheem Sterling deve deixar o Chelsea. Foto: Imago
Sterling recebeu do técnico Enzo Maresca a notícia de que não faz parte dos planos do time e deve deixar a equipe ainda nesta janela. Foto: Imago

Apesar das críticas do jogador, Maresca garante que não faltou clareza e honestidade em suas ações, tanto com Sterling quanto com Chilwell.

— Eu disse e posso repetir agora se não ficou claro. Conversei com o Sterling antes do jogo contra o City e falei que ele teria dificuldades para ter minutos conosco e essa foi a razão para estar fora do elenco. Com Chilwell, disse que ela um cara adorável, mas que teria dificuldade pela posição. Para mim, isso não foi brutal, apenas honesto — disse o treinador.

Contratos (muito) longos também são problemas no Chelsea

Além do problema com alguns medalhões, Maresca ainda precisa ligar com a decisão da diretoria executiva da equipe, que tem oferecidos contratos gigantes para boa parte do elenco – Cole Palmer, por exemplo, teve o contrato renovado até 2033.

O problema destes contratos maiores que alguns dos jogadores que assinaram com a equipe não fazem parte dos planos do treinador italiano para a sequência do trabalho.

Novas contratações do Chelsea para a temporada 2024-25

  • João Félix (Atlético de Madrid) – 52 milhões de euros (R$ 317,5 milhões)
  • Pedro Neto (Wolves) – 60 milhões de euros (R$ 360 milhões)
  • Kiernan Dewsbury-Hall (Leicester) – 35,0 milhões de euros (R$ 212 milhões)
  • Filip Jorgensen (Villarreal) – 24,5 milhões de euros (R$ 147 milhões)
  • Omari Kellyman (Aston Villa) – 22,5 milhões de euros (R$ 135 milhões)
  • Aarón Anselmino (Boca Juniors) – 16,5 milhões de euros (R$ 99 milhões)
  • Renato Veiga (Basel) – 14 milhões de euros (R$ 84 milhões)
  • Caleb Wiley (Atlanta) – 10 milhões de euros (R$ 60 milhões)
  • Marc Guiu (Barcelona) – 6 milhões de euros (R$ 36 milhões)
  • Tosin Humphreys (Fulham) – Sem custos

Além disso, contratos maiores também significa salários maiores, além de valores altos em suas respectivas multas rescisórias. Tudo isso acaba gerando mais dificuldade para “se livrar” de algumas dessas peças.

Mas, aparentemente, Maresca também não está muito preocupado com isso.

— Não penso em quantos anos de contrato (o jogador tem), não é meu trabalho. Se tiverem seis anos de contrato e eu não gostar deles, podem ter 20 anos de contrato, eu não ligo. Estou aqui apenas para tomar a decisão correta para o time, nada além disso — garantiu o treinador.

No elenco atual, 17 jogadores têm contratos que terminam de 2030 para cima, incluindo os brasileiros Andrey Santos, Deivid Washington e Estêvão, que se junta a Cole Palmer e Kendry Páez como os três jogadores com contratos até 2033.

Com tantos jogadores, e muitos deles com contratos altíssimos, o certo é que Chelsea e Maresca vão precisar arrumar uma solução mais rápida que o tempo de contrato destes jogadores se não quiser ter mais problemas com o gerenciamento do elenco.

Foto de Márcio Júnior

Márcio JúniorRedator de esportes

Baiano formado pela Faculdade Regional da Bahia. Cobriu de carnaval a Copa do Mundo na TVE Bahia, onde venceu o prêmio de reportagem do mês. Passou pela ALBA, Rádio Educadora, Superesportes e Quinto Quarto antes de se tornar repórter na Trivela.
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