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Electronic Arts abandona FIFA e será EA SPORTS FC, mas mudança não irá além do nome

Edição de 2023 será o encerramento de uma parceria de três décadas; FIFA quer licenciar outros games, além de iniciativas próprias

A novela iniciada em outubro não chegou aos seus capítulos finais, mas agora o roteiro está decidido. A Electronic Arts anunciou nesta terça-feira, dia 10, que sua franquia de games de futebol terá um novo nome a partir de julho de 2023: EA SPORTS FC. Decidida a encerrar a parceria com a principal entidade do futebol, a empresa vai abandonar o título FIFA após o encerramento do ciclo da próxima edição, o FIFA 23.

Em nota oficial publicada em seu site, a EA Sports anunciou o novo título da franquia e o posicionou como “o futuro do Futebol Interactivo”. Assinada pelo diretor geral da produtora, Cam Weber, a nota promete um reinvestimento significativo no simulador de futebol e a entrega do melhor jogo de todos os tempos – este ainda em parceria com a FIFA, na edição 23 que vai contar com conteúdo da Copa do Mundo.

Ainda no material, a produtora adiciona em mais de um trecho que irá manter seus “mais de 300 parceiros de licença” e o “portfólio exclusivo de licenciamento de mais de 17.000 jogadores, mais de 700 equipes, mais de 100 estádios e 30 ligas”. Ainda, depois da parte assinada pelo diretor geral, o site ainda publica declarações de lideranças de Uefa, Conmebol, Nike, Premier League e La Liga, todos reafirmando seu compromisso com a Electronic Arts e seu simulador de futebol.

Imagem divulgada pela EA Sports sobre a nova marca

Como acabou a parceria de maior sucesso dos games de futebol?

Como explicado em material publicado na Trivela em outubro, o principal motivo que fez a Electronic Arts não renovar o acordo publicitário é a bagatela que ela paga à FIFA pelos naming rights e pelo licenciamento das competições controladas pela entidade – na prática, a Copa do Mundo que aparece a cada quatro anos. No âmbito dos eSports, a FIFA chancela as competições da EA como oficiais e o cenário competitivo do título é o considerado como oficial.

Como conta com os direitos dos principais campeonatos do mundo e sindicatos de jogadores, incluindo a FIFPRo, a EA entendeu que atrelar seu produto ao nome FIFA foi muito bom para se consolidar no mercado, mas que hoje não é mais fator essencial e os milhões podem ser reinvestidos no próprio jogo. É com esta crença que, “no próximo ano, EA SPORTS FC se tornará o futuro do futebol da EA SPORTS”, como promete a nota oficial.

Do outro lado da questão, a FIFA rebateu e afirmou que o fim da exclusividade fará bem aos games de futebol. No acordo anterior com a Electronic Arts, a entidade se limitava a utilizar seu nome apenas no simulador de futebol da produtora. Sem ele, é possível negociar outro contrato sem exclusividade e fazer outros acordos comerciais, como vender produtos e conteúdos pontuais para outros sucessos do mercado, tal qual Fortnite e Free Fire.

Mbappé na capa do Fifa 22 (divulgação)

Como fica agora para os dois lados?

A princípio, nada acontece. O ciclo de FIFA 22 deve durar até setembro ou outubro, quando costumeiramente é lançada a edição sucessora e que, desta vez, será a última de Electronic Arts e a maior entidade de futebol do planeta. Com a promessa de que será o melhor jogo de todos os tempos e uma Copa do Mundo a caminho, podemos esperar uma boa temporada para o fandom de futebol digital.

Em julho de 2023, quando terminará a parceria oficialmente, a EA Sports deve lançar o EA SPORTS FC com um modelo muito similar ao que entrega hoje. Não terá as competições da FIFA, essencialmente a Copa do Mundo, apesar de ainda poder licenciá-las, mas contará com todos os modos de jogos, principais competições que já possui em clubes e toda engine que faz com que a franquia seja a de maior sucesso no mercado de games de futebol.

Para o outro, tudo é mais nebuloso. Em resposta ao anúncio da Electronic Arts, a FIFA publicou um comunicado dando pistas de seu futuro e deixando claro que continuará lançando simuladores de futebol com a marca homônima, que a “marca FIFA é a melhor” e que realizará lançamentos de conteúdos de futebol não-simuladores ainda em 2022. Por exemplo, uma experiência gamer relacionada à Copa do Mundo está sendo desenvolvida pela entidade que comanda o esporte.

UFL é promessa de novo jogo de futebol (divulgação)

O novo cenário de games de futebol

Com o desenvolvimento sombrio de Goals! e o prometido lançamento de UFL para o final de 2022, novos players podem surgir em um mercado dominado pela EA Sports. Como sua principal concorrente, a Konami, não conseguiu o impacto esperado com eFootball, a FIFA precisa encontrar uma produtora e uma publisher que consigam manter a franquia como protagonista. Deste momento até julho de 2023, muitos episódios vão acontecer, mas o futuro não parece brilhante para o título e nada deve mudar para EA SPORTS FC.

Fato é que, apesar do predomínio, a EA Sports tem uma comunidade que, em grande parte, engaja com seu produto pela escassez de uma outra experiência à altura. Com eFootball apresentando um novo modelo de negócio gratuito e multiplataforma, a Konami pode chegar – ainda falta muito – em um produto que consiga rivalizar com o protagonista de momento. A FIFA poderia pegar carona em uma das novas iniciativas ou licenciar seu conteúdo em todas, investindo seu nome em outros formatos como a experiência mobile.

Assim como The Last Dance, chegou a hora dos fãs de FIFA se prepararem para a última temporada de um sucesso que completará 30 anos em 2023 e caprichará para deixar uma boa impressão. Depois disso, só as movimentações das novas peças de tabuleiro podem nos mostrar nos próximos meses. A esperança do fandom é que tenhamos uma boa experiência de futebol digital e, se possível, mais de uma empresa conseguindo participar desta festa.

Foto de João Belline

João Belline

Jornalista de formação, louco dos esportes por opção. Depois de muito escalar Cartola, jogar Winning Eleven, escrever escalação dos sonhos no caderno e topar o dedão na rua, falar sobre futebol virou uma necessidade. É mais um leitor que buscou espaço no time da Trivela e entende que futebol está acima do clube.
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