Futebol feminino

‘Máquina de títulos’ e meio ‘louco’: conheça Arthur Elias, novo treinador da seleção feminina

Arthur Elias passou grande parte da carreira como técnico no futebol feminino, e ganhou notoriedade no comando do Corinthians

Com a eliminação do Brasil ainda na fase de grupos da Copa do Mundo Feminina em 2023, um nome pareceu unanimidade entre todos os especialistas da bola. O único nome possível para assumir a Seleção Brasileira Feminina era o de Arthur Elias.

Arthur José Elias Ribas, que completou 42 anos no último dia cinco de agosto, multicampeão pelo Corinthians, é um entendedor nato de futebol. Quando o assunto é futebol feminino, sua trajetória enquanto profissional pode agregar e muito ao cenário do esporte.

Anunciado como novo treinador da Seleção Brasileira Feminina nesta sexta-feira, ele traz no currículo um vasto conhecimento técnico, teórico e prático sobre o rendimento, e o desempenho de jogadoras no futebol. Sua carreira começou em 2006, quando tinha 24 anos. Na época, ele desenvolveu um projeto na USP totalmente voltado para as características das mulheres no futebol.

Ao longo de três anos, o treinador avaliou jogadoras universitárias e atletas profissionais de alto rendimento. Por conta deste projeto, o treinador foi convidado para treinar o seu primeiro clube profissional, o Nacional do Acre.

Passadas duas temporadas, Arthur Elias continuou se destacando, e chamou a atenção do Centro Olímpico, que o convidou para assumir o cargo de supervisor de futebol da Adeco (Associação Desportiva Centro Olímpico). Sua metodologia de trabalho transformou o elenco daquela equipe em um time altamente competitivo.

Os frutos deste intenso trabalho de integração entre categorias de base e profissional rendeu seu 1º fruto no ano de 2013, quando conquistou o Campeonato Brasileiro, batendo o São José na grande decisão.

Arthur Elias e a máquina de ganhar títulos

O cartão de visitas de Arthur Elias no Corinthians, que na época ainda era um clube mantido por meio de uma parceria com o Audax, não demorou a chegar. No seu primeiro ano, ele foi campeão da Copa do Brasil e garantiu vaga na Libertadores 2017.

O trabalho à frente do time feminino do Corinthians criou um legado de profissionalismo, que fez total diferença no cenário do esporte no Brasil. Foi por meio das conquistas do jovem treinador, que cada vez mais reconhecimento foi direcionado para a modalidade, e dessa forma mais investimento e estrutura foi direcionado ao futebol feminino.

Com esta estrutura sendo levantada aos poucos, com muita dedicação e trabalho, Arthur enfileirando taças. Já em 2017, o Timão bateu o Colo-Colo na final da Libertadores, e no ano seguinte, em 2018, o Corinthians levantou o Campeonato Brasileiro. Em 2019, alcançou a incrível sequência de 34 vitórias consecutivas.

Sugestão de Arthur na seleção não é uma novidade

Após a Copa do Mundo Feminina da França, em 2019, e a derrota para as donas da casa nas oitavas de final, muitos colocaram Arthur Elias como substituto natural de Vadão. Mas foi sueca Pia Sundhage a escolhida para assumir o posto de treinadora da Seleção Brasileira Feminina.

Enquanto isso, no Corinthians, o trabalho seguia em alto nível. Em 2021, o clube conquistou a primeira tríplice coroa do futebol feminino brasileiro: Campeonato Brasileiro, Copa Libertadores da América e Campeonato Paulista. Nas três competições, conseguiu o tricampeonato (Campeonato Brasileiro de 2018, 2020 e 2021; Copa Libertadores de 2017, 2019 e 2021; Campeonato Paulista de 2019, 2020 e 2021).

Broncas e jeito “louco” fazem de Arthur Elias um treinador diferenciado

Além de muito estudioso, e atento aos detalhes que muitas vezes são fundamentais para a vitória, Arthur Elias é conhecido por ser um treinador que cobra muito suas atletas. E quem sentiu na pele o lado “mais doido” e cobrador do treinador foi a zagueira Andressa.

A atleta contou em entrevista recente à ESPN que nas quartas de final do Campeonato Brasileiro de 2022, o time corintiano venceu o jogo de ida por 2 x 0 e entrou completamente relaxado na volta, em casa. A postura não agradou o treinador, que aplicou uma bronca no vestiário que jamais foi esquecida pela defensora, eleita Bola de Prata da edição.

Arthur Elias é um vencedor, que tem tudo para chegar longe com a Seleção Brasileira Feminina. Seu jeito de trabalhar e seu modo enérgico de agir, em determinadas ocasiões, talvez seja o que nossas meninas precisem para subir seu patamar em termos internacionais e possam superar o que de errado aconteceu na Austrália e na Nova Zelândia este ano.

Foto de Lucas de Souza

Lucas de SouzaRedator

Lucas de Souza é jornalista formado pela Universidade São Judas em São Paulo. Possui especialização em Marketing Digital pela Digital House, e passagens pelos sites Futebol na Veia e Futebol Interior.
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