O raio caiu duas vezes no mesmo lugar: Bodo/Glimt não foi tão arrasador, mas renovou seu reinado na Noruega
Bodo/Glimt chegou à última rodada precisando só fazer sua parte e manteve a vantagem sobre o Molde

O Campeonato Norueguês vê uma nova dinastia se construir. O Bodo/Glimt, que até 2019 nunca tinha conquistado um título da liga, comemorou o bicampeonato neste domingo. Os aurinegros tinham feito uma campanha histórica para levar o troféu em 2020, com direito a recorde de pontos e tudo. Desta vez, a superioridade não seria tão gritante, mas o time dirigido por Kjetil Knudsen assumiu a liderança na reta decisiva e não largou mais. Por fim, a comemoração se consumou na última rodada: o Glimt derrotou o Mjöndalen por 3 a 0 e sustentou a vantagem de três pontos sobre o Molde, seu principal perseguidor.
Pela maneira como dominou o Campeonato Norueguês de 2020, o Bodo/Glimt era franco favorito ao bicampeonato. No entanto, os aurinegros perderam alguns de seus destaques e precisariam renovar as forças dentro da Eliteserien. Apesar da invencibilidade nas cinco primeiras rodadas, o Raio sofreu três derrotas nos cinco compromissos seguintes e chegou a ocupar o sexto lugar, a cinco pontos do líder Molde – de quem perdeu nesta sequência negativa. Foi somente no final do primeiro turno que os campeões realmente pegaram embalo e ganharam confiança ao bi.
O Bodo/Glimt iniciou sua série positiva a partir de julho, fechando a primeira metade da campanha na segunda colocação. O salto à liderança ocorreu logo no início do segundo turno, diante de um momento de instabilidade do Molde. E a passagem de bastão aconteceu de vez em outubro, no confronto direto fora de casa. Os aurinegros ganharam por 2 a 0, abrindo quatro pontos na liderança. Ainda faltavam mais seis rodadas e alguns empates em excesso ainda impediram o título do Raio por antecipação. Mesmo assim, na última partida, os 3 a 0 sobre o lanterna Mjöndalen bastaram à consumação do bicampeonato.
O Bodo/Glimt fez 18 pontos a menos que em 2020, mas a campanha de 2021 ainda é respeitável. Os aurinegros somaram 18 vitórias em 30 rodadas, com apenas três derrotas – todas no primeiro turno. A partir de julho, o time construiu uma sequência invicta que durou 20 partidas, até o final da campanha. E se o ataque passou longe dos 103 gols da temporada anterior, desta vez com 59 tentos, a defesa se provou mais segura ao ser vazada apenas 25 vezes. Também fez a diferença um rendimento como visitante próximo dos números registrados como mandante.
Treinador do Bodo/Glimt desde 2018, Kjetil Knutsen reforça um pouco mais seu nome para ganhar outras oportunidades. O comandante de 51 anos transformou um clube que tinha acabado de voltar da segunda divisão, para emendar um vice-campeonato e dois títulos. Possui como méritos de seu trabalho não apenas o futebol agressivo, que rendeu frutos também nas competições internacionais, mas também o bom olhar para lançar jovens talentos.
Jens Petter Hauge, Philip Zinckernagel e Kasper Junker foram perdas significativas em relação ao título de 2020, mas outros protagonistas ascenderam. Erik Botheim assumiu o posto de referência ofensiva, muito bem apoiado por Ola Solbakken e por Amahl Pellegrino, um dos contratados para a atual campanha. No meio, Patrick Berg se estabeleceu como um jogador de seleção e repetiu a relevância de 2020, enquanto Ulrik Saltnes ajudou bastante na armação. Hugo Vetlesen, por sua vez, foi a revelação do setor. Fizeram bons papéis também os laterais Alfons Sampsted e Fredrik André Björkan, este já negociado com o Hertha Berlim para a janela de inverno. No gol, Nikita Haikin vem em bom momento.
A empreitada do Bodo/Glimt não deve parar por aí. Os aurinegros se classificaram na segunda colocação de seu grupo na Conference League, depois da histórica goleada por 6 a 1 sobre a Roma. Devem fazer jogos equilibrados contra o Celtic, para saber quem avançará às oitavas de final. Além disso, o título de 2021 também assegura a presença do Raio nas preliminares da Champions League em 2021/22. É uma equipe para se respeitar, pelo potencial dentro da Rota dos Campeões, podendo muito bem alcançar a fase de grupos.
Ainda que os dois títulos do Bodo/Glimt passem longe dos 26 somados pelo Rosenborg como maior campeão norueguês, os aurinegros abrem fronteiras na lista de vencedores. É o clube mais ao norte da Noruega a já levar a taça e representa uma região que, até 1970, era impedida de disputar a elite nacional. Por mais que venha de uma cidade de 52 mil habitantes que convive com o inverno rigoroso, o projeto esportivo já se mostrou bom o suficiente para extrapolar as expectativas. E o Raio não deve parar por aí, com os planos de um moderno estádio e as receitas impulsionadas tanto pelos sucessos europeus quanto pela venda de destaques.
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12.12.21
Foto: @KentEven pic.twitter.com/wdADpUNLy7
— FK Bodø/Glimt (@Glimt) December 13, 2021