Pedido de greve de Rodri ganha apoio de jogadores de Real Madrid e Barcelona
Carvajal e Koundé reforçam discurso de volante do Manchester City por uma possível paralisação do futebol europeu como protesto ao calendário
As mudanças no calendário do futebol mundial, com Champions League e Mundial de Clubes maiores, têm tido um efeito negativo nos jogadores, que se posicionam aos montes nos últimos dias.
Rodri foi quem teve o discurso mais forte ao falar de uma possível greve, e agora o volante do Manchester City recebeu apoio de atletas de Real Madrid e Barcelona.
Sem rodeios, o lateral-direito Daniel Carvajal cravou que há chance de uma paralisação em declarações à Rádio Cope publicada pelo portal Defensa Central.
— Fazer greve é uma possibilidade. Os jogadores não são levados em conta, devemos levantar a voz. — disse o ídolo madridista.
Já Jules Koundé, durante coletiva prévia ao confronto entre Monaco e Barcelona, apontou um alinhamento total com a fala do colega, criticando o maior número de partidas e a completa falta de comunicação com atletas e comissão técnica.
— Concordo com tudo o que ele [Rodri] disse. O calendário fica mais longo a cada ano, temos mais jogos, menos tempo de descanso. Já falamos isso há muito tempo e ninguém presta atenção em nós, os jogadores e os treinadores não são ouvidos. — iniciou Koundé.
O francês continuou e garantiu que uma greve será a “única forma” para que os dirigentes de Uefa, Fifa e federações locais entendam o apelo dos jogadores, mais suscetíveis a lesões com mais partidas a disputar.
— Chegará um momento em que teremos que fazer greve porque é a única forma de quem decide nos compreender. Corremos cada vez mais riscos, há mais lesionados porque há menos tempo para descansar. Agora com o Mundial de Clubes vamos chegar a uns 70 jogos por temporada, o que é uma loucura. — completou Jules.
Koundé não quis criticar diretamente o formato novo da Champions, afirmando que há “vantagens e desvantagens”, mas voltou a tocar no ponto de ter jogos a mais.
Como o calendário ficou maior?
A competição europeia substituiu a tradicional fase de grupos por uma nova fase de liga, agora com 36 times ao invés de 32. Cada clube faz 8 jogos, 2 a mais em comparação ao formato anterior.
E as equipes que ficaram entre o nono e o 24º lugar na tabela ainda vão a um playoff de ida e volta prévio às oitavas de final. Ou seja, mais um par de partidas.
Além disso, também nesta temporada, acontecerá a primeira edição do “Super” Mundial de Clubes, disputado entre junho e julho de 2025 por 32 clubes em um formato igual ao da última Copa do Mundo.
Um exemplo desse sufocamento no calendário é o Real Madrid, que pode alcançar mais de 70 partidas em menos de um ano.
Esse cansaço tem sido cada vez mais comum e vemos os impactos dentro de campo.
O início da temporada atual de jogadores como Lautaro Martínez, Rodri e Julián Álvarez tem sido abaixo claramente por uma questão física, todos com férias menores pela disputa de Copa América ou Eurocopa.
Com o Super Mundial a cada quatro anos, os jogadores de alto nível terão, basicamente, apenas um meio de ano a cada quatro com férias completas, pois nos outros acontece a disputa da Copa do Mundo e os torneios continentais.
As falas de Rodri, Bernardo Silva e Alisson contra o novo calendário
Bernardo Silva, outro do Manchester City, foi o primeiro a abordar o assunto recentemente, criticando a sequência maluca de sete jogos em 22 dias do time inglês
— Quando os jogadores reclamam, as pessoas dizem que não podemos reclamar da vida. Têm razão, estamos realizando um sonho. Isso é justo. Por outro lado, o cronograma está completamente maluco. — disse o português.
Depois veio Rodri e uma forte fala que os jogadores estão próximos de uma grave, reforçando ser uma opinião geral entre os atletas, não apenas dele.
— Acho que estamos próximos disso [uma greve]. Se continuar assim, chegará um momento em que não teremos outra opção. Se você perguntar a qualquer jogador, ele dirá que é uma opinião geral entre os jogadores, não é apenas uma opinião minha. — começou o espanhol.
— Na minha humilde opinião, acho que é demais [jogos]. Nós ou alguém tem que cuidar da gente, porque somos os principais personagens deste esporte, ou negócio, seja lá como queira chamar. Nem tudo é dinheiro ou marketing, é também a qualidade do show. — finalizou.
Já o goleiro brasileiro Alisson não falou em greve, mas bateu em ponto parecido com Koundé: a falta de diálogo com os atletas.
— Para os torcedores, é incrível. Mais jogos, grandes times jogando uns contra os outros. É bom que, como jogador, você esteja jogando contra os melhores. Mas estamos aqui para fazer um trabalho. Às vezes, ninguém pergunta aos jogadores o que eles acham de adicionar mais jogos, então talvez nossa opinião não importe. Todo mundo sabe o que pensamos sobre ter mais jogos. — disse o arqueiro do Liverpool.
A ver se agora com um movimento coordenado dos jogadores algo mudará e haverá mais conversas.
A classe de atletas também precisa entender que, para diminuir o calendário, precisaria acontecer uma diminuição nos salários, mesmo fator aos técnicos.
Ao mesmo tempo, Fifa, Uefa e todas as outras organizadoras deveriam buscar um jogo melhor praticado e de alto nível aos torcedores e fãs de futebol, o que não é possível se os principais craques estiverem lesionados pelo calendário inchado.