‘Apaixonados como brasileiros’: atacante conta como a torcida da Turquia vive a Eurocopa
Brasileiro Davidson, do clube turco Başakşehir, detalha à Trivela a repercussão da competição no país transcontinental com a campanha

Apesar das grandes expectativas que a sensação Áustria deixou na fase de grupos da Eurocopa 2024, quem se sobressaiu nas oitavas de final foi a Turquia, agora nas quartas da competição.
O duelo decisivo acontece neste sábado (6), a partir das 16h (horário de Brasília), contra a Holanda. Se passar, enfrenta Suíça ou Inglaterra, que jogam mais cedo.
Os turcos, como vistos nos quatro jogos até aqui, tem dado um show nas arquibancadas e marcam enorme presença nas arenas pela forte comunidade na Alemanha.
Se o clima é bom no território alemão, imagina como estão as ruas de Istambul, Trebizonda e outras cidades da Turquia ao estar entre as oito melhores seleções da Europa, melhor campanha desde que alcançou a semifinal da Euro 2008.
Acompanhando esse fenômeno de perto, o atacante brasileiro Davidson, hoje no Başakşehir, contou em entrevista exclusiva à Trivela como estão os turcos pela campanha surpresa na competição europeia.
– Você não tem noção de como a torcida turca está nas ruas, nas redes sociais, essas coisas todas. A felicidade e como eles estão honrados de ver que a seleção da Turquia está nas quartas de final da Euro. Para eles é um feito muito importante. – detalhou o jogador.
Davidson fala com conhecimento do futebol e da torcida local: além de defender o clube atual desde fevereiro, jogou pelo Alanyaspor entre 2020 e 2022.
Segundo o ex-Fortaleza, o amor dos fãs da Turquia é parecido com o público do Brasil e os leva a viajar pelo continente para apoiar a seleção local.
Para mim, o povo turco é o que mais parece com o brasileiro. Os caras são apaixonados por futebol. É muito louco. Tem turco pra caramba pela Europa e eles são tão apaixonados que eles pegam os carros e vão pra Alemanha para assistir o jogo da Eurocopa, além dos que já estão lá emigrados. É uma coisa bonita de se ver aqui.
Questionado sobre as diferenças entre os torcedores brasileiros e os turcos, Davidson entende que no país transcontinental há mais apoio, também justificado pelas diferenças entre o tamanho das seleções.
Eles são realmente tipo um 12º jogador, ficam apoiando. Essa é a diferença com o Brasil, que você vê muita gente que focada em julgar, apesar de outros também torcendo muito. Não é que aqui na Turquia eles não critiquem, mas apoiam muito mais do reclamam.

Por clubes, Davidson também vê a paixão dos turcos
Por defender uma equipe com menos torcedores em Istabul comparado aos gigantes da cidade, Galatasaray, Fenerbahçe e Besiktas, o brasileiro já sentiu muito essa pressão dos fãs rivais, apesar de tratar como algo bom.
A massa associativa dos três clubes grandes são enormes. Você vai jogar contra Galatasaray, Fenerbahçe ou Besiktas e vai ter 50, 60 mil torcedores no estádio, o tempo todo cantando. É uma pressão, mas é gostoso de jogar, é bom demais jogar em estádio lotado. Todos os três tem torcida muito presentes, que jogam juntos, mas acho que a do Galatasaray mete mais pressão.
E apesar dessa pressão das arquibancadas, o atacante se saiu bem nos poucos meses que pôde jogar da temporada turca em 2023/24.
Mesmo vindo do futebol chinês, rapidamente se adaptou, tomou conta da ponta esquerda e marcou quatro gols nos últimos quatro jogos, sendo essencial para classificação do time à Conference League 2024/25.
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Atacante quase fechou com Botafogo e ficou frustrado com desfecho
Antes de fechar com o Başakşehir, Davidson recebeu propostas do Botafogo, que o tentou contratar em três janelas consecutivas.
O clube do atacante à época, o chinês Wuhan Three Towns, fez jogo duro e evitou o negócio.
Fiquei um pouco frustrado do negócio com o Botafogo não ter dado certo porque da última vez estava tudo encaminhado e não fechamos por causa do clube. Eu já tinha trabalhado com o Luis Castro [então técnico do Botafogo] duas vezes em Portugal. Eu queria voltar e estaria em casa, sou nascido no Rio de Janeiro.

O atacante tem contrato até 2025 com a equipe turca e ainda não há nada confirmado. Apesar de sonhar em jogar a elite do Campeonato Brasileiro pela primeira vez, ele e a família gostam da Turquia.
– Eu procuro trabalhar bastante para ter longevidade. Eu tenho contrato aqui até junho de 25 e não sei o que Deus está preparando. Claro que se eu voltasse ao Brasil ia ficar muito feliz porque eu não consegui nem jogar o Brasileirão. – finalizou.