Brasil

Richarlison inicia terapia após desabafo e volta à Seleção Brasileira em alta para desencantar

Atacante faz sessões de psicoterapia e tenta voltar a marcar pela Seleção Brasileira depois de retomar boa fase pelo Tottenham

Richarlison deixava o Estádio Nacional, em Lima, a passos lentos, quando parou para conceder uma última entrevista na zona mista improvisada à porta do vestiário da Seleção. Ali, o atacante usou a sua sinceridade característica não para arrancar as risadas habituais, mas para fazer um desabafo que ecoa até hoje. O camisa 9 expôs problemas pessoais e disse que buscaria ajuda psicológica.

A cena descrita acima ocorreu em 12 de setembro, logo após a vitória por 1 a 0 do Brasil sobre o Peru. Richarlison vivia momento conturbado em campo e na vida: faltavam gols em campo e sobravam incômodos longe dos gramados, dentro de sua própria casa.

Menos de um mês mais tarde, Richarlison volta à Seleção disposto a encerrar um jejum com a camisa 9 verde e amarela. O retorno ocorre em um novo momento de vida e também na carreira pelo Tottenham. Desde o desabafo, o atacante passou a fazer sessões de psicoterapia. Em campo, são dias de boa fase pelos Spurs, na liderança da Premier League.

O esperançoso novo momento de Richarlison

Richarlison vem de boas atuações pelo Tottenham, mas tudo começa bem distante dos gramados ingleses. O atacante buscou ajuda, como havia prometido, e passou a ter maior cuidado com sua saúde mental. A Trivela ouviu de pessoas próximas ao atleta que o pior momento foi logo no início do ano e já passou. A busca por tratamento partiu do próprio jogador e não teve indicação ou conversa com Fernando Diniz, psicólogo de formação.

O atacante sentiu muito a eliminação da Seleção para a Croácia na Copa do Mundo de 2022, especialmente por não ter marcado gols nos momentos decisivos do Mundial. Mas o período conturbado vem desde antes do Mundial. No ano passado, Richarlison havia cortado relações com Renato Velasco, empresário que o acompanhava e agenciava desde o início da carreira.

Após a Copa, vieram mais cinco jogos pela Seleção e nenhum gol marcado. A pressão para marcar só aumentava durante quatro meses em que ele marcou apenas um gol pelo Tottenham. Mas tudo isso – as dificuldades dentro e fora de campo começa a ser superado. Com o tratamento, claro. Mas também com o abraço e o carinho de amigos, familiares e colegas de Seleção e o clube.

“Tenho muito orgulho de vestir a camisa 9, mas agora eu sei o peso que o Ronaldo carregava e que outros grandes jogadores que vestiram a camisa carregavam. Porque quando você veste o número 9, a expectativa de que você faça gols sempre é enorme. Cada vez que você joga, você tem que dar o seu melhor, tem que tentar marcar, porque é uma camisa pesada de vestir”. (Richarlison, ao Olympic Channel)

No Tottenham, o momento é o melhor em muito, muito tempo. Desde a última Data Fifa, Richarlison atuou em quatro jogos. Fez um gol e deu duas assistências – uma delas, na vitória por 2 a 1 sobre o Liverpool. Suficiente para reconquistar a titularidade e a confiança do técnico Ange Postecoglou.

Richarlison pelos Spurs desde a última Data Fifa

  • 4 jogos (2 como titular)
  • 1 gol marcado
  • 2 assistências

Abraçado pela Seleção, Pombo quer encerrar jejum

Richarlison deixou o Estádio Nacional de ânimo renovado com a vitória sobre o Peru, na última Data Fifa, mesmo após ter visto o que seria um gol tão importante para a sua carreira (e sua vida) ter sido anulado pelo VAR. O árbitro demorou longos seis minutos até invalidar a jogada.

A atuação em solo peruano foi uma espécie de retomada por tudo o que ele viveu na partida anterior, a goleada por  5 a 1 sobre a Bolívia, em Belém. O camisa 9 deixou o campo abatido e chorou no banco de reservas após ser substituído por Matheus Cunha aos 24 do segundo tempo. Lágrimas que não tiveram a ver com a substituição, em si, mas com a bola que teimava a quase nunca entrar há meses. Ele teve duas grandes chances durante o jogo, mas parou no goleiro rival.

Na Seleção, aliás, Richarlison segue com respaldo. As lágrimas foram seguidas de uma onda de carinho e apoio para que um jogador tão conhecido por seu carisma voltasse a sorrir. Os companheiros e o técnico Fernando Diniz o abraçaram no vestiário do Mangueirão. O treinador, aliás, ainda banca o camisa 9 no time e saiu em defesa do jogador assim que votou pés em Cuiabá, no último domingo (8).

– O Richarlison jogou mal? A gente não para para pensar. Ele teve chances, mas a bola não entrou. Ele não jogou mal em nenhum dos dois jogos. Ele jogou bem. Contribui na marcação, acertou a maioria das paredes e tabelas, mas não teve felicidade de fazer gol. Ele teve participações que justificam a convocação. No Tottenham ele também está melhorando – defendeu Diniz.

Richarlison teve gol anulado pelo VAR na vitória sobre o Peru (Foto: Vitor Silva/CBF)

Bancado por Diniz, Richarlison deve seguir como titular da Seleção nos jogos contra Venezuela e Uruguai. Ele tem a missão de encerrar um jejum de cinco jogos pelo Brasil. O centroavante ainda não marcou desde a Copa do Mundo de 2022.

O seu último gol foi na vitória por 4 a 1 sobre a Coreia do Sul, nas oitavas de final do Mundial. Depois, ele passou em branco nos dois amistosos contra Senegal e Guiné e nos dois jogos com Fernando Diniz já pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.

Quando joga a Seleção

A Seleção enfrenta a Venezuela em 12 de outubro, às 21h30 (horário de Brasília), na Arena Pantanal, em Cuiabá, pela terceira rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Depois, no dia 17, o adversário será o Uruguai, no Estádio Centenário, em Montevidéu. O Brasil lidera as Eliminatórias com seis pontos e 100% de aproveitamento nos dois primeiros jogos.

Foto de Eduardo Deconto

Eduardo Deconto

Eduardo Deconto nasceu em Porto Alegre (RS) e se formou em Jornalismo na PUCRS. Antes de escrever para a Trivela, passou por ge.globo e RBS TV.
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