Defesa do São Paulo foi tão bem, que deve transformar Beraldo em maior venda de um zagueiro no Brasil

O São Paulo se dá ao luxo de recusar uma proposta de 18 milhões de euros (cerca de R$ 95 milhões) do Zenit por Lucas Beraldo. Faz isso, porque sabe que pode receber ainda mais pelo jovem de 20 anos, prestes a se transformar na maior venda de um zagueiro da história do futebol brasileiro. Não há evidência maior do que essas cifras estratosféricas, de mais de R$ 100 milhões, para comprovar que o 2023 da defesa são-paulina foi de dar inveja aos adversários. Ou à maioria deles: o Tricolor encerrou a temporada com o terceiro melhor retrospecto defensivo entre os 20 clubes da Série A.

A equipe sofreu 58 gols em 71 jogos em todas as competições no ano, com uma média de 0,81 por partida. Ficou atrás apenas do Palmeiras, campeão brasileiro, com uma média de 0,78 gol por partida, e do Atlético-MG, que teve uma média de 0,81 gol sofrido por jogo. O São Paulo conseguiu sustentar o bom desempenho de sua defesa até mesmo no Brasileirão, deixado de lado pelo clube diante das copas. Dorival Júnior preservou forças e usou reservas em muitas rodadas. E ainda assim, o Tricolor conseguiu sustentar a sexta melhor defesa do Campeonato Brasileiro, com 38 gols sofridos.

Defesa do São Paulo em 2023

• 71 jogos
• 58 gols sofridos
• média de 0,81 gol sofrido/partida
• 3ª melhor defesa entre os 20 times da Série A

A defesa foi, claro, um dos pilares da conquista do título inédito da Copa do Brasil. O São Paulo sofreu apenas sete gols em dez jogos na competição, com uma média de 0,7 gol por partida. Até quando o sistema defensivo oscilou, Rafael foi quem salvou a pátria. Aconteceu na derrota por 3 a 1 para o Sport, nas oitavas de final, quando o goleiro garantiu a classificação nos pênaltis.

Agora, nenhuma outra competição evidencia a fortaleza defensiva quanto a Sul-Americana. O São Paulo encerrou a primeira fase sem sofrer um gol sequer em seis jogos. Ao todo, foram apenas três gols sofridos em um total de dez partidas, até a eliminação para a LDU nos pênaltis. No Paulistão, bons números novamente: a equipe foi vazada apenas dez vezes em 13 confrontos.

Esses foram os pontos fortes da defesa do São Paulo

Uma equipe que consegue manter tamanha solidez defensiva ao longo de toda uma temporada graças ao bom funcionamento coletivo. Não foi diferente no caso do São Paulo, um time seguro tanto sob o comando de Rogério Ceni quanto de Dorival. É só em um sistema muito bem encaixado que as individualidades costumam sobressair. E no Tricolor de 2023, elas de fato sobressaíram.

Rafael se consolidou como melhor goleiro desde Rogério Ceni e encerrou o ano com 32 jogos sem sofrer gols – a quarta maior marca na história do clube. Capitão do título da Copa do Brasil, Rafinha se eternizou no rol de ídolos do São Pauli, ao lado de Arboleda, atleta com mais tempo de casa no elenco atual. Sem falar de Beraldo, que foi de opção remota no grupo a titular absoluto – e está prestes a virar o zagueiro mais caro do Brasil.

? E a primeira temporada de Rafael pelo Tricolor terminou com mais um jogo sem sofrer gol.

O goleiro não foi vazado em 32 de suas 66 partidas. Só em cinco temporadas um goleiro do clube atingiu marca superior: Waldir Peres ficou 41 jogos sem ser vazado em 1975 e 32 em 1974 e… pic.twitter.com/eYscrGh9Tg

— São Paulo FC (@SaoPauloFC) December 7, 2023

Esses foram os pontos fracos da defesa do São Paulo

Diante de números tão bons e de protagonistas tão evidentes, a defesa do São Paulo sofreu sempre que não pôde contar com o se quinteto considerado ideal – desde Rafael até Caio Paulista. E ninguém evidencia melhor esta afirmação do que Arboleda. Mesmo que a temporada tenha positiva, fica claro que isso só foi possível graças ao zagueiro equatoriano.

As estatísticas que tanto ilustram esta matéria estão aí para provar. O São Paulo dependeu de Arboleda ao longo do ano e precisa encontrar a solidez defensiva mesmo quando ele é desfalque. Em 2023, o equatoriano atuou em 42 jogos, com um total de 25 gols sofridos – média de 0,59 por partida. Na ausência do zagueiro, o Tricolor sofreu mais gols em menos partidas. Foram 33 gols em 29 jogos, com média de 1,13.

Fator Arboleda

• São Paulo com Arboleda: 25 gols sofridos em 42 jogos – média de 0,59 por partida
• São Paulo sem Arboleda: 33 gols sofridos em 29 jogos – média de 1,12 por partida

O que esperar da defesa do São Paulo em 2024

O São Paulo inicia 2024 com um sistema defensivo consolidado. Há titulares definidos para todas as posições e uma mecânica de jogo enraizada por todos. E mesmo assim, o clube precisa ficar atento a dois pontos essenciais para não deixar o nível cair. O mais urgente deles é buscar uma reposição para Beraldo. E aqui, não estamos falando de esperar a venda iminente do zagueiro para ir ao mercado.

O próprio Dorival Júnior já afirmou em entrevista coletiva que o Tricolor deve planejar suas saídas. Ou seja: se antecipar a um negócio que hoje parece certo e já ampliar as opções do elenco no setor. Ao menos, há um trunfo para o começo do ano. O antigo titular Ferraresi está recuperado e fica à disposição desde o início do ano. A zaga começa bem servida por cinco opções – há ainda Arboleda, Diego Costa e Alan franco.

O clube também acompanhar de perto a situação da lateral direita, mesmo que o início do ano também indique opções de sobra para Dorival. Igor Vinicius enfim estará recuperado de lesão, e Moreira será o terceiro da posição. A questão é que o titular, Rafinha, renovou por mais um anos, mas cogita encerrar a carreira até antes disso. E Nathan Mendes e Raí Ramos devem ser negociados. Ou seja: pode-se ir da fartura à escassez.