Brasil

Importante em conquistas do Palmeiras, Mancha muda perfil após proibição e prisões

Torcida uniformizada do Verdão diminuiu o apoio incondicional que dava à equipe havia anos

Chegou a 12 o número de presos por conta da emboscada à Máfia Azul, torcida uniformizada do Cruzeiro, perpetrada por membros da Mancha Verde, do Palmeiras.

Por meio de uma nota oficial, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) informou ter realizado dez prisões na manhã desta terça-feira (3).

Segundo o UOL, que primeiro veiculou a informação, confirmada pela Trivela, os mandados de prisão e buscas foram efetuados na capital paulista, além de Osasco, Carapicuíba, Santana de Parnaíba, Franco da Rocha e Bragança Paulista.

As identidades dos presos não foram divulgadas pelas autoridades. Ainda não há informações sobre o paradeiro do presidente da organizada, Jorge Luis Sampaio.

O ponto é que Jorge e outras lideranças não estão mais no dia-a-dia da Mancha. E isso vem tendo efeitos diretos na atuação da organizada, que mudou sua maneira de se portar no estádio.

Vale lembrar que a uniformizada está formalmente proibida de frequentar estádios no Estado de São Paulo. Mas seus membros continuam indo aos jogos — inclusive identificados com uma camisa que não faz alusão direta à Mancha, mas uniformiza seus membros.

Há no momento um vácuo de direcionamento dentro da Mancha. E, por conta disso, existem opiniões bem dissonantes dentro da torcida acerca do comportamento da instituição.

Jogadores do Palmeiras e Abel não recebem mais gritos de apoio

Muito importante nos últimos anos e parceira do time de futebol, mesmo sendo rompida com a presidente Leila Pereira, a Mancha largou um pouco a mão da equipe nesta reta final de Campeonato Brasileiro — embora o time ainda tenha chance de conquista.

Desde a derrota para o Corinthians em Itaquera (0 a 2), há quatro rodadas, a organizada não canta mais o nome dos jogadores e do técnico Abel Ferreira antes dos jogos — postura historicamente adotada sempre que há protesto contra o time.

Na derrota para o Botafogo (1 a 3), na última rodada, a Mancha também chamou Abel de “burro”, quando Estêvão saiu para a entrada de Gabriel Menino — a mudança foi motivada por um pedido de Estêvão.

Rapidamente, o protesto foi abafado pelo restante do estádio. Mas o grito ecoou e marcou uma ruptura entre a organizada e o time. Há muito que a Mancha não se voltava contra a equipe com a bola rolando.

Abel tinha música especial

Abel Ferreira sempre foi saudado pela Mancha, que fez mosaicos em sua homenagem, como na final do Campeonato Paulista desse ano, e criou músicas inspiradas por ele.

“Cabeça fria/ coração quente/ Abel Ferreira é palmeirense como a gente” é o canto com o qual a Mancha passou a receber o técnico desde 2022.

Nenhum outro treinador do Palmeiras teve uma música personalizada nos últimos 20 anos.

O último treinador a ter um cântico específico foi Felipão, em 1999, quando a torcida cantava “Fica Felipão/ No fim do ano/ Nós vamos pro Japão”, em alusão ao Mundial de Clubes perdido naquela temporada.

“Vamos pra cima, Porco/ Hoje eu vim te apoiar/ Sair vencedor/ Lutem sem parar” foi outro canto desenvolvido pela organizada por conta de Abel, que pediu a criação de um grito para empurrar o time, em caso de necessidade de virar os placares dos jogos.

Mancha vinha tendo atuação destacada

A Mancha Verde teve participação importante em conquistas recentes do Palmeiras, a começar pelos mosaicos frequentes na maioria dos jogos importantes no Allianz Parque.

Na conquista da Copa Libertadores de 2021, esteve em Montevidéu semanas antes da final contra o Flamengo para conhecer o Estádio Centenário e pensar em estratégias mais eficazes para se fazer ouvir no estádio.

Em 2022, chegou a receber um prêmio do Emir de Abu Dhabi por sua destacada atuação no Mundial de Clubes disputado nos Emirados Árabes, em fevereiro daquele ano.

Já em 2023, cessou todo tipo de protesto contra Leila Pereira depois que o time engrenou na reta final da competição.

E recebeu e perdoou Breno Lopes após o jogador mostrar o dedo do meio na direção da torcida ao fazer o gol que deu ao Palmeiras uma importante vitória sobre o Goiás, na reta final do Campeonato Brasileiro que o clube viria a ganhar.

Mas, neste ano, decidiu emboscar um ônibus da Máfia Azul, em vingança a um ataque ocorrido em 2022. E tudo se desfez.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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