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Como Milito transformou Scarpa de improdutivo em goleador no Atlético-MG

Scarpa ganhou confiança com Milito, que o dá mais liberdade no ataque, e soma um show de participações em gols

Gustavo Scarpa foi a principal contratação do Atlético-MG para a temporada 2024. Chegou ao clube com muita expectativa, principalmente pelo que fez no Palmeiras em 2022, quando eleito o melhor jogador do país recheado de contribuições para gols. Mas o início da caminhada dele no Galo foi complicada e bem improdutiva, até Gabriel Milito chegar e mudar essa trajetória, potencializando ele e o transformando em um goleador.

Scarpa chegou ao Atlético para ser comandado por Felipão, com quem ele já tinha trabalhado no Palmeiras há alguns anos. No entanto, esse encaixe não deu muito certo. O jogador, que teve um ano na Europa bem longe do esperado, teve um início no Galo parecido. Atuações ruins e nenhuma participação a gol marcaram o início da trajetória dele no Alvinegro.

É verdade que Felipão o escalava muitas vezes para atuar pela esquerda, sendo que ele sempre se destacou mais pela direita. Para pior, independente da posição, ele sempre estava longe do gol, e era chamado de “assistente de lateral” pela torcida, que criticava Scolari por isso.

Mas as coisas mudaram quando Felipão caiu e Gabriel Milito chegou. Com o treinador argentino, Scarpa não demorou a engrenar. Marcou seu primeiro gol logo na final do Mineiro contra o Cruzeiro, sacramentando o título atleticano e, desde então, retomou a confiança e assumiu a titularidade da ala direita com um show de participações em gol.

Ao todo, desde que Milito chegou, Scarpa soma cinco gols e duas assistências em oito jogos (sendo que em quatro ele foi reserva). Desde a citada final do Mineiro, quando desencantou, só não participou de gol contra o Corinthians, e mesmo assim porque Cássio fez um milagre em uma cobrança de falta.

Como Milito ressuscitou Scarpa

O número alto de participações em gols não é novidade para Scarpa em sua carreira, mas, nos últimos anos no Palmeiras, ele ficou muito mais marcado por ser o rei das assistências. No entanto, no Galo, ele tem sido um artilheiro, e a explicação para isso é o estilo de jogo de Milito, que deixa o jogador mais próximo de finalizar as jogadas.

Como Milito explicou após o passeio do Atlético contra o Cruzeiro, em que Scarpa contribuiu com duas assistências, o time dele tem um jogo posicional e que foca na amplitude, ou seja, ocupar todo o campo. Nos outros jogos já dava para ver isso, mas ficou cristalino no clássico. Isso porque Scarpa foi a mina de ouro do Galo, sempre aparecendo livre para criar ou finalizar jogadas.

A explicação para essa liberdade que Scarpa (e Arana) têm, é justamente a amplitude. Quando a bola está na esquerda, por exemplo, Scarpa segue aberto na direita, enquanto um meia se apresenta mais pelo centro, fazendo com que o Atlético ocupe mais espaços no ataque. Dessa forma, quando a bola gira e vai para a direita, o camisa 6 do Galo tem mais liberdade para fazer o que quiser com a bola.

Foi assim que Gustavo Scarpa ressurgiu no Atlético, ganhando mais liberdade no ataque. E ele não perdeu suas obrigações defensivas. Segue tendo que ajudar a recompor o time pela direita, mas com uma liberdade muito maior para atacar do que tinha com Felipão.

— Scarpa é um jogador muito importante para nós. Nessa posição pela direita, nos dá muitas soluções, gols e assistências. Estou muito feliz com o rendimento dele. Está nos ajudando muito e nos ajudou muito desde que começou a ser titular. É um jogador que, há duas temporadas, foi o melhor do Brasil. É um privilégio poder contar com ele — destacou Gabriel Milito.

Gols deixam claro como o estilo ajuda Scarpa

Os gols marcados por Scarpa deixam bem claro como essa formação e estilo de jogo de Milito fazem com que ele fique mais livre. Com exceção do primeiro que marcou, que foi em um contra-ataque nos minutos finais do jogo, todos os outros foram praticamente idênticos: ele recebeu livre na direita e bateu de esquerda no canto oposto.

Em alguns gols, ele precisou dominar e levar a bola mais para o centro, mas conseguiu fazer isso justamente porque tinha mais espaço e estava no 1 contra 1 contra um marcador. Em outros, a bola chegou “no jeito” e ele só bateu de primeira, como nos dois gols contra o Peñarol nesta terça-feira (23).

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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