Brasil

A geração 2019 do Flamengo vai sumindo pouco a pouco e a torcida terá de se acostumar a isso

Filipe Luís e Rodrigo Caio estão se despedindo do Flamengo e, agora, restam poucos remanescentes do time de 2019 que encantou a América

Filipe Luís e Rodrigo Caio, símbolos de diversos times campeões do Flamengo ao longo de cinco temporadas no clube, fizeram seu último jogo no Maracanã neste domingo (03), diante do Cuiabá. Ambos não terão o contrato renovado pelo clube ao fim do ano e, enquanto o zagueiro procurará novos ares, o lateral se aposentará do futebol. A saída, sem dúvida, será um baque para os rubro-negros.

O choque de realidade não está apenas no aspecto do campo e bola, no qual o Flamengo perderá dois grandes jogadores, mesmo já passados dos seus respectivos auges, e seres humanos de caráteres íntegros. As saídas significam, também, mais um capítulo no desmache do time de 2019, que encantou o Brasil e a América, deixando os rubro-negros em êxtase. Essa geração está chegando ao fim.

Defesa esvaziada com saídas de Filipe e Rodrigo

Sem Rodrigo Caio e Filipe Luís, o Flamengo não terá mais nenhum membro da defesa que venceu a Libertadores e o Campeonato Brasileiro em 2019. Além da dupla, Pablo Marí deixou o Ninho do Urubu no ano seguinte para defender o Arsenal, da Inglaterra, e gerou grandes lucros ao clube. Rafinha foi outro que saiu em 2020, depois de receber proposta vantajosa do Olympiacos, da Grécia.

Pablo Marí foi o primeiro a deixar o clube em busca de novos desafios (Foto: Divulgação/Flamengo)

Diego Alves, pilar daquele Flamengo vencedor, deixou o clube no ano passado, nos mesmos moldes de Rodrigo Caio, ainda com vontade de jogar, mas sem ter o contrato renovado. O recorte destaca apenas os titulares, mas é importante frisar que até mesmo os reservas, alguns fundamentais no revezamento de Jorge Jesus, também já saíram.

Rodinei, por exemplo, foi para o Internacional, voltou, ganhou mais uma Libertadores e, atualmente, está voando no futebol grego. Matheus Thuler foi jogar no Japão. João Lucas, Rhodolfo e Gabriel Batista são outros nomes que também já não integram mais o elenco do Flamengo. A renovação, queira o torcedor ou não, acontece de maneira natural

Resta apenas o quarteto mágico

Antes de mais nada, esse era o time base do Flamengo campeão de praticamente tudo em 2019: Diego Alves, Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís; Willian Arão, Gerson, Everton Ribeiro e Arrascaeta; Bruno Henrique e Gabigol.

O emblemático time do Flamengo que entrou em campo na final do Mundial de Clubes (Foto: Alexandre Vidal/CRF)

Dessa forma, observando o elenco atual, restam apenas quatro atletas que são, justamente, o quarteto mágico do ataque que encantou a América. Everton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol seguem fazendo história pelo Flamengo e, inclusive, não devem deixar o clube nos próximos anos, com exceção do camisa 7, que vive situação indefinida.

O contrato de Everton Ribeiro termina no fim do ano e, mesmo que Flamengo e jogador tenham interesse na renovação, as partes ainda não chegaram a um acordo. Bruno Henrique tinha a situação nos mesmos moldes, mas teve prioridade no momento de costurar o novo vínculo por conta da procura de gigantes do futebol brasileiro, como Palmeiras e Grêmio.

Gabigol, com contrato até o fim do ano que vem, também tem renovação costurada, algo que deve ser anunciado quando o Campeonato Brasileiro terminar. Arrascaeta está vinculado ao Flamengo até 2026 e, dos quatro, é o que possui menos chances de deixar o clube.

É crucial citar que a situação de Gerson é diferente do quarteto. O Coringa deixou o Flamengo em 2021 para retornar à Europa e, mesmo que tenha sido repatriado nesta temporada, não permaneceu no Rubro-Negro para contar a história de outros títulos, como a Libertadores e a Copa do Brasil no ano passado. Não dá para contar como um remanescente.

Reformulação no Flamengo será importantíssima

A memória afetiva dos títulos de 2019, que quebraram um período sem glórias, de reformulação e fracassos, ainda é muito latente na cabeça do torcedor do Flamengo. É inegável que foi importante, mas, passados quatro anos, o clube se encontra em situação muito diferente. Por isso os choques de realidade, embora incômodos, são cruciais para que o Rubro-Negro se mantenha como protagonista no futebol brasileiro.

As saídas de Rodrigo Caio e Filipe Luís certamente serão repostas no futuro e, como o próprio lateral disse, em coletiva depois da vitória sobre o Cuiabá, será o melhor para o Flamengo. A confiança na sequência, com novos atletas, é o que pode manter o clube o colosso que se tornou nos últimos anos, com praticamente todos os títulos possíveis no currículo, à exceção do Mundial de Clubes da Fifa.

A janela será agitada e promete mais saídas. Quem ficar terá a responsabilidade de representar uma torcida enorme e apaixonada, e uma camisa repleta de glórias. É assim que o ciclo se perpetua em todos os clubes. Nem tudo é para sempre, por mais maravilhoso que seja. Aos campeões de 2019, que ainda estão frescos na mente da Nação, ficarão os agradecimentos.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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