Protesto mostra que Gaviões da Fiel soltaram a mão de Augusto Melo
Principal organizada do Timão fez duras críticas e cobranças ao presidente corintiano

“Acabou a farra ou a guerra começou”. Essa foi uma das dezenas de músicas cantadas pelos membros da Gaviões da Fiel, principal torcida organizada do Corinthians, na noite desta sexta-feira (21), na frente do Parque São Jorge.
O protesto marca a ruptura total do grupo com o presidente Augusto Melo, principal alvo das cobranças. A uniformizada demonstrou público apoio ao atual mandatário na eleição que aconteceu no fim de 2023.
Agora, o discurso do coletivo é de fechamento total com o Timão e insatisfação com as brigas políticas que estão assolando o clube, principalmente desde o início desta temporada.
– Não estou falando que a Gaviões da Fiel apoia o Augusto Melo, a gente apoia o Corinthians, mas estamos tendo um cuidado grande de ficar em cima da oposição e da situação. Tem uma briga política interna muito grande e a massa não pode ser refém desses grupos políticos, ter uma noite feliz ou triste, porque eles estão determinando isso. Ultimamente, o torcedor corintiano não tem um momento de alegria. Eles exterminaram o corintiano folgado, que falava que seria 5 a 0. Eles simplesmente acabaram com isso. A nossa ideia é ficar em cima da situação, oposição, porque tudo isso reflete em campo.
Alexandre Domênico Pereira, conhecido com Alê, presidente da Gaviões.
Antes, na quinta-feira (20), cerca de 30 torcedores de outra organizada, a Camisa 12, invadiram a sede social corintiana, e também falaram em tom duro com Augusto e outros diretores.
Os protestos acontecem em um momento ruim do Timão em campo. A equipe não vence há quatro partidas e ocupa a zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro após 10 rodadas disputadas.
Porém, o clube do Parque São Jorge também possui inúmeros problemas fora das quatro linhas, com denúncias e investigações sobre possíveis irregularidades, como o contrato de patrocínio máster da instituição com a VaideBet, empresa de apostas esportivas.
Protesto forte, mas sem violência
A concentração de torcedores organizados na porta do Parque São Jorge começou por volta das 19h, próximo do horário marcado para o início do protesto: 19h10. Centenas de torcedores estiveram presentes com faixas e bandeiras criticando a gestão corintiana.
Também foram entoados muitos gritos em xingamentos a Augusto Melo, o classificando como omisso e cobrando o cumprimento de promessas feitas durante a campanha eleitoral.
Primeiramente, alguns diretores da uniformizada conversaram com o mandatário corintiano na parte interna do Parque São Jorge, mas pediram para que ele desse satisfações públicas a todos que estavam na porta da sede social do Timão, o que aconteceu.
As principais reivindicações da organizada foram:
- O aumento no nível da competitividade do elenco — foi questionado o trabalho do técnico António Oliveira;
- Que promessas feitas na campanha de maior profissionalização no clube sejam cumpridas;
- O motivo para debandada de diretores e a manutenção dos que permaneceram;
- O acerto de um novo patrocinador máster e o preenchimento de alguns espaços no uniforme corintiano que ainda estão vagos;
- O acerto dos direitos de transmissão nos próximos três anos;
- A responsabilização de possíveis envolvidos em irregularidades no contrato com a “Vai de Bet”.
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Gaviões é contra SAF
Presidente da Gaviões, Alê também deixou claro que os problemas internos do Corinthians não farão com que a organizada seja favorável à chegada de uma SAF para organizar o clube.
Os Gaviões da Fiel é totalmente contra SAF. Time do Povo não tem dono, jamais terá dono. Se alguém tá pensando que toda essa bagunça interna na política lá dentro vai resultar em uma SAF, os Gaviões da Fiel, que são os guardiões do Corinthians, jamais vão deixar isso acontecer. Estamos preparados para tudo.
Ainda que a segurança do Corinthians tivesse se precavido, acionando reforço policial, não houve registros de violência ou insubordinações durante o protesto.
O que Augusto Melo falou para os membros da Gaviões?
Durante a manhã e o início da tarde, Augusto Melo cogitou não comparecer ao Parque São Jorge, mas mudou de ideia ao longo do dia.
O intuito do presidente era eleger algumas lideranças da Gaviões para conversar com ele na parte interna da sede social, o que chegou a acontecer.
Porém, os diretores da organizada falaram para que Augusto fosse conversar com os torcedores que estavam do lado de fora da sede social corintiana.
— Tivemos uma reunião lá dentro, só com a diretoria presente, a gente não achou que seria tão contundente. Então, imediatamente, como todo corintiano apostou nele (Augusto Melo), falei para ele ir para fora falar com o povo. Porque em vários protestos que fizemos contra a Renovação & Transparência, ele estava aqui presente. Muita gente acreditou nele, então nada mais justo do que ele falar com a rapaziada no geral. Reunião à porta fechada não é a nossa cara – pontuou Alê.
Augusto Melo, então, conversou com o grupo durante cerca de 15 minutos e respondeu questionamentos sobre: contratações de reforços, manutenção de diretores, responsabilização de envolvidos em possíveis irregularidades e saída do goleiro Cássio.
Em relação ao fim do ciclo do ídolo corintiano, Augusto foi taxativo em falar que não tinha mais o que fazer, pois era desejo do atleta deixar o clube alvinegro.
O presidente corintiano também prometeu quatro reforços de impacto na janela de transferências do meio do ano, o que aumentaria o nível de competitividade do elenco e, por fim, pediu o apoio de todos para colocar o Timão novamente nos eixos.