Bastidores do Corinthians: os fatores-chave que levaram à permanência de Ramón Díaz
Além de sequência positiva e influência de Fabinho Soldado, motivos políticos também influenciaram a manutenção da comissão técnica em 2025
Quando o Corinthians foi eliminado na semifinal da Sul-Americana para o Racing, no fim de setembro, o técnico Ramón Díaz viveu o seu momento de maior pressão no clube. Pouco mais de um mês depois disso, a permanência do treinador na próxima temporada foi bancada pela diretoria.
De um cenário para o outro foram seis vitórias consecutivas, levando o time que brigava para não ser rebaixado no Campeonato Brasileiro a uma classificação encaminhada para a Libertadores do ano que vem. ]
Após a vitória sobre o Bahia por 3 a 0 nesta terça-feira (04), o técnico argentino levou o Timão a oito vitórias consecutivas no torneio nacional, feito inédito para o clube, que já teve ótima sequências sob comando de Tite e Fábio Carille na era dos pontos corridos.
Porém, ainda que a sequência de bons resultados tenha ajudado muito, a manutenção da comissão técnica para a próxima temporada vai além disso.
Outros fatores preponderantes para a decisão da diretoria em manter Ramón e auxiliares foram:
- Disposição do elenco em bancar a manutenção do trabalho;
- Atuação de Fabinho Soldado mantendo a comissão no momento ruim e dando respaldo no bom;
- E até mesmo o cenário político conturbado teve a sua importância.
Ramón Díaz tem contrato com o Corinthians até dezembro de 2025 e não houve ampliação do vínculo para que a manutenção fosse definida.
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Permanência de Ramón Díaz foi sacramentada nos últimos dias
A diretoria corintiana decidiu pela permanência de Ramón Díaz entre as vitórias sobre Cruzeiro e Vasco, nos dias 20 e 24 de novembro, respectivamente.
O martelo, no entanto, só foi batido nos últimos dias, após a vitória do Timão sobre o Criciúma, no último sábado (30), pelo Campeonato Brasileiro.
Antes, o presidente Augusto Melo já havia acenando ao executivo de futebol Fabinho Soldado, que estava inclinado a manter Ramón Díaz no comando técnico do Corinthians.
Inclusive, o mandatário corintiano interrompeu as conversas que iniciou com os estafes dos treinadores portugueses Luís Castro e Sérgio Conceição.
Nomes como os de Tite e Renato Gaúcho chegaram a circular nos bastidores corintianos, mas não houve sequer sondagens a eles.
Além da sequência de vitórias, as manifestações internas da maioria do elenco em defesa da continuidade de Ramón Díaz pesaram para a decisão de Augusto.
O grande vetor desse movimento envolvendo os jogadores foi Emiliano Díaz, auxiliar e filho de Ramón.
Fabinho Soldado fez um meio-campo importante, levando as informações do departamento de futebol ao presidente do Corinthians. Fora que o próprio executivo ganhou papel de grande influência na diretoria corintiana após a janela de transferências que aconteceu no meio do ano.
Até por isso, Soldado conseguiu bancar Ramón Díaz após a eliminação do Corinthians na Sul-Americana.
Além da força da opinião do executivo, a ausência de um nome no mercado com aceitação próxima da unanimidade manteve o argentino no cargo.
Ramón, então, foi colocado à prova de fogo no clássico contra o Palmeiras. Venceu a partida em questão e não perdeu mais nos seis jogos seguintes.
Como a situação política do Corinthians também influenciou?
Após o Conselho Deliberativo marcar a data para votação do impeachment do presidente Augusto Melo, o dirigente correu em busca de apoios. Entre eles, do elenco e comissão técnica.
Ainda que a ação coordenada pelos atletas no dia 23 de novembro, véspera do jogo contra o Vasco, tenha pegado o mandatário corintiano de surpresa, houve o pedido de “socorro” por parte dele dias antes.
A posição de Ramón, Emiliano e os líderes do elenco foi, para Augusto, um sinal de lealdade e influenciou bastante na decisão de bancar a comissão técnica.
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Emiliano Díaz e Augusto Melo falam sobre manutenção
– Objetivo claro que o mais importante era o Brasileirão. Aconteceu que fomos avançando nas copas e a emoção foi grande e ficamos no meio do caminho e foi triste. Quando o resultado é ruim a culpa é sempre do treinador. Os demais têm que falar do nosso trabalho, não nós. Em todos os clubes que passamos, atingimos os nossos objetivos. Nunca duvidamos de nós. Ao longo de 12 anos sempre cumprimos os nossos objetivos. Depois começamos a sonhar um pouco mais. E graças a Deus demos um passo a mais. Tomara a Deus que cumpramos o objetivo de levar a Libertadores – disse o auxiliar técnico.
– Ramón Díaz hoje sabe o que é Corinthians. Não é só o jogador que quando chega ao Corinthians precisa tirar um peso e se adaptar. É assim com o nosso técnico, foi assim comigo também. Por mais que eu conheça o Corinthians, a gente leva um tempo para aprender algumas coisas. A gente tem erros e corrigimos. Sempre deixei claro que se tem coisa errada a gente vai mudar, a gente vai arrumar. Ramón é uma prova viva disso. Hoje ele entendeu o Corinthians, conhece o Corinthians, tem um grupo fechado e forte e é o nosso técnico até 2025 – declarou Augusto Melo.
