Reclamação em clássico se volta contra o Corinthians em menos de dois anos
Chute em bandeira de escanteio iniciou expulsão de Yuri Alberto contra o Palmeiras, mas já havia sido motivo da revolta corintiana em 2023 em jogo contra outro rival

No filme “Efeito Borboleta” (2004), Evan, personagem principal, interpretado pelo ator americano Ashton Kutcher, volta ao corpo de criança no intuito de alterar o passado. Porém, as decisões tomadas geram consequências no futuro. E como muitas vezes a vida imita a arte, a expulsão do atacante Yuri Alberto, do Corinthians, no clássico contra o Palmeiras, nesta quinta-feira (7), pelo Campeonato Paulista casa muito com a referência cinematográfica.
Yuri recebeu dois cartões amarelos no Dérbi. O primeiro deles na comemoração no gol que ele próprio marcou e evitou a derrota corintiana na casa do adversário. Na comemoração, o centroavante foi advertido por chutar a bandeira de escanteio com o símbolo do rival.
Na súmula, o árbitro Raphael Claus apenas relatou o fato, sem maiores explicações para a decisão.
No entanto, há, pelo menos, uma temporada e meia as comemorações atingindo o instrumento na linha de fundo tornaram-se passíveis de cartões por conduta antidesportiva.
E tudo isso começou com uma reclamação do Corinthians.
Provocação de Luciano contra o Corinthians deu origem a “regra informal”
As discussões sobre advertências em celebrações de gols onde a bandeirinha de escanteio é chutada ganhou força no duelo entre Corinthians e São Paulo, pela semifinal da Copa do Brasil de 2023.
O jogo de ida, realizado na Neo Química Arena no dia 25 de julho daquele ano, foi vencido pelo Timão por 2 a 1.
Porém, ao celebrar o gol são-paulino, o atacante Luciano deu uma voadora na bandeira de escanteio, o que revoltou torcedores, jogadores e comissão técnica do Timão à época.

A reação gerou discussões acaloradas, principalmente entre o meia Renato Augusto e o técnico Vanderlei Luxemburgo com o atleta do Tricolor.
O árbitro Wilton Pereira Sampaio advertiu Luciano com cartão amarelo e justificou a decisão da seguinte maneira na súmula:
– Por comemorar o gol da sua equipe de forma provocativa contra a torcida adversária chutando a bandeira de canto.
Na partida em questão, o atacante do Corinthians já era Yuri Alberto, que se envolveu no mesmo tipo de episódio cerca de um ano e meio depois.
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A regra não é tão clara sobre os chutes nas bandeiras de escanteio
De toda maneira, a advertência com cartão nestes tipos de comemorações foi amplamente discutida na época do Majestoso.
No entanto, no caso do palmeirense não houve revolta dos atleticanos, tampouco advertência da arbitragem. E isso teve a ver com o histórico do atleta, que comemorava os gols que marcava desta forma, inclusive em jogos como mandante.

Porém, semanas depois, em um jogo contra o Cuiabá, na Arena Pantanal, pelo Brasileirão, Veiga repetiu a celebração e dessa vez foi amarelado pelo árbitro da partida, André Luiz Skettino Policarpo Bento.
Na súmula, o motivo da advertência foi somente a atitude do meia palmeirense na comemoração do gol marcado, sem maiores explicações, como fez Wilton Pereira Sampaio no episódio envolvendo Luciano, na Neo Química Arena.
– Desde o começo do ano faço isso, já falei que nunca faltei com respeito com ninguém, faço na bandeira, nunca no escudo do time. Nunca vou na torcida (adversária), insulto, brinco ou nada do tipo. Se deu cartão, é critério dele, mas acho que tem que ser uma coisa já estabelecida, se tem ou se não tem – disse Raphael Veiga em entrevista logo após a partida.
E, de fato, não há no regulamento algo que se atente especificamente sobre comemorações atingindo a bandeira de escanteio.
O trecho da regra que mais se aproxima de uma possível explicação fala sobre atitudes passíveis de advertências em comemorações de gols ao “agir de forma provocativa, debochada ou inflamatória”.
Justamente o argumento descrito por Wilton Pereira Sampaio no cartão amarelo dado para Luciano contra o Corinthians em 2023.
E embora não detalhado por Raphael Claus, o critério usado em relação a Yuri Alberto no Dérbi desta semana foi o mesmo.
Tal qual o Majestoso há duas temporadas, o Dérbi desta semana também foi disputado com torcida única, no caso do Palmeiras, e a celebração do centroavante corintiano gerou reações de revolta dos torcedores locais.
No segundo tempo, Yuri Alberto recebeu o segundo cartão amarelo ao simular uma falta e, consequentemente, foi expulso. Ainda assim, a partida seguiu empatada por 1 a 1.