Copa do Brasil

Linha baixa é fraqueza do Flamengo, que teve mais sorte que juízo contra o Amazonas

Flamengo volta a sofrer com inspiração e irrita uma parcela da torcida ao jogar com o regulamento debaixo do braço

O sofrimento do Flamengo no primeiro jogo contra o Amazonas se repetiu no segundo. Ainda que tenha conseguido a classificação para as oitavas de final, Tite e companhia irritaram a torcida em determinados momentos da partida, pela postura passiva. A linha baixa de defesa dos mandantes, sem dúvida, mostrou que será um calcanhar de aquiles em 2024.

Quando o adversário se defende bem, fechado no campo de defesa, o Flamengo costuma ter muita dificuldade para criar. Foi assim na derrota para o Palestino, e no jogo de ida diante do próprio Amazonas. As soluções, contudo, estão mais próximas do que se imagina.

Inspiração volta a ser problema para o Flamengo

63% de bola, 21 finalizações, sendo oito na direção do gol e três grandes chances criadas. Normalmente seriam números de uma partida interessante, mas o Flamengo tem as suas maneiras de complicar partidas que parecem fáceis. No caso da eliminatória diante do Amazonas, o Rubro-Negro sofreu pouco e, mesmo assim, deixou sua torcida com frio na barriga.

Tite se mostrou preocupado com De La Cruz e o desempenho do Flamengo diante do Amazonas (Foto: Antonio Pereira/AGIF (Photo by Antonio Pereira/AGIF/Sipa USA) – Photo by Icon Sport

A noite ruim de nomes como Arrascaeta, Gerson e Allan voltaram a deixar De La Cruz sobrecarregado na criação. Pedro, apesar do gol, também não teve sua melhor atuação. Couberam aos jogadores que entraram no segundo tempo, Luiz Araújo, por exemplo, aumentar a eficiência ofensiva do Rubro-Negro quando o jogo parecia ganhar contornos de drama na Arena da Amazônia.

O grande problema foi mesmo encarar as linhas baixas do Amazonas. A falta de movimentação dos homens de frente, especialmente no primeiro tempo, fez com que o Flamengo fosse o time previsível daquele momento de oscilação em abril. Tite, inclusive, falou sobre o assunto durante a coletiva.

— Na fase ofensiva, dois, três. O cinco da frente tem liberdade total, não engesso. Eu só dou caminhos, só dou rotas, só faço a bola chegar lá. Depois, talento individual, aí a qualidade técnica, a finta, o drible. Aí o técnico não entra. Entra a qualidade técnica individual e o talento. Ele (técnico) só dá uma rota para a bola chegar lá. Depois, eu não vou falar para Pedro o que ele vai fazer, para o Arrascaeta, para o Lorran, para o Luiz (Araújo), para o Cebola… Eu vou dar a bola para ele proporcionar o último terço para que o talento aflore, a finalização aflore. Eu falei até com o Cebola agora, ele disse assim: “Eu fui botar no contrapé do goleiro, ele parou e me arrebentou”. Eu digo: “Pensei que ia fazer igual o Bolívar, virar o pé e fazer o gol do lado direito”. Aí é o talento individual, o técnico não entra. O talento é deles — analisou.

A declaração, por mais que compreensível, é um pouco preocupante. O Flamengo deve explorar o nível técnico acima da média do seu elenco, mas não pode depender apenas disso. Variações táticas trabalhadas serão necessárias para a equipe conseguir vencer jogos mais truncados, complicados, de mata-mata mesmo, como foi o desta quarta-feira (22).

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Soluções próximas?

Mesmo com os problemas claros, o Flamengo deu indícios de que pode estar buscando outro caminho para a falta de inspiração contra times mais fechados. Os chutes de longa distância são uma arma que precisa ser mais utilizada pelos atletas. O gol veio de uma finalização de Igor Jesus, desviada por Pedro, e De La Cruz ainda carimbou o travessão na primeira etapa.

O número ainda foi baixo, totalizando apenas seis das 21 finalizações do Flamengo no jogo, mas é interessante observar a evolução no quesito. Em um elenco tão forte como é o do Flamengo, fica difícil apostar apenas em chuveirinhos na área e trocas de passes que não rendem o esperado em boa parte do tempo.

A paralisação do Brasileirão ainda deve ser útil para que o professor Tite possa corrigir esses problemas que ainda incomodam o torcedor. Passada a classificação na Copa do Brasil, o Flamengo vai em busca de outra vaga nas oitavas de final, dessa vez na Libertadores. O jogo contra o Millonarios, que será disputado na próxima terça-feira (28), às 21h (de Brasília), no Maracanã, deve definir o cenário.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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