Como Atlético-MG usou seu pior momento da temporada para eliminar o São Paulo
Galo chegou no confronto após seu pior jogo no ano, mas usou isso a seu favor para se classificar
O Atlético-MG chegou para o primeiro jogo das quartas de final contra o São Paulo no seu pior momento da temporada, e saiu da segunda partida classificado e com muita moral. Como o Galo fez isso? Utilizando sua própria má fase.
Como o momento não era bom, Gabriel Milito abriu mão de algumas de suas principais características de jogo, inclusive a principal delas, a posse de bola. Quem achou que isso aconteceria só no jogo fora de casa, viu uma estratégia bem parecida na Arena MRV.
O treinador soube entender o momento do time e dos jogadores, que estavam com a confiança em baixa e se complicando quando tinham a bola. A solução foi “controlar o jogo sem a bola”, como ele explicou.
— O jogo é muito amplo. Nosso time deve ter distintas respostas aos distintos momentos. Há momentos de fortaleza anímica, e há momentos que você perde confiança e aí você tem que recuperar ela. A decisão tem a ver com o momento dos jogadores, do time, do rival — explicou Milito.
Contra o São Paulo, o Atlético teve menos posse de bola nos dois jogos. Mesmo assim, viu o adversário criar apenas duas chances claras de gol, uma em cada jogo. Sinal de que a intenção de controlar o jogo sem ter a posse funcionou.
O Galo pouco sofreu no confronto, e se mostrou bem forte, principalmente defensivamente, justamente o ponto que mais estava devendo antes de iniciar essa disputa. Milito mostrou que não é “teimoso” a ponto de abdicar de suas convicções em prol de um Atlético mais forte, se baseando no momento vivido.
O importante não é jogar mais a frente ou atrás, mas sim fazê-lo bem — Gabriel Milito
“Temos que ser mais inteligentes, mais malandros. Não tem que jogar bem todos e ser intenso em todos os jogos. Às vezes tem que respirar um pouco”, disse Hulk sobre estratégia do Galo.
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— Alecsander Heinrick (@alecshms.bsky.social) September 13, 2024 at 2:14 AM
Atlético teve as melhores chances mesmo assim
Mesmo mais defensivo, o Atlético foi quem criou as melhores chances do confronto, principalmente no segundo jogo.
Rafael teve que fazer quatro importantes defesas, parando Paulinho cara a cara, por exemplo, e ainda viu Hulk finalizar tirando tinta da trave outras duas vezes.
— Fizemos isso bem. Primeiro controlar (os ataques do São Paulo) e depois criamos situações claras. Os jogadores fizeram uma série muito correta, de compromisso, organização coletiva para defender — destacou Milito
Atlético vai voltar a ser protagonista do jogo?
Se engana quem acha que o Atlético via passar a ser um time mais reativo, que tem menos a bola. Essa foi só uma estratégia de Milito visando o momento do time e os confrontos contra o São Paulo. O treinador quer que o Galo volte a ter um futebol vistoso, como na sua chegada.
— Poucos pouco vamos voltar a jogar como fizemos no começo, mas temos que entender o momento dos jogadores. Não tem como ter, em um calendário tão exigente, momentos ótimos sempre — explicou.
Milito ainda afirmou que o sonho dele é um time mais equilibrado, que defenda muito bem e ao mesmo tenha uma posse de bola de muita qualidade. No entanto, ele destacou que isso é complicado diante da sequência de jogos intensa e a falta de treinos.
Nessa pausa da Data Fifa, por exemplo, ele teve tempo para treinar, mas ficou sem Paulinho e Everson por alguns dias, e sem Alonso, Arana e Alan Franco, que estavam com suas seleções. Ou seja, não teve praticamente meio time titular à disposição.
Sequência do Atlético
Como Milito disse, o Atlético não terá mais muito tempo para treinar. No domingo (15), já viaja para Salvador, onde encara o Bahia. Na quarta (18), vai ao Rio para o primeiro jogo das quartas da Libertadores, contra o Fluminense.
Depois dos dois jogos fora, o Galo volta a BH, onde vai encarar o Bragantino no domingo (22) e a volta contra o Flu na quarta (25). O Alvinegro fecha o mês contra o Palmeiras, fora de casa.