Atlético-MG x Flamengo: o que aconteceu com o 1º estádio a receber o clássico
O Estádio Antônio Carlos, localizado no bairro de Lourdes, em Belo Horizonte, foi um marco muito importante para a história do futebol mineiro
O primeiro confronto entre Atlético Mineiro e Flamengo está próximo de completar 100 anos. Em 1929, as equipes se enfrentaram em amistoso sem saber que seriam protagonistas de uma das maiores rivalidades interestaduais do Brasil. E o palco daquela partida, curiosamente, nem existe mais.
O Estádio Antônio Carlos pertenceu ao Atlético Mineiro, passou por diversas transformações e deu lugar a outro fator importante para o Galo. A Trivela conta um pouco mais dessa história curiosa antes da final da Copa do Brasil.
O primeiro jogo entre Atlético-MG e Flamengo
A história começou no dia 16 de junho de 1929, cerca de duas semanas depois da inauguração do Estádio Antônio Carlos. O Galo já havia vencido o Corinthians por 4 a 2 no amistoso de estreia, mas acabou experimentando um gosto amargo diante dos rubro-negros.
Fragoso marcou três vezes para o Flamengo, e os gols da dupla Mário e Said não foram suficientes para que o Atlético conseguisse se salvar da derrota. Desde então, a equipe carioca leva vantagem no confronto direto diante dos mineiros.
Estádio Antônio Carlos: construção e glórias
O estádio leva o nome do governador que mais ajudou o Atlético-MG no processo de construção. O Galo já queria viabilizar o local para receber jogos do clube desde 1925, mas foi somente três anos mais tarde que recebeu o sinal verde. Em maio de 1929, inaugurou.
O Estadinho da Colina, como era carinhosamente chamado pelos moradores do bairro de Lourdes, foi o primeiro de Minas Gerais a receber iluminação noturna, um marco importante para a época.
O evento de inauguração do aparato, inclusive, contou com a presença do então presidente da Fifa, Jules Rimet, que mais tarde daria nome ao troféu da Copa do Mundo.
Os anos dourados foram entre 1930 e 1950, quando o Antônio Carlos recebia praticamente todas as partidas do Galo. Tudo corria bem, até que veio a Copa do Mundo no Brasil.
Diante da baixa capacidade do Estádio de Lourdes, no qual cabiam apenas cinco mil torcedores, Minas Gerais ganhou uma nova arena para chamar de sua: o Independência.
Como era maior, acabou deixando o Antônio Carlos cada vez mais obsoleto e abandonado.
Quase 40 anos depois da inauguração, o Estádio Antônio Carlos foi vendido pelo Atlético-MG à Prefeitura de Belo Horizonte. O último jogo no local foi em junho 1968.
O que aconteceu depois de 1968?
A Prefeitura acabou desapropriando o terreno, que passou por diversas transformações. O estádio passou a ser um local para feiras artísticas e atividades voltadas para o lazer da população que habitava o bairro de Lourdes.
Os mandatários da capital mineira, contudo, não cumpriram acordo e precisaram devolver o estádio ao Atlético-MG. A cláusula previa a devolução caso não conseguisse construir a sede administrativa de Belo Horizonte em até 15 anos. Em 1991, o Galo reassumiu o Antônio Carlos.
A estadia, contudo, durou pouco: já com o Mineirão e o Independência, o local não fazia mais parte dos planos. O Atlético-MG fez um acordo com a Multiplan para a construção de um shopping center. Em 1994, o Antônio Carlos foi demolido e deu lugar ao Diamond Mall, presente em Lourdes até os dias atuais.
O mais interessante disso tudo é que o estádio, apesar de demolido, continua ajudando o Galo. O Diamond Mall foi fundamental para que o Atlético-MG conseguisse construir a Arena MRV, palco da decisão da Copa do Brasil, neste domingo (10). Ao vender uma parcela do shopping, o clube mineiro conseguiu angariar cifras para iniciar as obras.
Se o carinho com o Antônio Carlos existe, o Galo não quer repetir o desempenho da estreia contra o Flamengo. E nem pode, já que perdeu o jogo de ida por 3 a 1, ou seja, precisa vencer por pelo menos dois gols de diferença para levar a decisão aos pênaltis. A bola rola a partir das 16h (de Brasília).