Brasil

Clubes brasileiros sonham em repetir Corinthians e Ronaldo, mas média dos resultados não empolga

Contratações como as de Coutinho, James Rodriguez e Braithwaite tentam a sorte grande; a média dos resultados não empolga

Desde que o Corinthians ganhou na loteria com a contratação de Ronaldo Fenômeno, em 2009, vários clubes brasileiros, inclusive o próprio Timão, tentam repetir a sorte grande. O atacante conseguiu resultados em campo e supervalorizou a marca do clube.

Claro que poucas ações se comparam à ousadia de contratar alguém como o R9, e poucos ídolos têm seu tino comercial. Mas a ideia básica é buscar um jogador de sucesso na Europa, que esteja em fim de carreira ou sem mercado e fazer muito barulho, na esperança de que o contratado resolva dentro de campo.

Dois outros casos de muito sucesso foram as contratações de Ronaldinho Gaúcho pelo Atlético Mineiro e de Luís Suárez pelo Grêmio. Ronaldinho foi o pilar da conquista da Libertadores em 2013, e Suárez, mesmo sem uma grande conquista, fez muitos gols e construiu um relacionamento importante com a torcida do Grêmio.

O Corinthians tentou repetir a fórmula R9 com Roberto Carlos, em 2010, e com Adriano Imperador, em 2012, e não deu certo.

A contratação de Adriano foi uma tentativa anterior do São Paulo, em 2008. O Tricolor paulista tem o costume de repatriar jogadores veteranos que tenham passado ou não pelo clube. Desde Falcão, Cerezo e, posteriormente, Kaká e Luís Fabiano.

Muitos clubes buscam uma tacada certeira com modelo semelhante ao de Ronaldo e Corinthians. Adriano, um ativo que se mostrou muito atraente, foi decisivo para o Flamengo ser campeão brasileiro em 2009.

O holandês Seedorf passou pelo Botafogo em 2012, muito antes de John Textor, e mesmo sem grandes conquistas, deu uma bela sacudida na imagem do Glorioso.

Seedorf em ação com a camisa do Botafogo em 2013 (Foto: Icon Sport)
Seedorf em ação com a camisa do Botafogo em 2013 (Foto: Icon Sport)

Este modelo de negócio ganhou corpo no Brasil em virtude do posicionamento do futebol local no mercado internacional. O Brasil é exportador de jovens jogadores e se acostumou a ver seus maiores talentos e craques de outras nacionalidades brilharem longe daqui, pela TV.

Repatriar jogadores brasileiros de sucesso na Europa ou tentar trazer algum estrangeiro se transformou em jogada de marketing. Certamente esquecerei de algum caso nessa amostragem.

O São Paulo tem sido quem mais arrisca esse tipo de contratação. Tentou com Daniel Alves e o espanhol Juanfran e, no ano passado, com o colombiano James Rodríguez.

Alves não jogou o que se esperava, nem virou ídolo. Pior, seu comportamento fora de campo ainda contribuiu negativamente para a visão do negócio.

Juanfran nunca foi um grande ídolo, embora tenha sido um profissional correto. James Rodríguez riu da cara do São Paulo e usou o clube como spa enquanto se preparava para dar o sangue pela seleção colombiana.

Novas tentativas estão sendo feitas nas últimas janelas de transferências.

O Vasco apostou no francês Payet e, numa jogada mais ousada, trouxe Philippe Coutinho por empréstimo.

O Grêmio buscou Martin Braithwaite, um nome que não é de primeira prateleira, mas se encaixa na oportunidade. Aos 33 anos, o dinamarquês estava no Espanyol, na segunda divisão espanhola, e, curiosamente, tinha sido contratado para substituir Suárez quando o uruguaio deixou o Barcelona. Mas fracassou.

Embora as histórias e qualidades dos nomes variem, o perfil geral dessas contratações é parecido.

Jogadores de fama e carreira, mas com pouco mercado na Europa pela idade ou pela queda de desemprenho. A oportunidade se apresenta com investimento no pagamento do salário, sem precisar adquirir direitos econômicos, e a aposta no retorno esportivo e de marketing.

Carente, o torcedor brasileiro tende a supervalorizar muitas dessas contratações, procurando acreditar que seu time está fazendo um grande negócio.

Mas não é toda janela que abre a oportunidade de um R9, um R10 ou um Luisito.

Foto de Mauricio Noriega

Mauricio Noriega

Colunista da Trivela
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