Brasil

Ronaldinho se despedia do Atlético-MG há 10 anos: como torcida impediu o fim de sua carreira

Ronaldinho Gaúcho deixou o Atlético entregando (mais) um título a torcida que o fez desistir da aposentadoria

Há exatos 10 anos, Ronaldinho Gaúcho entrava em campo pela última vez com a camisa do Atlético-MG. Vencedor como sempre foi, ele deixou o clube após a conquista da Recopa Sul-Americana. Mas a despedida poderia ter sido bem antes, quando o Bruxo pensou em parar de jogar, mas a torcida do Galo o fez seguir firme.

Ronaldinho Gaúcho chegou ao Atlético em junho de 2012 surpreendentemente. Ele havia deixado o Flamengo pela porta dos fundos e, quando ninguém esperava, já apareceu treinando na Cidade do Galo.

Sem o alarde que costuma causar, Ronaldinho iniciou sua trajetória o Galo buscando recuperar-se no futebol brasileiro, com a confiança do clube, principalmente do presidente Alexandre Kalil, e da torcida.

Na despedida, R10 recebeu das mãos do presidente Alexandre Kalil o Galo de Prata, honraria máxima do clube
Na despedida, R10 recebeu das mãos do presidente Alexandre Kalil o Galo de Prata, honraria máxima do clube (Bruno Cantini/Atlético)

Mas a trajetória de grandes atuações, títulos e idolatria máxima quase foi interrompida pouco tempo depois dele chegar. Dona Miguelina, mãe de R10, estava com câncer, e ele pensou em parar de jogar futebol, mas o abraço caloroso da torcida do Galo o fez mudar de ideia.

‘Vou com eles até o final’

Três meses após a chegada ao Atlético, fazendo o time ter uma arrancada espetacular no Campeonato Brasileiro, Ronaldinho parecia viver sua grande fase de novo, mas a doença da mãe ainda o afetava fora de campo, fazendo pensar em abandonar o futebol.

A torcida do Atlético não sabia desse pensamento de Ronaldinho, mas conhecia o problema de saúde da mãe dele, e foi uma atitude vindo das arquibancadas que o manteve firme para seguir brilhando nos campos.

No dia 23 de setembro de 2012, quando o Atlético enfrentou o Grêmio no Independência, a torcida estendeu um enorme banner com a foto do Ronaldinho e Miguelina, escrito “Fé em Deus”, em apoio a situação do jogador e da mãe. R10 chorou ao ver a homenagem e decidiu ali que não podia abandonar o futebol, muito menos o Galo.

Banner estendido no Independência em apoio a mãe de Ronaldinho
Banner estendido no Independência em apoio a mãe de Ronaldinho (Atlético)

Quem revelou que essa atitude salvou o fim de sua carreira foi o próprio Ronaldinho, em entrevista a TV Globo no início de 2013, quando também contou que a mãe se curou do câncer:

Quando minha mãe adoeceu, eu falei acho que não tem mais porque continuar, acho que é hora de parar. E eles (torcida) levantaram aquela bandeira com a cara dela… É, eles me abraçaram, vou com eles até o final — Ronaldinho em 2013

Semanas depois do jogo do banner, Ronaldinho sofreu outro baque, da perda do padrasto. Mesmo assim, optou por entrar em campo pelo Atlético e, empurrado pela torcida, fez uma de suas melhores atuações pelo Galo, marcando três gols e dando duas assistências na goleada de 6 a 0 contra o Figueirense.

Em 2021, Dona Miguelina faleceu em decorrência da covid. O Atlético declarou luto oficial, e a torcida homenageou a mãe de Ronaldinho com faixas no estádio.

Ronaldinho pelo Atlético

Ronaldinho Gaúcho cumpriu o que havia prometido, de se tornar um ídolo do Atlético. Foi vice-campeão Brasileiro em 2012, um título que ele lamentou não ter vencido pelo clube. Mas, o melhor estava guardado para ele e para o Galo em 2013, quando conquistaram a Libertadores.

A despedida há exatos 10 anos foi com o título da Recopa, e veio depois de um primeiro semestre sem tanto brilho de R10, mas que nada afetou sua trajetória no clube. Em sua despedida oficial, citou o caso de apoio a mãe como o mais marcante pelo clube.

— O momento mais emocionante foi quando eu estava pensando em parar pelos problemas da minha mãe e teve todo aquele carinho — Ronaldinho em sua coletiva de despedida em 2014.

O Galo é especial pra mim. A torcida do Galo pra mim é eterna e vou com eles até o fim — Ronaldinho Gaúcho

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R10 no Galo

  • 88 jogos
  • 28 gols
  • 28 assistências
  • Campeão Mineiro 2013
  • Campeão da Libertadores 2013
  • Campeão da Recopa 2014
  • Bola de Ouro da Placar 2012
  • Melhor jogador da Libertadores 2013
  • Rei da América 2013
Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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