Vasco: como Gui, torcedor com doença rara, virou amuleto do time, lei e bandeira da torcida
Depois de viralizar nas redes sociais, Gui virou xodó do Vasco, foi abraçado por jogadores, torcida e, agora, virou até inspiração para nova lei no Rio de Janeiro

Em junho, o vídeo de um menino de 8 anos reencontrando a mãe depois de 16 dias em coma induzido viralizou nas redes sociais. Naquele momento, o Vasco, vivia o seu pior momento na temporada, com um péssimo começo de Campeonato Brasileiro. E a história do garoto Guilherme Granda Moura e do Cruz-Maltino, seu clube de coração, se entrelaçaram nos últimos meses. Desde então, Gui, como é conhecido, virou o amuleto da sorte do time, que iniciou uma boa campanha de recuperação no Brasileirão, sua luta contra uma rara doença virou até lei, que, agora, vai ajudar outras pessoas que vivem com a mesma condição.
Gui sofre com uma rara doença genética, a epidermolise bolhosa, que provoca bolhas na pele. Esses ferimentos podem surgir com o mínimo de atrito ou trauma na pele. A doença vem de uma alteração nas proteínas responsáveis pela união das camadas da pele. No entanto, quando o vídeo de Gui e a mãe Tayane Granda viralizou, o menino estava acordando de um coma induzido por causa de uma pneumonia.
Assim que o vídeo tomou conta das redes sociais, a história de Gui ganhou o mundo e logo chegou aos jogadores do Vasco. O menino é fanático pelo clube e, ainda no hospital, recebeu a visita de atletas como Gabriel Pec e Figueiredo, além de Rodrigo Dinamite, filho do ídolo Roberto Dinamite. Além disso, Gui também foi abraçado pela torcida do clube, que passou a deixar milhares de mensagens em todas as publicações da mãe do menino.

O próprio Vasco também abraçou Gui. Poucos dias depois de deixar o hospital, ainda no final de junho, o menino visitou o CT Moacyr Barbosa, acompanhou um treino do clube, conheceu todo o elenco e ainda ganhou presentes, como camisas e um par de chuteiras do então atacante vascaíno Pedro Raul.
Vasco tem 100% de aproveitamento com presença de Gui
Após o fim da punição imposta pelo STJD ao Vasco pela confusão na partida contra o Goiás, de quatro jogos sem torcida, Gui esteve presente na partida contra o Atlético-MG, no Maracanã, pela 20ª rodada do Campeonato Brasileiro. O garoto, inclusive, ainda entrou em campo com o “tio Pec”, que virou seu amigo. A partir dali, Gui virou o amuleto da sorte do Vasco. O Cruz-Maltino, que já havia iniciado a sua campanha de recuperação, venceu o duelo contra o Galo.
Gui ❤️
? Daniel Ramalho | #VascoDaGama#VASxCAM 1️⃣-0️⃣ #BrasileiroNaVascoTV pic.twitter.com/qZc2QCZIlc
— Vasco da Gama (@VascodaGama) August 20, 2023
Desde então, Gui esteve presente nos outros dois jogos com mando do Vasco: na vitória sobre o Fluminense, no Nilton Santos, e na goleada sobre o Coritiba, no reencontro com a torcida em São Januário. Depois do duelo com o Coxa, Gui voltou a encontrar os jogadores do Vasco e o técnico Ramón Diaz na saída do vestiário do estádio.
A festa do pequeno Gui com a vitória do Vasco sobre o Fluminense aqui no Nilton Santos! @trivela pic.twitter.com/7b37lJjd9X
— Gabriel Rodrigues (@gabrielcsr) September 16, 2023
Além disso, recentemente, no seu aniversário de 9 anos, Gui recebeu na sua festa de aniversário o atacante Gabriel Pec, o ídolo Edmundo e Rodrigo Dinamite. E o garoto ainda ganhou uma reforma do quarto, que agora é personalizado com o tema “Vasco”.
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Gui “vira lei” e vai ganhar bandeirão da torcida do Vasco
A história de Gui não mobilizou só o Vasco e a torcida do clube. Na última quinta-feira, a Assembleia Legislativa do Rio votou e aprovou a criação do Programa de Assistência Especializada em Epidermólise Bolhosa na Rede Pública de Saúde. Com o projeto, que já ficou conhecido como “Lei Gui”, o Governo do Estado fica autorizado a conceder uma pensão para pessoas com a doença ou seus responsáveis legais. Além disso, os pacientes terão atendimento prioritário na rede pública de saúde.
O projeto foi sugerido pela própria mãe de Guilherme através do aplicativo do LegislAqui, aplicativo da Alerj. Gui e a mãe acompanharam a votação do projeto no plenário da Assembleia. E, é claro, o garoto estava presente com a camisa do Vasco.
– Esse projeto não vai beneficiar só o Gui, mas também 58 pacientes em tratamento no estado. Até o Gui nascer, eu não tinha conhecimento dessa doença. Os curativos e custos relacionados à doença são muito caros e o acesso à equipe multidisciplinar é muito difícil. O Gui tem nove anos, mas tem o tamanho e o peso de uma criança de cinco, por isso precisa de uma suplementação especial. Ele perde muitos nutrientes por conta da cicatrização, o que impede ele de crescer – afirmou Tayane ao “Extra”.

Gui também será homenageado pela própria torcida do Vasco em breve. O Coletivo 98 está preparando um bandeirão que terá a imagem do menino e outras duas crianças vascaínas: Heitor Lopes Azeredo, de 10 anos e que é cadeirante, e Manoela, menina que participou da campanha de divulgação do uniforme em homenagem aos “Camisas Negras”.
Amigos vascaínos,
Trabalhando sempre com a transparência e sinceridade, infelizmente viemos comunicar que o bandeirão do mês das crianças não estará na arquibancada no dia 07/10 contra o São Paulo. ? pic.twitter.com/Sdz3AqWOia
— Coletivo 98 (@coletivo98) September 28, 2023
A bandeira também terá a famosa frase “enquanto houver um coração infantil, o Vasco será imortal”, que ficou conhecida pelo ex-presidente do Vasco, Cyro Aranha. A bandeira será confeccionada através de um financiamento coletivo da torcida e será levantada em algum dos próximos jogos do clube como mandante.