Sistema defensivo do Atlético-MG não preocupa Milito, mas deveria ligar sinal de alerta
Atlético não tem um enorme problema defensivo, mas vale ligar o alerta para detalhes que podem mudar o jogo - como mudou contra o Juventude

O novo empate do Atlético-MG no Campeonato Brasileiro, dessa vez contra o Juventude por 1 a 1, reascendeu os questionamentos sobre o sistema defensivo do Galo, e eles foram levados ao técnico Gabriel Milito, que afirmou não se preocupar, mas deveria, no mínimo, ligar o sinal de alerto para o setor.
O Atlético tem sofrido muitos gols nos últimos jogos. É verdade que, em muitos deles, o Galo mal tinha um número mínimo de defensores à disposição, além de ter atuado com um a menos em três jogos cruciais: Palmeiras, Flamengo e Botafogo, como lembrou o treinador argentino.
Mas, mesmo excluindo esses fatos, ainda é possível ver alguns problemas do sistema defensivo atleticano, e por isso o alerta de Milito deveria estar ligado. Quando não se tem uma noite ofensiva inspirada, é importante ter a defesa o mais sólido possível. O jogo contra o Juventude pode servir para exemplificar essas questões.
Atlético de Milito é muito exposto?
Um dos questionamentos com relação à defesa do Atlético é se ela é muito exposta por conta da forma que Milito monta o time. Contra o Juventude, o Galo levou o gol de empate na única chegada do adversário no primeiro tempo, em um lance que Saravia subiu para marcar e Jean Carlos subiu livre nas suas costas, sem alguém acompanhando.
Eu considero que o time é equilibrado. É normal que, em algum duelo que você perde, eles tenham metros para correr e gerar sensação de perigo. É um erro que eu assumo e estou disposto a seguir com ele, pois tem a ver com a minha maneira de ver o jogo e sentir o futebol — Gabriel Milito
Milito sempre deixou muito claro, desde que chegou, a forma que gosta de ver o time jogar, sempre dominante com relação ao adversário, dono da posse e ofensivo. Por isso, com ele, laterais e até os zagueiros avançam para atacar, o que deixa, algumas vezes, a defesa mais exposta, como no caso do gol do Juventude e de outros jogos também.
Muito por conta do seu estilo e do desejo insaciável de vencer, Milito acabando expondo ainda mais o time do Atlético. Contra o Juventude, por exemplo, ele tirou um volante e um zagueiro e colocou dois atacantes, o que gerou, naturalmente, mais chances de ataques do adversário, que acabou não aproveitando nenhuma delas.
É um tipo de risco que, como ele mesmo disse (várias vezes), ele assume correr, e que gera prós, como o gol da vitória quase saindo de uma jogada de Kardec e Vargas — os dois atacantes que colocou –, e contras, como a possibilidade de levar o gol da derrota em um contra-ataque com o time aberto.

— Eu, como treinador, queria que não chutassem ao nosso gol ou fizessem um cruzamento nenhuma vez. Mas, nós, empatando um jogo, não podemos estar atrás, porque, pelo estilo e a grandeza do clube e dos jogadores, estamos obrigados a assumir esse protagonismo. Na verdade, não obrigado, mas eu gosto de jogar assim — afirmou Milito.
Milito pediu, e a Trivela analisou
Questionado mais de uma vez sobre o sistema defensivo, Milito pediu para que fosse analisado o jogo e visto quantas tentativas de atacar o Juventude teve, quantas conseguiu e quantas finalizou. Afirmando que a porcentagem de chances reais em relação as possíveis é muito baixa.
Abra a conta de quantas vezes o Juventude tentou atacar e quantas vezes eles conseguiram levar perigo — disse Milito
Por um lado, Milito está coberto de razão. Já que o Juventude, por exemplo, só finalizou duas vezes ao gol: uma de falta e outra no próprio gol marcado. Segundo o SofaScore, foram 48 entradas dos gaúchos no terço final do campo, e, além dessas chances citadas, só em outra, que acabou com finalização para fora, se criou uma chance real.
A porcentagem de três para 48, que é de apenas 6%, realmente é muito baixa, como afirmou Milito.

Mas o questionamento surge não (só) pelo Atlético dar aos adversários várias chances de marcar. Foi assim apenas nos jogos em que realmente tinha menos poder de marcação e, muitas vezes, um a menos em campo. O problema levantado é o Galo dar chances claras aos rivais.
O Juventude, por exemplo, realmente não atacou muito, mas, quando chegou, foi com grande perigo.
Eu queria não sofrer gols, não receber contra-ataques, que chegássemos quatro vezes e fizéssemos quatro gols. Mas, isso não acontece nem com nós e nem com nenhum rival do mundo. A partida perfeita não existe. Seguiremos recebendo ataques dos rivais, atacando e errando gols, mas devemos melhorar a eficácia — Gabriel Milito
É claro que um jogo perfeito não existe, como disse o argentino, mas fica um alerta para o Atlético de melhorar, principalmente a recomposição, e evitar que os adversários cheguem com tanta “facilidade”.
É natural que os rivais cheguem uma vez ou outra, mas é importante que o Galo os faça chegar mais pressionados, com menos liberdade.
Não é uma questão de mudar o estilo de jogo, até porque Milito deixou isso claro que não fará (e não tem que fazer mesmo), é só de ajustar algumas peças para não dar aos adversários chances claras de marcar, seja uma ou 10 por jogo.