Dá para criticar o Palmeiras por várias razões, mas não por ‘pouca obrigação’
Time de Abel Ferreira bateu 35 vezes e gol e seguiu sendo pouco eficiente. Mas venceu.
As vaias no fim do 1º tempo certamente foram ouvidas. Mas, como o sistema de som abafou, não dá para saber se Abel Ferreira e os jogadores do Palmeiras ouviram o protesto que acusava o time de folgar demais e ter pouca obrigação.
De qualquer forma, depois do jogo desta sexta, quem achar que esse time não assume a responsabilidade, está assistindo a outro futebol.
O Allianz Parque viu, nesta sexta-feira (8), um resumo de vários clichês palmeirenses. A torcida nervosa, o xingamento aos jogadores que erravam, a vaia no intervalo e, ao mesmo tempo, um apoio ininterrupto até o apito final.
No campo, vários lugares-comuns ligados ao Alviverde também apareceram: um time que não desiste, que sente o que acontece do lado de fora e que se entrega. Mas que tem pontaria ruim e sofreu para conseguir o 1 a 0 sobre o Grêmio que o mantém vivo no Campeonato Brasileiro.
Mesmo empatando com Bragantino e Fortaleza inesperadamente. Mesmo derrotado pelo Corinthians após ter chances claras de matar o jogo antes dos 15 do 1º tempo: até que Botafogo e Cuiabá se enfrentem no sábado (9), o Palmeiras só depende de si para ser tricampeão.
Palmeiras chutou 35 vezes para 14 defesas de Marchesín
Se tem algo que não falta ao Palmeiras de Abel Ferreira, é vontade. Contra o Grêmio, mesmo muitas vezes nervoso e errando demais na hora de concluir, o Palmeiras chutou 35 vezes a gol e massacrou os visitantes.
Foi apenas 27ª tentativa que o gol de Estêvão saiu, em um raro rebote de Marchesín, que fez nada menos que 14 defesas no jogo. Foram pelo menos dez intervenções difíceis do argentino, em todo tipo de conclusão: de perto, de longe, de direita, de cabeça.
A única que ele espalmou de modo a dar rebote ao Palmeiras foi de Dudu, que entrou em campo aos 18 minutos do 2º tempo. O chute do camisa 7, de fora da área, saiu forte e rasteiro. Atento, Estêvão empurrou para a rede, aos 26.
Para tirar o time de um sufoco e manter a equipe viva na briga pelo título do Campeonato Brasileiro. E colocar Estêvão na ponta da tábua de artilheiros, com 12 gols.
Foram 26 chutes até o gol do Palmeiras sair. Vontade não falta a esse time. Falta tranquilidade para retomar a qualidade que já mostrou ter muitas vezes.
— Diego Iwata Lima (@DiegoMarada) November 9, 2024
Abel Ferreira mudou o time
Ninguém pode acusar Abel Ferreira de não ter tentado. O treinador foi cirúrgico para tirar do time dois jogadores que destoaram contra o Corinthians.
No ataque, já que Flaco estava mal, ele colocou em campo seu outro centroavante. O problema é que Rony entrou completamente sem ritmo e errou demais.
A outra mexida foi mais ousada: Maurício no lugar de Ríos, deixando apenas Aníbal como volante de ofício em campo.
Com a alteração, Murilo, de volta ao time, atuava como volante na fase ofensiva, e Veiga se revezava com Estêvão pelo lado do campo.
No que diz respeito à movimentação, deu certo. O problema foi a execução. O time claramente sentiu as arquibancadas menos cheias que o normal e os xingamentos em cada lance errado.
Exceto por Maurício, a falta de confiança geral — até de Estêvão — era gritante. A bola parecia queimar os pés da maioria dos atletas.
O problema seguiu no 2º tempo. Mas o que importa ao Palmeiras é que a vitória saiu.