Brasileirão Série A

Não bastasse em campo, fora dele Cruzeiro tem problemas a lidar: contratos longos demais

No grupo do Cruzeiro, somente cinco jogadores têm seus vínculos se encerrando em 2023; maior parte do elenco fica até 2024 e 2025

O Cruzeiro vive momento complicado na temporada e, com muitas dificuldades de vencer, se aproximou perigosamente da zona de rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro. Atualmente, o time celeste é o 15º colocado na tabela, com 30 pontos, apenas três a mais que o Vasco, primeiro time do Z4. Com um jogo a menos que seus adversários — a Raposa ainda enfrenta o Cuiabá, fora de casa, no próximo sábado (14), pela 26ª rodada do Brasileirão —, os comandados de Zé Ricardo sabem que precisam se reencontrar com as vitórias para ter mais tranquilidade neste final de ano.

A má fase já é ruim por si só, mas uma situação a médio prazo, decorrente do momento negativo, também gera preocupação nos cruzeirenses: a duração média dos contratos do time do Cruzeiro.

O elenco celeste tem, em sua maioria, contratos longos, considerando que somente cinco jogadores ficam sem vínculo com a Raposa ao fim de 2023. Em determinados contextos, contratos um pouco mais extensos, como os que vão até o fim de 2024, podem ser considerados curtos. Mas, com uma renovação do elenco parecendo cada vez mais inevitável para o próximo ano, até mesmo vínculos não tão longos podem gerar problemas.

Dada a situação do time no Campeonato Brasileiro, no que tange a classificação, desempenho, margem de evolução e largura do grupo de jogadores, o prognóstico de uma briga contra a queda até os momentos finais da competição parece o mais sensato. Sendo assim, as hipóteses de queda e permanência precisam ser trabalhadas. Mas, pensando na questão contratual, ambas as alternativas indicam a necessidade de uma reformulação no elenco para a temporada que virá a seguir.

Os contratos do elenco do Cruzeiro

  • Contratos que se encerram em dezembro de 2023: Bruno Rodrigues (empréstimo do Tombense), Gabriel Mesquita e Matheus Jussa (emprestado pelo Fortaleza), Nikão (emprestado pelo São Paulo), William (contrato de produtividade com cláusulas de renovação);
  • Contrato que se encerra em abril de 2024: Rafael Bilu;
  • Contratos que se encerram em junho de 2024: João Marcelo (emprestado pelo Porto) e Matheus Pereira (emprestado pelo Al Hilal);
  • Contratos que se encerram em dezembro de 2024: Wesley Gasolina, Marlon, Neris, Luciano Castán, Lucas Silva, Filipe Machado, Ramiro e Gilberto;
  • Contrato que se encerra em junho de 2025: Paulo Vitor;
  • Contratos que se encerram em dezembro de 2025: Rafael Cabral, Anderson, Palacios, Kaiki, Lucas Oliveira, Fernando Henrique, Mateus Vital;
  • Contratos que se encerram em dezembro de 2026: Arthur Gomes, Rafael Elias, Stênio e Wesley;
  • Contratos que se encerram em dezembro de 2027: Ian Luccas e Robert.
Titular da lateral-direita do Cruzeiro, William tem contrato até o fim de 2023, mas gatilhos para renovação podem estender vínculo
Titular da lateral-direita do Cruzeiro, William tem contrato até o fim de 2023, mas gatilhos para renovação podem estender vínculo – Foto: Marco A. Ferraz/Cruzeiro

Os riscos dos contratos longos

Considerando que o Cruzeiro alcance o objetivo traçado pelo staff de Ronaldo e se mantenha na Série A do Brasileirão, a tendência é que os investimentos na formação do elenco para 2024 aumentem, principalmente se o clube venha a conquistar uma classificação para competição internacional, o que é hoje uma projeção secundária, mas não impossível.

Visto a dificuldade do atual elenco em conquistar resultados no Brasileirão, não faria muito sentido manter a base do time. Além disso, o grupo celeste apresenta problemas em diversos setores, seja por número ou por qualidade dos atletas. Por isso, se permanecer na Série A, esperam-se muitas mudanças nas caras do Cruzeiro.

Com a maioria dos jogadores celestes tendo contratos que superam o fim de 2023, seria necessário que o Cruzeiro desse destino aos atletas indesejados. Seja os emprestando, vendendo ou negociando rescisões, um trabalho maior e mais difícil do que simplesmente deixar os vínculos se encerrarem. Além disso, ao ceder atletas para outras equipes, é comum que os clubes donos dos passes arquem com parte dos salários, o que, eventualmente, geraria mais despesas aos cofres celestes.

Se o pior acontecer e o Cruzeiro cair, é possível que uma renovação seja ainda mais iminente, tanto pela necessidade de se montar um elenco “de série B”, que provavelmente não comportaria nomes mais caros, como é o caso de Matheus Pereira, sem contar com o desgaste dos nomes do elenco com os torcedores.

Nomes criticados têm vínculos longos

Um outro ponto de atenção é o tempo de contrato de alguns jogadores que não se deram bem no Cruzeiro, mas que seguirão tendo vínculo por mais alguns anos. Alguns deles, como é o caso de Gilberto (contrato até dezembro de 2024) e Paulo Vitor (contrato até junho de 2025) demonstraram não ter o nível de uma Série A de Brasileirão, sendo que o primeiro citado se tornou o desafeto número um da torcida da Raposa.

Ainda é difícil cravar o destino de Paulo Vitor, pois uma avaliação interna definirá seu futuro e, levando em conta que ele veio do Real Valladolid, clube de Ronaldo na Espanha, é possível que sua situação seja tratada de forma diferente. Já Gilberto dificilmente seguirá na Raposa. O camisa 99 parece não ter clima no clube há muito tempo. Apesar disso, o contrato até o final do próximo ano cria a necessidade de uma negociação para sua saída, seja em comum acordo, seja por empréstimo, com o Cruzeiro pagando parte dos salários ou não.

Gilberto e Bruno Rodrigues têm permanência ameaçada no Cruzeiro, o primeiro pelo desempenho e o segundo pelo tempo de contrato
Gilberto e Bruno Rodrigues têm permanência ameaçada no Cruzeiro, o primeiro pelo desempenho e o segundo pelo tempo de contrato – Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Outros nomes que fazem temporada ruim, como Palacios, Mateus Vital, Fernando Henrique e Stênio têm contratos ainda mais longos. Pode ser que estes sigam no elenco como opções, mas, a menos que haja grande reviravolta, é improvável que tenham vida longa como titulares do time.

Algumas apostas também possuem vínculos extensos, como é o caso de Rafael Elias, que apesar de ainda não ter nenhuma temporada em alto nível como profissional, ganhou um contrato até o fim de 2026. Wesley e Arthur Gomes possuem contratos com a mesma longevidade que o de Papagaio, mas isso já era esperado, visto o investimento feito na compra de ambos.

Resta saber qual será a postura da direção celeste para 2024, seja qual for a situação em que o clube se encontrar. Reformulação geral de um elenco que demonstrou defasagem em relação a liga nacional ou manutenção dos jogadores, impulsionada pelos contratos longos. O certo é que dessa vez as coisas serão diferentes de 2022, quando o Cruzeiro subiu em setembro, e Pedro Martins e companhia terão menos tempo para planejar.

Foto de Maic Costa

Maic CostaSetorista

Maic Costa é mineiro, formado em Jornalismo na UFOP, em 2019. Passou por Estado de Minas, No Ataque, Superesportes, Esporte News Mundo, Food Service News e Mais Minas, antes de se tornar setorista do Cruzeiro na Trivela.
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