Caixinha repete no Santos parte dos erros que o derrubaram no Red Bull Bragantino
Visto como um profissional "acadêmico" em Portugal, o treinador está ameaçado no Peixe

Sob forte risco de demissão no Santos, o técnico Pedro Caixinha parece repetir parte dos erros que o fizeram perder o grupo de jogadores e o emprego no Red Bull Bragantino. Dono convicções muito definidas, o treinador português viu a sua passagem pelo time de Bragança Paulista chegar ao fim, entre outras coisas, por não abandoná-las nem mesmo quando a fase era claramente ruim.
Visto em Portugal como um técnico “acadêmico”, Caixinha, apesar do belo discurso, ainda não conseguiu colocar em prática a sua filosofia no Peixe e insiste na escalação de atletas que não vivem boa fase. O caso que mais salta aos olhos do torcedor é o do atacante Guilherme.
A insistência de Caixinha nas convicções
Jornalista que cobre o Red Bull Bragantino pelo “Correio de Atibaia”, Rodrigo Seixas lembra que após o bom desempenho na primeira temporada, em 2023, Caixinha não soube ser flexível em relação às suas ideias de jogo nem nos momentos de crise da equipe, já em 2024.
— Ele é um treinador que tem ideias bem definidas e insiste muito nelas. Mesmo nos momentos ruins. Aqui no Bragantino, ele conseguiu implantá-las bem no primeiro ano. Mas no segundo ano, quando os resultados começaram a não vir, ficou complicado para ele convencer os jogadores — diz o repórter.
O Red Bull Bragantino informa que Pedro Caixinha não é mais o treinador da equipe.
— Red Bull Bragantino (@RedBullBraga) October 27, 2024
O português deixa o comando técnico com 50 vitórias, 38 empates e 36 derrotas nos 124 jogos em que esteve à frente do clube de Bragança Paulista. Com Caixinha, o Massa Bruta chegou a duas… pic.twitter.com/mzpLzm1ZLQ
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Acadêmico, Caixinha tem perfil para o Santos?
Jornalista do “A Bola”, de Portugal, João Almeida Moreira viu Caixinha iniciar a carreira como olheiro de Fernando Santos – técnico campeão da Eurocopa 2016 – no Sporting e acompanhou, à distância, a passagem do treinador pelo Red Bull Bragantino.
Sensato, ele faz uma reflexão interessante sobre o perfil do treinador.
— Assim como o Renato Paiva, que está no Botafogo, Leonardo Jardim, no Cruzeiro, e o Luís Castro, o Caixinha é um treinador acadêmico. Ele é um técnico com todos os cursos de Portugal e alguns da UEFA. Mas não tem a experiência de um ex-jogador profissional. Quando ele chega ao Red Bull Bragantino, exalta bastante números e porcentagens, e isso funciona bem, porque lá é um clube sem a pressão que existe no Santos e com a imensa tolerância da diretoria — fala Moreira.
— Por ser acadêmico, o Caixinha é um treinador que precisa de tempo para trabalhar. Mas no Santos os resultados precisam aparecer com mais rapidez, porque a diretoria não tem o mesmo pensamento dos representantes do Red Bull Bragantino e a torcida é muito mais exigente. Diante disso, talvez o perfil do Caixinha não se encaixe com o do clube — acrescenta o jornalista português.

Cobrança do presidente e vaias da torcida
A reflexão de Moreira é condizente com aquilo que Caixinha viveu nas últimas semanas como técnico do Santos.
Por mais que tenha levado o Peixe às semifinais do Campeonato Paulista, o nível de atuação e resultados nos dois primeiros compromissos do Campeonato Brasileiro, diante de Vasco e Bahia, já fizeram o português ser cobrado publicamente pelo presidente Marcelo Teixeira e ser vaiado na Vila Belmiro.
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Em razão desses fatos, a continuidade do treinador no Peixe está, aparentemente, ligada àquilo que a equipe demonstrar diante do Fluminense, domingo (13), às 19h30 (horário de Brasília), no Maracanã.
Se uma vitória pode trazer paz para Caixinha seguir o trabalho, uma derrota pode decretar a demissão do português.