Brasil

Depois de artilheiro, camisa 10 da base pode ser mais um a deixar o Atlético-MG sem chances no profissional

O Atlético está próximo de se despedir de mais uma de suas promessas da base, dessa vez o meia Yan, camisa 10 do time Sub-20

Sempre criticado por não dar as oportunidades necessárias para os jogadores da base, o Atlético-MG arrumou mais um motivo para ser desaprovado com o seu torcedor, estando próximo de negociar o meia Yan Philipe, camisa 10 do Sub-20 que se destacou na disputa da Copinha e nunca recebeu uma real chance no time profissional.

O Atlético está próximo de negociar Yan com outro Atlético, o de San Luis, do México. A informação foi adiantada pelo SuperDeportivo e confirmada pela Trivela com fontes ligadas ao jogador e ao clube. A negociação ainda não está concluída, como garantiu uma pessoa ligada ao meia: “Nada oficial ainda”. Segundo o veículo mexicano, o San Luis comprará 80% do passe do jogador de 19 anos. Os valores não foram informados.

Caso a negociação seja confirmada, Yan deixa o Atlético após ter se destacado na Copinha, com dois gols e uma assistência em três jogos na primeira fase. Ele se lesionou no último jogo e acabou perdendo a segunda fase, quando o Galo foi eliminado pelo Sfera-SP. O jogador se tornou um dos grandes destaques da base atleticana em 2021, atuando pelo Sub-17. No Sub-20, foi bem em 2022, mas caiu de produção em 2023.

Dono da camisa 10, Yan celebra um de seus gols na Copinha (Bruno Sousa/Atlético)

No México, o jovem meia pode se encontrar com Léo Bonatini, atacante ex-Cruzeiro, e Rodrigo Dourado, meia ex-Internacional. O time ainda é comandado pelo brasileiro Gustavo Leal, facilitando assim sua adaptação. O Atlético San Luis tem 51% de suas ações pertencentes ao Atlético de Madrid, da Espanha.

Yan pelo Atlético desde o seu destaque no Sub-17 (2021)

  • 84 jogos (1 no profissional)
  • 39 gols
  • 12 assistências

Mais uma promessa da base deixando o Atlético

A provável saída de Yan pode ser a segunda perda de uma promessa da base do Atlético na semana. Artilheiro do Sub-20 em 2023, Isaac Tomich não recebeu chances no time principal e, junto com seu empresário, decidiu procurar um novo clube ao fim do contrato, que termina em abril deste ano. Podendo já assinar pré-contrato, ele se acertou com o Coritiba, como a Trivela informou com exclusividade nesta segunda-feira (22).

Se juntar as oportunidades para Yan e Isaac, não dá cinco jogos no profissional. Pior, não dá duas partidas inteiras se somarmos os minutos: 102 para o atacante e 18 para o meia (lá em 2022). Mas eles não estão sozinhos quando o quesito é o Atlético não dar oportunidades aos jovens.

O Galo sofreu com a pressão da torcida para usar mais a base em 2023, mas isso não aconteceu. Em 2024, a promessa é de mais minutos, mas não é o que parece que vai acontecer. Para piorar, caiu cedo por mais um ano na Copinha, mostrando que a reformulação (que está dando certo nas categorias inferiores) ainda está longe de atingir as mais vistas e “relevantes”.

O Atlético e a base

Neste século, o Atlético não tem sido um time que sabe utilizar bem a sua base. São poucos os jogadores revelados pelo clube, que ainda ainda faz vendas abaixo da expectativa. O último grande craque que saiu da Cidade do Galo foi Savinho, que sempre foi apontado pelos especialistas como um dos jogadores mais promissores de sua geração, sendo membro e titular das Seleções Brasileiras de base. No entanto, o Alvinegro quase não deu oportunidades para ele, que teve apenas apenas 35 jogos, sendo só 969 minutos em campo, dando uma média de 27,6 minutos em campo.

Para piorar, em meio a negócios com valores exorbitantes, o Galo o vendeu por “apenas” 6,5 milhões (R$ 35 milhões na época) ao Grupo City. Hoje, Savinho é um dos principais destaques do surpreendente Girona, líder da La Liga, e tem a atenção do próprio Manchester City, que faz parte do grupo que tem os seus direitos, e do Barcelona. Ele também já faz parte da Seleção Olímpica.

Tentativa de mudanças no Atlético

O Atlético tenta na gestão atual, do presidente Sérgio Coelho, mudar a forma como o clube trabalha com a base. Para isso, contratou o renomado Erasmo Damiani, que fez ótimo trabalho no Palmeiras, clube que hoje em dia é um dos grandes formadores do país. O Galo convidou a Trivela para um bate-papo sobre as categorias de base e expôs alguns dados que mostram a evolução do clube na situação. No entanto, isso ainda não reflete no profissional. A promessa é de ter mais jovens, não só no elenco como com minutos, a partir do próximo ano.

– A tendência ano que vem é ter esses jogadores com minutagem. É o passo dois, dar minutagem em estadual e outras situações. Passar confiança para os atletas. O Rodrigo Caetano sabe que o clube precisa (de jovem para jogar e vender), e você só vai começar a ter esses atletas ali se tiverem oportunidade. Ano que vem o clube caminha para que isso aconteça – disse Erasmo.

Uma das mudanças que Damiani fez questão de repetir algumas vezes na sua apresentação sobre a “nova” base do Atlético é como eles estão trabalhando para fidelizar os atletas. Nesse caso, a ideia é tornar os jogadores da base verdadeiros torcedores e admiradores do clube, para quando eles se “formarem”, não deixem o Galo. Isso, aparentemente, não vai funcionar com Isaac, apesar dele estar no Alvinegro desde os 14 anos. No entanto, funcionou com o já citado Mateus Iseppe e o também meia Alisson Santana, que renovaram seus contratos recentemente.

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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