Ásia/Oceania

Neymar segue sem empolgar no Al-Hilal mesmo após 1º gol, mas isso não preocupa Seleção

Atacante vive pior início por um clube na carreira, mas Diniz confia na referência que Neymar exerce na Seleção

Após cinco jogos, Neymar enfim desencantou com a camisa do Al-Hilal. O atacante marcou um dos gols da vitória por 3 a 0 sobre o Nassaji Mazandaran, do Irã, pela Liga dos Campeões da Ásia nesta terça-feira (3). Um primeiro gol para enfim “estrear” pela equipe. Mas que ainda é bem pouco, perto da expectativa dos milhares de torcedores que ele arrasta às arquibancadas e do bilhão de reais que o clube saudita gastou (e gastará) nos dois anos em que o camisa 10 ficar por lá.

A verdade é que Neymar nunca havia vivido um início tão ruim em sua carreira quanto o que ele vive no Al-Hilal. Nunca antes, ele havia ficado tanto tempo desde a estreia por uma equipe sem marcar. Isso, que ele já perdeu pênalti numa partida anterior, apesar de ter distribuído um par de assistências. Aquele que por muito tempo foi candidato a melhor do mundo vive ostracismo em uma liga considerada “menos competitiva”. Mas isso (ainda) não preocupa o técnico Fernando Diniz na Seleção.

“O Neymar é um talento, um tipo de jogador que demora muito para nascer outro. Ele é muito especial. Vendo de fora, eu afirmei várias vezes isso. Ele é muito, muito, muito fora da curva. É um dos maiores jogadores da história”. (Fernando Diniz)

Neymar vive início “tímido” na Arábia Saudita

Após ser recebido com uma apresentação estelar, Neymar demorou a estrear pelo Al-Hilal. Ele chegou com duas lesões musculares que viraram motivo de polêmica entre Jorge Jesus e Fernando Diniz. O técnico português disse que o atacante não tinha condições de atuar e criticou a convocação. Mas o camisa 10 se apresentou à Seleção, fez dois gols que o fizeram ultrapassar Pelé para virar o maior artilheiro da história do Brasil e só depois retornou à Arábia Saudita para estrear pelo clube.

A estreia foi com goleada por 6 a 1 sobre o Al-Riyadh – nenhum deles de Neymar. Depois, o atacante teve a grande chance de marcar seu primeiro gol na vitória por 2 a 0 sobre o Al-Shabab. Era um pênalti, especialidade da casa… Mas ele desperdiçou a cobrança. Sorte que o camisa 10 se redimiu com a assistência para Koulibaly marcar neste mesmo jogo. O gol só veio – enfim – nesta terça-feira.

Neymar pelo Al-Hilal

  • 5 jogos
  • 1 gol
  • 2 assistências
  • 1 pênalti perdido

Momento não preocupa a Seleção Brasileira

Ainda antes de anunciar a sua primeira convocação, Fernando Diniz se preocupava com o impacto que atuar em uma liga menos competitiva e no calor escaldante da Arábia Saudita poderia ter no futebol de Neymar na Seleção. Bastou a primeira Data Fifa para a preocupação do técnico se dissipar – ao menos por ora. Tudo isso, graças à resposta que o camisa 10 deu em campo – seja em jogos ou em treinos – pelo Brasil.

O atacante é defensor e admirador confesso do trabalho do treinador e comprou sua ideia de imediato. Os relatos são de que Neymar só aceitou voltar à Seleção após a Copa do Mundo de 2026 graças a Fernando Diniz. No dia a dia de trabalhos, o camisa 10 se mostrava sempre interessado e abraçou a missão de ser a referência da equipe em campo, mas com função diferente.

Com Diniz, Neymar percorre todo o campo e às vezes se posiciona até como zagueiro para iniciar as jogadas. Ver o jogador correndo até a linha de defesa durante um treinamento virou motivo de orgulho para Diniz. Em uma entrevista coletiva, o atacante chegou a revelar espanto com a metodologia de Diniz.

– O Diniz faz um trabalho completamente diferente de tudo o que eu presenciei. É um outro tipo de futebol. Tem mentalidade muito diferente. A maioria dos treinadores faziam quase as mesmas coisas. O Diniz, não. Ele gosta de reinventar o futebol, dar opções. É um cara muito interessante. Achei muito diferente. Mas muito prazeroso de chegar à Seleção. Depois de 13 anos, vem um cara te colocar um estilo de jogo completamente do que você fez – disse Neymar.

“Em casa” na Seleção, Neymar abraçou a missão de comandar a Seleção na mesma medida em que foi abraçado por comissão técnica e jogadores. Prova disso é que até mesmo companheiros de longa data – caso de Danilo, que atua com o atacante desde os tempos de Santos – perceberam que o camisa 10 está feliz como não ficava há muito tempo com a convocação para a última Data Fifa.

– O processo está mais leve com a chegada dele aqui. O Neymar é um talento, um tipo de jogador que demora muito para nascer outro. Ele é muito especial. Vendo de fora, eu afirmei várias vezes isso. Ele é muito, muito, muito fora da curva. É um dos maiores jogadores da história. Ele merece que essa página seja escrita. Vocês me veem como uma pessoa séria. Eu trato o futebol como toda a minha vida. O Neymar merece muito respeito – elogia Diniz.

“A casa dele É a seleção brasileira. É o lugar em que ele se sente melhor. Espero que ele esteja alegre, em seu melhor nível. Quando está assim, é difícil de segurar”. (Danilo)

Seleção à espera de Neymar

Com Neymar como referência, a Seleção enfrenta a Venezuela em 12 de outubro, às 21h30 (horário de Brasília), na Arena Pantanal, em Cuiabá, pela terceira rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Depois, no dia 17, o adversário será o Uruguai, no Estádio Centenário, em Montevidéu. O Brasil lidera as Eliminatórias com seis pontos e 100% de aproveitamento nos dois primeiros jogos.

Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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