Copa da Ásia

Técnico da Arábia Saudita, Roberto Mancini se surpreende com exigências de atletas desconvocados da Copa da Ásia

Al-Faraj, Al-Ghanem e Al-Aqidi foram deixados de fora por Roberto Mancini do grupo da Arábia Saudita para Copa da Ásia após imposições

A Arábia Saudita sequer estreou na atual edição da Copa da Ásia e já vive um momento conturbado. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (15), véspera da partida contra Omã pela primeira rodada do Grupo F, o técnico Roberto Mancini confirmou que o goleiro Nawaf Al-Aqidi, o lateral-direito Sultan Al-Ghannam e o capitão e meio-campista Salman Al-Faraj se recusaram a jogar pela seleção nacional.

Segundo o treinador, os três fizeram exigências para estarem no grupo saudita e por isso ficaram de fora da competição continental. Enquanto Al-Ghannam e Al-Aqidi requisitaram a titularidade absoluta na equipe do comandante italiano, Al-Faraj pediu para não disputar os amistosos preparatórios para a Copa da Ásia.

— Foram eles que decidiram não jogar pela seleção nacional, não eu. Al-Faraj me disse que não queria jogar amistosos e Al-Ghannam que não estava feliz em jogar pela seleção nacional. E Al-Aqidi (que chegou a ser incluído na lista de convocados para Copa da Ásia) disse ao treinador de goleiros que se não fosse titular não queria ficar — afirmou Mancini.

— Eles estavam na lista. Al-Ghannam e Al-Aqidi pediram para jogar como titulares, mas eu sou o treinador e quem toma as decisões. Perguntamos duas ou três vezes aos três se gostariam de jogar pela seleção nacional e a resposta foi não — completou.

Roberto Mancini ainda destacou que esta é a primeira vez em mais de 20 anos de carreira como treinador que passa por uma situação do tipo. O técnico italiano também frisou que o assunto não será mais abordado por ele e que é preciso estar feliz em representar a Arábia Saudita para ser convocado.

— Entendo o desejo dos jogadores experientes de jogarem como titulares, mas não entendo por que um jovem jogador de futebol se recusa a ingressar na seleção nacional se não tiver uma vaga garantida. Quero incluir jogadores que queiram representar seu país e não quero voltar a falar de Al-Faraj, Al-Ghannam e Al-Aqidi. Você deve estar feliz por fazer parte deste grupo. Esta é uma situação muito estranha e é a primeira vez que passo por isso, mas encontramos outros jogadores para jogar — declarou.

Campeão da Eurocopa de 2021 com a Itália, Roberto Mancini foi anunciado como novo comandante da Arábia Saudita no fim de agosto do ano passado. Desde então, a seleção saudita somou quatro vitórias, dois empates e três derrotas.

O que perde a Arábia Saudita sem os três?

Todos os três jogadores que ficaram de fora da convocação final para a Copa da Ásia defenderam a Arábia Saudita na Copa do Mundo de 2022. Dois deles, inclusive, eram cotados como titulares absolutos para a nova competição internacional realizada no Catar, esta entre janeiro e fevereiro de 2024.

O goleiro Nawaf Al-Aqidi tem 23 anos, é dono da posição no Al-Nassr (time de Cristiano Ronaldo) e soma quatro partidas pela Arábia Saudita, todas em 2023. Apenas uma delas, no entanto, foi sob o comando de Roberto Mancini. O arqueiro chegou a estar na lista de convocados para Copa da Ásia e seria o camisa 1 da equipe, mas foi cortado após exigir a titularidade.

— Nawaf disse que viria, mas no dia seguinte mudou de ideia. Conversamos e o colocamos na lista. Estávamos no centro de treinamento quando ele foi ao treinador de goleiros e disse: “Não quero ficar aqui. Se eu não vou jogar, não quero ficar” — explicou Mancini.

Sultan Al-Ghannam é outro titular do Al-Nassr, somando três gols e oito assistências em 27 partidas nesta temporada. Pela Arábia Saudita, foram 30 jogos disputados até aqui, incluindo os três da fase de grupos da Copa do Mundo de 2022. Apesar de ser presença constante em convocações, sua última boa sequência de partidas pela seleção nacional foi em 2021.

— Perguntei ao Sultan se estava feliz por ser convocado. Ele me disse: “Não estou feliz, ou eu jogo ou eu não vou”. Nenhum jogador decide por mim quando jogar e quando não jogar — comentou Mancini ao detalhar a situação do lateral-direito.

Por fim, Salman Al-Faraj era o capitão da Arábia Saudita, tendo disputado 73 partidas pelo país, marcado dois gols e estado nas Copas do Mundo de 2018 e 2022. Aos 37 anos, tem perdido espaço no Al-Hilal (equipe de Neymar) nos últimos tempos e participou de apenas 12 compromissos do clube nesta temporada. Mesmo assim, era um nome de peso no grupo saudita e não era cogitado fora da convocação final antes dos conflitos que o tiraram daquela que seria sua segunda Copa da Ásia.

Foto de Felipe Novis

Felipe NovisRedator

Felipe Novis nasceu em São Paulo (SP) e cursa jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Antes de escrever para a Trivela, passou pela Gazeta Esportiva.
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