Refém das próprias escolhas de elenco, Palmeiras depende de garotos para achar soluções
Palmeiras e Abel Ferreira negociaram jogadores, não os repuseram e não conseguiram formar seus substitutos
A lesão de Dudu escancarou algo que já era claro no Palmeiras: faltam opções no elenco. Abel Ferreira não fez questão de esconder sua insatisfação na coletiva de imprensa que concedeu após o empate sem gols contra o Boca Juniors, na quinta-feira (28), em Buenos Aires, pela semifinal da Copa Libertadores.
Mais de uma vez, durante respostas ásperas dadas aos jornalistas, o treinador deixou claro que gostaria de ter mais opções para pensar o time, em especial para o lugar de seu camisa 7. E que faz o melhor que pode com o que tem – mandando recado direto para a diretoria.
Ao mesmo tempo, porém, em que pesem os motivos de suas escolhas, ele deixa de dizer que algumas das peças que ele hoje não tem deixaram o clube com sua anuência.
São os casos de Giovani, Tabata, Wesley e Veron. Do quarteto, o caso mais notório é o de Giovanni.
O atacante Giovani, atualmente no Al Sadd, do Catar, teve pouquíssimos minutos com Abel. É verdade que ele teve uma lesão no tornozelo em 2022, que o clube até tentou tratar com sigilo, e que atrapalhou seu desenvolvimento. Mas, uma vez recuperado, não teve chances suficientes para se desenvolver e poder firmar.
Já Wesley e Veron foram liberados mediante oportunidades e necessidades financeiras. Ao contrário de Giovani, o que não faltou a Veron foi chance. Mas até diante de alguns comportamentos extracampo, Abel não titubeou em aceitar sua liberação.
Wesley teve um caminho diferente. Titular antes da chegada de Abel, teve lesão grave no jogo de estreia do técnico, em novembro de 2020. Voltou titular na final da Copa do Brasil, em março de 2021, e teve uma longa jornada.
Mas sua saída teve mais a ver com o fato de ter perdido a confiança de Abel do que com uma necessidade de negociá-lo, dado que o jogador vinha jogando cada vez menos na última temporada. Hoje, é titular no Cruzeiro.
Tabata também é um jogador que jogou menos do que gostaria, o que pesou muito para sua saída e que também atrapalhou seu desenvolvimento no clube. Vale dizer também que prevaleceu a vontade do atleta, uma vez que a torcida passou a pegar no seu pé.
Pouca rodagem
Desse modo, Abel, de repente, se vê com opções que, ele mesmo admite, não têm rodagem suficiente. Mais parecido com Dudu dentre todos do elenco, Kevin soma três minutos jogados na Libertadores, por exemplo.
Outro que pode ter que jogar, se a lesão que tirou Zé Rafael de campo antes do fim da partida contra o Boca, Fabinho somava 76 minutos de participação na Libertadores até entrar na partida na Bombonera.
Endrick, que foi perdendo espaço no time, tem apenas 69 minutos pelo Continental. Flaco López também jogou pouco pelo torneio.
E, desse modo, e mais uma vez sem fazer qualquer afirmação de que o tempo dado a cada atleta é injusto, o Palmeiras não conseguiu preparar os jogadores para usar quando necessitasse, ficando refém das próprias escolhas.
Para piorar, parece claro que Abel não tem atletas em quem confie no banco. Tanto que as mexidas se dão quase sempre na base do seis por meia-dúzia, pensando mais em manter o ritmo físico do time do que em mudar o panorama do jogo.
Para esse ano, nada vai mudar. Até porque, faltam apenas 90 minutos para o Palmeiras ir ou não para a final da Libertadores. Mas, se quiser viver algo diferente para o próximo ano, se não for contratar, o clube precisa preparar suas opções.