Libertadores

Agora dirigente, Fred mantém escrita: desde que chegou em 2009, o Fluminense só é campeão com ele

Um dos maiores ídolos da história do Fluminense, Fred conquista título da Libertadores em primeiro ano como dirigente, e reforça relação incrível com o clube

O dirigente Fred ainda é uma novidade no Fluminense. Um dos maiores ídolos da história do clube, o ex-atacante pendurou as chuiteiras e virou diretor de planejamento de futebol no CT Carlos Castilho. Mas uma coisa se manteve: desde que pisou em Laranjeiras pela primeira vez, em 2009, o Flu só sabe o que é ser campeão com ele.

Aos poucos, Fred deixou os campos Abel Braga, Altair e Carlos Alberto Parreira pela sala do departamento de futebol, bem ao lado. Trocou os uniformes de treino e jogo por trajes em esporte fino que geram brincadeiras na resenha com ex-companheiros.

 

Ver esta publicação no Instagram

 

Uma publicação partilhada por Fred (@fredguedes9)

Para produzir esse especial sobre um Fred diferente, a Trivela ouviu pessoas que participam do dia a dia do Fluminense no CT, em Laranjeiras e até em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, bairro onde mora. E os elogios se somam.

Das piadas do capitão Nino aos ouvidos atentos ao diretor executivo Paulo Angioni, Fred mostrou que sua estrela não era só pela camisa 9 do Fluminense. Ele é um dos raríssimos casos de alguém que deixou saudades em campo e brilhou rapidamente em nova função nos bastidores do futebol.

Fred posa em frente à torcida do Fluminense após conquistar a Libertadores como dirigente - Foto: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.
Fred posa em frente à torcida do Fluminense após conquistar a Libertadores como dirigente – Foto: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.

Início difícil com pressão fora de campo no Fluminense

Quando o ano de 2023 do Fluminense for observado sob os olhos do futuro, dificilmente a temporada será lembrada por qualquer oscilação. O time empolgou o país no primeiro semestre e terminou a temporada pelo menos campeão da Libertadores — ainda disputará o Mundial de Clubes em dezembro.

 

Ver esta publicação no Instagram

 

Uma publicação partilhada por Fred (@fredguedes9)

Mas algumas fases ruins durante a temporada, claro, fizeram a pressão aumentar. Se dentro de campo Fred estava acostumado a resolver, fora dele, precisou se adaptar.

Desde o início, o ex-atacante adotou um estilo low profile como dirigente, mas algumas lamentáveis idiossincrasias do futebol brasileiro foram impossíveis de controlar.

Seu telefone pessoal, por exemplo, foi vazado, e algumas pessoas o incomodaram em uma sequência de derrotas. Nada que lhe tirasse o sono, mas reduziu um pouco sua frequência nas redes de futevôlei do posto 9, em Ipanema.

Emocionado, Fred comemora título da Libertadores com David Braz, companheiro em seus tempos de jogador no Fluminense - Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC
Emocionado, Fred comemora título da Libertadores com David Braz, companheiro em seus tempos de jogador no Fluminense – Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC

Fred se esforça para ‘aprender' nova função no Fluminense

Um craque dentro de campo, Fred aprendeu muita coisa no mundo do futebol, mas com a condição técnica que tinha, não chegava a ter grandes desafios. Fora dele, esforço: o ex-atacante fez valer a máxima “uma boca e dois ouvidos”. Falava bem menos do que ouvia.

Teve participação decisiva em negociações importantes, como o retorno de Marcelo, Marlon e Danielzinho ao Fluminense. Ex-companheiros nos tempos de jogador, todos receberam ligações do dirigente Fred. Ao telefone, destacava sempre o bom ambiente e o objetivo para 2023: ser campeão da Libertadores da América.

Seus grandes mentores são os amigos e “chefes” Mário Bittencourt e Paulo Angioni. As aspas não são à toa. O executivo de 76 anos, na prática, não é hierarquicamente superior ao seu ex-comandado dos tempos de atleta. Nem o trata assim. De igual para igual, gosta de ter Fred ao lado e faz perguntas técnicas sobre atletas.

Fred, já dirigente do Fluminense, com seus mentores: o diretor executivo Paulo Angioni e o presidente Mário Bittencourt - Foto: MARCELO GONÇALVES / FLUMINENSE F.C.
Fred, já dirigente do Fluminense, com seus mentores: o diretor executivo Paulo Angioni e o presidente Mário Bittencourt – Foto: MARCELO GONÇALVES / FLUMINENSE F.C.

Quem também gosta de ouvi-lo é Ricardo Correa, chefe do departamento de scout do clube. Seus comandados da pasta são próximos de Fred, que também absorve conhecimento deles sempre que possível.

Fora do trabalho, participa de confraternizações, paga apostas com gosto, ajuda funcionários e está sempre ao lado deles. Traços que guardou da carreira como jogador. Mesmo sem todo o arcabouço teórico e o refino acadêmico de outros, na prática, já tem o DNA tricolor de se preocupar com o lado humano dos profissionais do futebol.

Taças como jogador se unem à Libertadores como dirigente

Fred pode até estar distante da lista dos maiores campeões da história do Fluminense. São dois Campeonatos Brasileiros (2010 e 2012), dois Campeonatos Cariocas (2012 e 2022) e a Primeira Liga como jogador. Agora, se unem ao Carioca e à Libertadores de 2023, conquistadas como dirigente.

Para muitos o maior ídolo da história do Fluminense, Fred conquistou Libertadores como dirigente após linda carreira no clube como jogador - Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC
Para muitos o maior ídolo da história do Fluminense, Fred conquistou Libertadores como dirigente após linda carreira no clube como jogador – Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC

Fato é que desde que pisou em Laranjeiras, em 5 de março de 2009, o Fluminense só foi campeão com Fred por lá. Como jogador, ídolo ou dirigente. Em campo ou lesionado. Importante ou não na competição.

Todas as taças no período passaram pelas mãos do ídolo, assim como a da Libertadores: foi ele o primeiro a tocar nela no gramado do Maracanã em 4 de novembro, dia em que o Fluminense acabou com sua maior obsessão. E se Fred chegou um ano depois da primeira final da competição que o Tricolor, pouco importa. Ele sabia da importância da conquista e do jeito que foi possível ajudar, esteve lá. Eterno.

Foto de Caio Blois

Caio Blois

Caio Blois nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e se formou em Jornalismo na UFRJ em 2017. É pós-graduado em Comunicação e cursa mestrado em Gestão do Desporto na Universidade de Lisboa. Antes de escrever para Trivela, passou por O Globo, UOL, O Estado de S. Paulo, GE, ESPN Brasil e TNT Sports.
Botão Voltar ao topo