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Di María: “Eu me dei conta de que tinha que mudar e o psicólogo me ajudou bastante”

Ángel Di María falou sobre seus desafios rumo à Copa do Mundo e o gosto por brilhar no tri mundial da Argentina

Ángel Di María deixou a Copa do Mundo definitivamente como uma lenda da seleção da Argentina. O ponta colecionava grandes momentos com a Albiceleste, especialmente pelo gol do título na Copa América de 2021 e pelo tento que valeu o ouro nas Olimpíadas de 2008. Ainda assim, o Fideo jogou pela eternidade incontestável no Catar. Fez uma baita final contra a França e expressou sua enorme contribuição para o tricampeonato mundial. Isso enquanto superava seus próprios desafios, entre os momentos nos quais perdeu sua confiança e os temores causados por uma nova lesão durante o Mundial.

Nesta semana, Di María esteve na Argentina para disputar as partidas de despedida dedicadas a Maxi Rodríguez e a Juan Román Riquelme. O veterano aproveitou para participar de um programa de televisão chamado “Chave à eternidade” e rememorou sua caminhada à decisão da Copa do Mundo. Relembrou os momentos difíceis e a maneira como deu seu salto à glória.

A importância do apoio de um psicólogo

“Eu tive alta quase sozinho do psicólogo. Era mais por videochamada e telefone, porque eu estava fora e era alguém da Argentina. Eu percebi um par de coisas e disse ‘é isso, eu tenho que lidar'. Esse tempo com o psicólogo me ajudou bastante. O clique aconteceu na Copa América de 2019, quando sempre fiquei no banco. Isso me pegou um pouco. Eu me dei conta que tinha que mudar. Muitos diziam que eu não merecia estar na seleção, mas entendi que a opinião de quem está fora não importa e cheguei onde estou porque mereço”.

“Alguns estão aí para isso, para falar bem ou mal. Você tem família. Meus pais sofrem, estão na Argentina e ouvem tudo. Meu pai ama futebol. Quando a seleção joga e nós vamos, seguem falando. Essas críticas te matam, porque a família sofre. Muitas vezes vi os meus pais tristes. Minha mãe me perguntou por que eu seguiria sofrendo com a seleção. Um dia mudou tudo e pude dar a eles a alegria mais bonita, que é ser campeão com a Argentina”.

A lesão durante a Copa

“Eu não podia acreditar. Contra o México, senti uma pequena fisgada, como uma cãibra no quadríceps. Pensei que o melhor era parar e pedi a Scaloni para ser substituído. O estudo indicou uma cicatriz velha. A dor me impedia de frear e arrancar, que é o que mais faço. Psicologicamente, isso me pesou, porque eu estava bem. Apenas senti a fisgada e pensei ‘não, não pode ser, outra vez não'. Mas tratei de ficar positivo e pensar que era algo pequeno, que poderia continuar”.

“A lesão foi boa para mim, no fim das contas. Depois de não jogar contra a Croácia, tinha a adrenalina de estar na final sim ou sim. Tomei essa partida como uma a mais, sem a pressão de ter que ganhar, porque viemos de outras conquistas. Estava tudo um pouco mais tranquilo. Já tínhamos conquistado algo importante com a Argentina e alcançado as sete partidas, o que era o mais importante”.

A certeza de que jogaria a final

“Eu sabia que ia fazer um gol, mas não em qual momento. Não me vi do lado direito da prancheta e do nada me vi na esquerda. Não entendia nada. Scaloni me disse que ia jogar por ali, porque era o lugar onde podíamos causar mais problemas. Eu podia me divertir e abrir rombos na defesa. Quando vi que jogaria, fiquei arrepiado e pensei que era aquilo mesmo. Essa sensação de me ver no time era o que desejava há oito anos, desde que perdi a final em 2014”.

A preleção de Messi

“Leo falou menos coisas que na final da Copa América, mas me caíram um par de lágrimas. Não é de nervosismo, mas do momento que está vivendo. Viver isso é o mais lindo que se pode passar a um jogador de futebol”.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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