Mundial Sub-17: por onde andam os Bola de Ouro do século XXI?
Desde 2001 parte dos melhores atletas da competição ainda desfilam seu futebol pelo mundo
O Mundial Sub-17, principal competição de seleções da categoria, é também um laboratório para formação de craques da nova geração. A competição começou nesta sexta-feira com a vitória do Marrocos diante do Panamá, por 2 x 0, e também o triunfo de Mali sobre o Uzbequistão, por 3 x 0. Até o dia 2 de dezembro, o mundo estará de olho no que de melhor acontece no torneio, observando também o surgimento de nomes importantes para o esporte no futuro.
Jogadores como Marc Guiu, da Espanha, já figuram entre os elencos principais de seus clubes. E ele não é uma excessão. Ao longo dos anos, os melhores jogadores de cada edição do Mundial Sub-17 estiveram nos times das primeiras prateleiras do futebol mundial.
Mas, por onde andam os melhores jogadores de cada edição da competição desde 2001? Alguns despontaram como grandes expoentes do futebol e se tornaram referência técnica em times amplamente vencedores, outros não tiveram o mesmo prestígio, apesar de conseguirem mostrar ao mundo a sua melhor versão pelas seleções de base.
Bola de Ouro da Copa do Mundo Sub-17 desde 2001
2001 – Florent Sinama-Pongolle: França
Em 2001, o Mundial Sub-17 foi disputado no Caribe, mais precisamente em Trinidad e Tobago. O melhor jogador daqueça edição foi o Francês Sinama-Pongolle, artilheiro da competição com nove gols marcados, sendo sete somente na fase de grupos, quando marcou três diante dos Estados Unidos na vitória por 5 x 3 e mais três na goleada francesa por 5 x 1 diante do Japão. Os franceses inclusive eliminaram o Brasil nas quartas de final ao vencer por 2 x 1, com um gol de Pongolle, e na final, bateram a Nigeria por 3 x 0, ficando com o título pela primeira vez.
Após o Mundial sub-17, Sinama-Pongolle saiu do clube que o revelou, o Le Havre AC, e começou sua trajetória pelo futebol europeu, passando pelo Liverpool e sendo emprestado ao Blackburn. Em 2007, o atacante foi vendido ao Recreativo Huelva e contratado na temporada seguinte pelo Atlético de Madrid. Ainda na Europa, Pongolle passou pelo Sporting, Zaragoza, Saint-Étienne e Rostov. Em 2014, o centroavante trocou a Europa pela América do Norte e foi se aventurar pelo Chicago Fire dos Estados Unidos. Uma temporada depois, voltou ao Velho Continente para jogar no Lausanne-Sport da Suíça. Encerrou a carreira em 2019 com 380 jogos e 82 gols marcados.
2003 – Cesc Fábregas: Espanha
Disputado na Finlândia, o Mundial Sub-17 de 2003 teve como campeão a Seleção Brasileira, que bateu a Espanha na final pelo placar de 1 x 0, gol marcado por Leonardo Moura, zagueiro que passou pelo Santos. Porém, o grande destaque daquela competição foi o espanhol Césc Fábregas, que marcou cinco gols naquela edição. A geração de Césc foi a mesma de David Silva e outros grandes nomes do futebol espanhol, que posteriormente formariam a maior geração da Espanha, conquistando duas vezes a Europa, em 2008 e 2012, além de Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.
Revelado no Barcelona em 2002, Fábregas foi transferido ao Arsenal, da Inglaterra no ano seguinte. Ficou nos Gunners por oito temporadas e fez parte de um dos maiores times da história do clube, conquistando a Supertaça da Inglaterra e a Copa da Inglaterra em duas oportunidades. Voltou em 2011 para o Barcelona e fez parte do time de Guardiola, campeão da Champions League diante do Manchester United e do Mundial de Clubes diante do Santos.
Mantendo seu aproveitamento vencedor, foi para o Chelsea em 2014. Defendeu um dos maiores rivais do Arsenal durante cinco temporadas e faturou por duas oportunidades a Copa da Liga Inglesa, além da Premier League, por duas vezes, e a Liga Europa, na temporada 2018/2019. Chegou a ser contratado pelo Mônaco em 2019 e encerrou a carreira na última temporada defendendo o Como da Itália.
2005 – Anderson: Brasil
O Brasil foi o vice-campeão do Mundial Sub-17 em 2005, em torneio realizado no Peru. O campeão daquela edição foi o México, que bateu a Seleção Brasileira por 3 x 0 na grande decisão. Porém, mais uma vez, o melhor jogador da competição foi um atleta do país que ficou com o segundo lugar. Neste caso, o ex-meia Anderson, aquele mesmo da “Batalha dos Aflitos”, revelado pelo Grêmio, foi a grande sensação da competição. No mesmo ano em que fez história pelo Tricolor Gaúcho, ainda jogando como um jogador mais avançado, ele encantou o mundo com sua habilidade e coragem para driblar.
Marcou dois gols naquele mundial e foi transferido ao Porto, em 2006. Após um ano em Portugal, com 23 jogos disputados, três gols marcados e duas assistências, foi transferido ao Manchester United, da Inglaterra, onde sob o comando de Alex Ferguson potencializou seu jogo, se transformando de um atacante para um meia central de alto nível. Foram sete temporadas pelos Red Devils, com direito à conquista da Champions League e do Mundial de Clubes em 2008.
Anderson foi emprestado à Fiorentina da Itália em 2014, e após seis meses voltou para o Manchester United. No ano seguinte, voltou para o futebol brasileiro para jogar no Internacional, maior rival do clube que o revelou ao futebol. Entre indas e vindas do Colorado, encerrou a carreira em 2019 no futebol da Turquia, defendendo o Adana Demirspor.
2007 – Toni Kroos: Alemanha
Um dos maiores volantes da história do futebol contemporâneo, sem sombra de dúvidas. Toni Kroos é a imagem da elegância, efetividade e precisão do futebol alemão campeão da Copa do Mundo em 2014, em pleno Estádio do Maracanã diante da Argentina. Sete anos antes da conquista, o jovem estava desfilando seu futebol na Coréia do Sul, no Mundial Sub-17.
A Alemanha terminou a competição naquele ano em 3º lugar, após vencer Gana, que eliminou o Brasil nas oitavas de final. Toni Kroos marcou quatro gols no torneio. Curiosamente, foi a partir do Mundial que o jogador ganhou a oportunidade de jogar no time profissional do Bayern de Munique e escrever seu nome não só no time bávaro, mas no mundo inteiro.
Revelado pelo Grefiswalder e depois pelo Hansa Rostock, Kroos foi contratado pelo Bayern de Munique em 2007, após duas temporadas foi levado por empréstimo pelo Bayern Leverkusen. Retornou à Munique em 2010 e por lá ficou até 2014, quando foi contratado pelo Real Madrid, clube que defende até hoje.
2009 – Sani Emmanuel: Nigéria
Disputado na Nigeria, o Mundial sub-17 de 2009 teve como atração a estreia de Neymar com a camisa da Seleção Brasileira de base. Entretanto, nem mesmo a qualidade do jogador do Al-Hilal evitou o vexame do Brasil, eliminado ainda na primeira fase da competição. Coube a Sani Emmanuel, da própria Nigéria, o prêmio de melhor jogador do torneio. Atacante de muita velocidade, marcou cinco gols naquela edição, mas não conseguiu levantar o caneco, que ficou com a Suíça de Seferovic.
Emmanuel fez boa parte de sua carreira no futebol da Itália, defendendo a Lazio e a Salernitana. Seu último clube profissional foi o Oskarshams AIK da Suécia, que defendeu até 2015. Por conta de problemas sérios na região do tendão de Aquiles, precisou encerrar a carreira de forma precoce.
2011 – Julio Gómez: México
Disputado no México e vencido pelo Uruguai, o Mundial Sub-17 de 2011 teve como principal jogador o maia ofensivo Julio Gómez, que marcou três gols naquela edição e ajudou a sua seleção a chegar na final da competição, embora não tivesse conquistado o título. Sua carreira começou no Pachuca, e ele passou por outros vários clubes de menor expressão do país. Em 2018 foi contratado pelo Cruz Azul e no mesmo ano, foi encaminhado para o Loros, equipe de uma divisão inferior no México.
Apesar das exibições de destaque no Mundial Sub-17, com direito a um golaço de voleio diante da Alemanha na semifinal, acabou sem clube em 2020, e desde então, trabalha como assistente de obras nos Estados Unidos para se manter.
2013 – Kelechi Iheanacho: Nigéria
A edição de 2013 do Mundial Sub-17 aconteceu nos Emirados Árabes, e teve a Nigéria como campeã mais uma vez. O craque daquela competição foi nada mais nada menos do que Kelechi Iheanacho, jogador do Leicester e que já foi campeão pelos Foxes, vencendo a Copa da Inglaterra em 2021 e a Supercopa Inglesa em 2022. Em 2016, três anos depois da conquista da Copa do Mundo Sub-17, esteve no grupo do Manchester City campeão da Copa da Liga Inglesa.
Com 27 anos, é um dos maiores expoentes da atual geração da Nigéria, tendo disputado 47 partidas pela seleção principal de seu país e marcando 13 gols ao longo deste período.
2015 – Kelechi Nwakali: Nigéria
A Nigéria conquistou o bi-campeonato seguido do Mundial Sub-17 em 2015, chegando a atropelar o Brasil por 3 x 0 nas quartas de final e vencendo Mali na grande final. O melhor jogador daquela edição foi Kelechi Nwakal, autor de três gols, e peça importante de uma talentosíssima geração, que tinha como outros destaques Osimhen e Chukwueze.
Com 25 anos, Nwakali vive o auge de sua carreira e assim como Iheanacho é uma das lideranças técnicas da atual geração nigeriana. O meia central teve maior destaque nas categorias de base do Arsenal e entre indas e vindas por empréstimo dos Gunners, defende atualmente o Chaves de Portugal.
2017 – Phil Foden: Inglaterra
A Inglaterra venceu no mesmo período a Copa do Mundo Sub-17 e a Sub-20 e consolidou uma geração que pode conquistar a Europa em 2024 e quem sabe, a Copa do Mundo em 2026. O melhor jogador daquela edição foi o atual craque do Manchester City, Phill Foden, que no auge dos seus 23 anos, mostra um bom futebol pelos Citizens, que vão disputar o Mundial de Clubes no final deste ano.
Na atual temporada, Phill disputou 17 jogos e marcou cinco gols, sendo responsáveis por outras quatro assistências. Portanto, um dos maiores nomes da atual e talentosíssima geração inglesa.
2019 – Gabriel Veron: Brasil
Fechando a lista dos melhores jogadores do Mundial Sub-17 temos Gabriel Verón, estrela brasileira que jogou muita bola na edição de 2019, vencida de forma heroica pela Seleção Brasileira. Apesar de não ter sido o artilheiro da competição, foi um jogador importante com dribles e assistências, fazendo o jogo brasileiro fluir e contirbuindo muito para o título tupiniquim em casa.
Revelado no Palmeiras, venceu a Libertadores pelo Alviverde em 2020 e 2021, a Recopa Sul-Americana na temporada 2021/2022, além da Copa do Brasil de 2020. Foi contratado pelo Porto, clube que defende até o momento. Lá, ele levantou os canecos da Copa da Liga de Portugal e também da Supertaça Portuguesa.