Se chorei ou se sorri…
Vagner Love foi um dos maiores jogadores da história do CSKA Moscou. A frase é impactante, afinal, estamos falando de um jogador com apenas 27 anos e que está deixando o clube. Mas é verdadeira ao extremo.
Muitas vezes não conseguimos medir no presente a importância de um atleta ou mesmo de um time para a eternidade. Precisamos esperar o tempo passar e tornar aquilo velho para reconhecer sua grandiosidade. Muitas vezes nos esquecemos que a história é construída diariamente.
Foram 244 jogos e 117 gols. Dois Campeonatos Russos conquistados (2005 e 2006), cinco Copas da Rússia (2005, 2006, 2008, 2009 e 2011), três Supercopas nacionais (2006, 2007 e 2009) e o título mais importante do centenário CSKA, a Copa da Uefa de 2005.
Logo em sua segunda temporada em território russo, com apenas 21 anos, fez parte de um time que entrou para sempre na lembrança do torcedor moscovita. A base da defesa é a mesma até hoje, com Igor Akinfeev, os irmãos Berezutski e o zagueiro Sergei Ignashevich, enquanto do meio para frente apareciam Evgeni Aldonin, Elvir Rahimic, Daniel Carvalho, Milos Krasic, Ivica Olic… e Vagner Love, artilheiro do time na competição com quatro gols.
Love criou, com o passar dos anos, uma relação de amizade com o presidente do clube, Evgeni Giner, enorme. Hoje em dia era tratado como filho pelo mandatário. Só que o relacionamento com os companheiros já não era o mesmo. Seus amigos de primeiros anos na Rússia foram embora, seu técnico Valery Gazzaev também, e assim a vontade de retornar ao Brasil foi aumentando a cada dia.
A torcida não queria que Vagner fosse embora. O tem como grande ídolo que foi para o CSKA. Porém, entende que o tempo passou para o brasileiro com o uniforme azul e vermelho do time do Exército. Conflitos surgiram nos últimos anos entre jogador e torcida, mas nada suficientemente grande ou forte para abalar o casamento. Demonstrações claras de que a relação havia sido vencida pelo cansaço foram dadas pelo brasileiro. Como sua participação na festa de Ronaldinho Gaúcho no Fla.
Houve também um início de separação. Como esquecer da novela “Vagner Love no Timão”? As imagens da camisa corintiana com Vagner Love nas costas foram como fotos do marido que trai a esposa.
Quando problemas familiares apareceram, Vagner Love não pensou duas vezes em voltar para seu Rio de Janeiro. Pediu a Giner e foi atendido. Cedeu também, é verdade, já que foi obrigado a estender o contrato por mais uma temporada.
Foi um casamento conturbado, mas com um saldo final feliz. Vagner Love teve uma trajetória vitoriosa e histórica na Rússia. Foi um dos primeiros a abrir, definitivamente, as portas do mercado russo para os jogadores brasileiros. Hoje, um atleta daqui quando ouve falar em CSKA Moscou, Zenit São Petersburgo e até mesmo o “novato” Anzhi Makhachkala sabe do que se trata. Conhece o campeonato e pensa: “O Vagner Love joga lá”. Não, não joga mais, mas deixou as portas abertas.
Aspas do próprio
“Acredito que deixei a melhor impressão possível aqui no CSKA e na Rússia. Estou com sentimento de dever cumprido. Sempre defendi com unhas e dentes a camisa do CSKA e tenho a consciência que fiz muita coisa pelo clube, assim como eles também fizeram por mim, me dando todo o suporte e a chance de disputar campeonatos importantes. A partir de hoje sou um torcedor do CSKA, assim como do Flamengo, e vou ficar na torcida para que o clube continue no caminho das grandes conquistas”.
“Acredito que a pessoa que mais sofreu em todo esse processo foi ele. Ele tem um carinho muito grande por mim e sabe da minha importância dentro do clube, para a torcida. Mas o importante é que ele soube respeitar minha vontade nesse momento. A nossa relação não acaba aqui, certamente vamos nos encontrar no futuro e manter a amizade”.
CURTAS
– E como fica o CSKA Moscou agora?
– O técnico Leonid Slutsly deveria abandonar de vez o 4-4-2 e retornar o 4-2-3-1;
– Minha escalação: Igor Akinfeev, Kirill Nababkin, Sergei Ignashevich, Vasili Berezutski e Georgi Shennikov (Alexey Berezutski); Evgeni Aldonin, Pavel Mamaev, Keisuke Honda, Alan Dzagoev e Zoran Tosic; Seydou Doumbia;
– Lembrando que, agora, o clube tem apenas dois atacantes no elenco. Além do marfinense, Tomás Necid é a outra opção;
– Reforços, até agora, apenas o meia/atacante nigeriano Ahmed Musa (ex-VVV Venlo), e o meia sueco Pontus Wernbloom (ex-AZ), que pode substituir Honda (desejado pela Lazio);
– Apenas lembrando que o CSKA é o vice-líder do Campeonato Russo, seis pontos atrás do Zenit faltando 12 rodadas, e que enfrenta nas oitavas de final da Liga dos Campeões o Real Madrid.