30 motivos de orgulho ao futebol da Macedônia do Norte, além da classificação inédita à Eurocopa

A seleção da Macedônia do Norte entrou no mapa das competições internacionais nesta semana. Com a vitória por 1 a 0 sobre a Geórgia, na repescagem da Euro 2020, a equipe confirmou sua presença inédita no torneio. O feito é impulsionado pelo atalho garantido pela Uefa, que ofereceu uma vaga aos times que compunham a quarta divisão da Liga das Nações na primeira edição da disputa. Os macedônios agarraram a oportunidade, aproveitando o caminho mais curto e derrotando equipes de nível menor. A classificação, ainda assim, indica o momento relevante do país dentro dos gramados. Também fizeram uma boa campanha nas Eliminatórias da Eurocopa, mesmo sem a vaga direta, e apresentam bons talentos além do interminável Goran Pandev, herói no triunfo sobre os georgianos.
A história da Macedônia do Norte no futebol é pouco conhecida. A antiga república iugoslava tinha um papel menor quando integrava o país. Ainda assim, revelou jogadores importantes e viu seu principal clube ter seus lampejos no futebol do país. Já a partir da independência, em 1991, os macedônios ganharam sua própria seleção e viram também seus melhores jogadores buscarem as principais ligas europeias. A equipe nacional era figurante em eliminatórias, mas com alguns resultados comemorados contra as potências. Futebolistas locais se destacaram além das fronteiras e os clubes tiveram seus brilhos nas copas europeias, com direito a uma presença na fase de grupos da Liga Europa.
Abaixo, aproveitamos a classificação da Macedônia do Norte à Eurocopa para falar um pouco mais sobre esse passado de orgulhos pontuais, mas diversos. As histórias focam mais em nomes do passado do que do presente, reunindo a trajetória de jogadores macedônios importantes desde os tempos iugoslavos e os feitos de seus clubes. No período pós-independência, o olhar se volta também aos bons momentos da recém-criada seleção. Que, nesta semana, vive seu ápice com a perspectiva de disputar a Euro 2020.
– O monumento ao futebol em Skopje
O futebol é praticado na Macedônia do Norte desde o Século XIX. Já a primeira partida oficial realizada no país aconteceu em abril de 1909, reunindo soldados do exército britânico contra o Napredok, uma equipe de Skopje. E os macedônios começaram bem, vencendo por 2 a 0. No mesmo local, foi construído um monumento ao futebol em 1979, para celebrar a história do esporte na república. Uma bola de pedra se encontra no local.
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– Kuzman Sotirovic, o primeiro selecionável
O primeiro grande jogador macedônio foi Kuzman Sotirovic. O meia nasceu em Tetovo e estourou com a camisa do BSK Belgrado – o atual OFK. Dono de boa qualidade técnica e faro de gol, Sotirovic foi artilheiro do Campeonato Iugoslavo em 1927 e disputou os Jogos Olímpicos de 1928 com o país. Depois disso, transferiu-se ao futebol francês, defendendo Sète e Montpellier. Seguiria morando no país, falecendo em Paris aos 81 anos, em 1990. Era um nome para disputar a Copa de 1930, não fosse a saída para o exterior pouco antes.
– Gragjanski Skopje, o primeiro clube relevante
O primeiro clube macedônio com projeção nacional era o Gragjanski Skopje. Fundado em 1922, o time integrou o principal campeonato do Reino da Iugoslávia na década de 1930. Foram duas participações na competição, além de quatro títulos na liga regional da Macedônia. Durante o início da Segunda Guerra Mundial, a província macedônia seria dividida pelo Eixo e o Gragjanski se desfez. Ao lado dos jogadores de outras equipes de Skopje, sua base formaria o chamado Makedonija, que disputaria o Campeonato Búlgaro. O novo time chegaria a ser vice-campeão nacional em 1942, derrotado pelo Levski Sofia na decisão – depois de golear por 5 a 1 na semifinal o Slavia Sofia, dono da taça no ano anterior. Alguns jogadores do elenco também seriam cedidos à seleção búlgara na época. Ao final da Segunda Guerra, com a formação da Iugoslávia, o Makedonija conquistaria as primeiras edições do Campeonato Macedônio.
– Kiril Simonovski, ídolo em dois países
Um dos destaques do Gragjanski Skopje era o defensor Kiril Simonovski. Ao lado do irmão Blagoy, Kiril foi um dos jogadores mais proeminentes da equipe e chegou a ser convocado à seleção búlgara em 1942, depois do vice-campeonato nacional com o Makedonija. Já a partir de 1945, transferiu-se ao Partizan Belgrado e seria campeão iugoslavo com os alvinegros, bem como disputou dez jogos com a camisa da seleção local. O veterano ainda defenderia o recém-formado Vardar, aposentando-se em 1953. Depois disso, virou treinador, comandando os próprios Partizan e Vardar.
– Spasoje Nikolic, desbravando as fronteiras
Outro jogador relevante saído da Macedônia do Norte no período foi o meio-campista Spasoje Nikolic. Despontou no Obrenovac e, em 1945, mudou-se para a França. Nikolic passou quatro temporadas no Racing de Paris e conquistou a Copa da França em 1949. Na sequência, tornou-se o primeiro futebolista de origem macedônia a atuar na Serie A, vestindo a camisa do Venezia. Ainda retornaria à Ligue 1, jogando pelo Rennes. Apesar da carreira notável, por jogar fora do país, o meia nunca vestiu a camisa da seleção iugoslava.
– Vardar, o grande representante na Iugoslávia
O principal clube macedônio nos tempos de Iugoslávia foi o Vardar. A equipe surgiu em 1947, a partir da fusão do antigo Makedonija com o rival Pobeda. A equipe logo conquistou a principal competição nacional de juniores em 1949 e passou a representar a República da Macedônia no Campeonato Iugoslavo desde as primeiras edições da liga. Seriam 33 temporadas na primeira divisão local. Um detalhe interessante é que, embora usasse uma camisa vermelha e branca, o Vardar passou a jogar de vermelho e preto a partir de 1963, em sinal de luto por um terremoto que atingiu Skopje e destruiu cerca de 80% da cidade, com mais de mil mortos e 200 mil desabrigados. Além dos rubro-negros, outro time macedônio a integrar a elite do Campeonato Iugoslavo foi o Rabotnicki, mas por apenas duas temporadas.
– A Copa da Iugoslávia que ficou em Skopje
A maior conquista de um clube da Macedônia do Norte aconteceu em 1961. O Vardar faturou a Copa da Iugoslávia, numa edição cheia de surpresas. O grande feito dos rubro-negros veio nas oitavas, quando eliminaram o Partizan. Depois, despacharam também Radnicki Belgrado e RNK Split. Já na decisão, diante de 15 mil espectadores em Belgrado, os macedônios bateram os croatas do Varteks por 2 a 1. A equipe era treinada pelo húngaro Antal Lyka, grande figura do Ferencváros como jogador e treinador – dirigindo o time no qual despontavam Sándor Kocsis, Zoltán Czibor e Ferenc Deák, campeão nacional em 1948/49. Já um dos gols foi anotado pelo atacante Vladimir Nikolovski, que tinha integrado uma equipe fortíssima do Estrela Vermelha antes de retornar a Skopje.
– Andon Doncevski, o craque dos primórdios
O jogador mais relevante do Vardar campeão em 1961, de qualquer maneira, era Andon Doncevski. O atacante superou os 200 gols pelo Campeonato Iugoslavo, além de ajudar os rubro-negros a conquistarem o acesso em três oportunidades. Apesar da idolatria local, Doncevski disputaria apenas uma partida pela seleção da Iugoslávia, e com o segundo quadro. Também seria cedido ao Estrela Vermelha para uma turnê pela América do Sul. Depois de pendurar as chuteiras, Doncevski se tornaria um treinador relevante. Dirigiu o próprio Vardar num período importante do clube nos anos 1980, além de ter sido o primeiro técnico da seleção macedônia após a independência, ficando de 1993 a 1995 no cargo.
– Blagoje Vidinic: ouro olímpico, finalista de Euro, técnico em Copas
Nascido em Skopje, Blagoje Vidinic foi um dos melhores goleiros da Iugoslávia nos anos 1950 e 1960. Começou no Vardar, ganhando destaque principalmente na meta do Radnicki Belgrado. E viveria um ano espetacular com a seleção em 1960. Vidinic virou o titular da equipe que conquistou o inédito ouro olímpico nos Jogos de Roma, enquanto também acabaria com o vice na edição inaugural da Eurocopa, em campo na finalíssima diante da União Soviética. Embora tenha disputado apenas oito partidas com a Iugoslávia, desfrutou de um momento ilustre. O camisa 1 ainda defenderia o OFK Belgrado, antes de tentar a sorte no exterior, atuando por Sion e por clubes dos Estados Unidos.
Depois de pendurar as chuteiras, Vidinic viraria um técnico importante. Dirigiu Marrocos na Copa de 1970, na primeira participação de um país africano no torneio em 36 anos, e deu calor na Alemanha Ocidental durante a estreia. No Mundial seguinte, foi o treinador de Zaire, com o qual faturou também a Copa Africana de Nações em 1974. Ainda trabalharia por três anos na seleção da Colômbia, no fim da década de 1970.
– O triunfo sobre o Cagliari de Gigi Riva
O Vardar chegou a representar a Iugoslávia em algumas competições de clubes na Europa Central e no Leste Europeu. A equipe por duas vezes alcançou a final da Copa dos Balcãs. Entretanto, perdeu a taça em 1972 diante do Trakia Plovdiv e em 1974 para o Akademik Sofia. Além disso, a campanha mais festejada aconteceu na antiga Copa Mitropa, em 1967/68. O Vardar eliminou nas oitavas de final o LASK Linz, campeão austríaco três anos antes. Já nas quartas, foram duas vitórias sobre o poderoso Cagliari, que faturaria o Scudetto em 1969/70. Mesmo com Gigi Riva do outro lado, os macedônios venceram por 1 a 0 em Skopje (gol de Metodije Spasovski) e repetiram a dose com o triunfo por 1 a 0 na Sardenha. A queda ocorreu na semifinal, diante do Spartak Trnava, força da Tchecoslováquia no período.
– Kiril Dojcinovski, o primeiro em uma Copa
O primeiro jogador macedônio em uma Copa do Mundo foi Kiril Dojcinovski. O defensor começou a carreira no Vardar, embora tenha chegado ao auge no Estrela Vermelha, com o qual conquistou quatro títulos do Campeonato Iugoslavo. Kiro era reserva, mas esteve presente na Copa de 1974. Depois disso, já veterano, ainda atuaria no futebol francês. Vestiu as camisas de Troyes e Paris FC, antes de pendurar as chuteiras. Como treinador, trabalhou em diferentes países e comandou a seleção de El Salvador.
– Metodije Spasovski, pioneiro na Bundesliga
Em tempos nos quais os jogadores iugoslavos tentavam a sorte no exterior, Metodije Spasovski foi um pioneiro entre os macedônios. O ponta brilhou por mais de uma década com a camisa do Vardar. É o segundo jogador com mais partidas e também com mais gols pelos rubro-negros. Pela seleção, estreou contra o Brasil em 1968 e até marcou um gol no empate por 3 a 3 no Maracanã – com Pelé, Tostão, Gérson, Carlos Alberto Torres e Everaldo do outro lado. Apesar disso, foram apenas três aparições pela Iugoslávia, com três gols. Já em 1974, Spasovski se tornou o primeiro atleta macedônio a disputar a Bundesliga. Vestiu a camisa do Saarbrücken, antes de voltar ao Vardar e encerrar a carreira por lá.
– Milko e Bosko Djurovski, os irmãos que dividiram Belgrado
Nos anos 1980, dois nomes importantes do futebol macedônio eram os irmãos Milko e Bosko Djurovski. Dois anos mais novo, Milko era atacante e protagonizou o Estrela Vermelha desde cedo, conquistando importantes títulos no início da década de 1980. Todavia, ele resolveu trocar de lado e assinar com o rival Partizan Belgrado. Se o atacante era visto como traidor pelos alvirrubros, a torcida no Marakana se apegou mais a Bosko, volante e igualmente importante naqueles anos vitoriosos do Estrela Vermelha, usando até a braçadeira de capitão. Os dois chegariam à seleção, com Milko presente nas Olimpíadas de 1984, levando o bronze. Em 1989, Bosko faria as malas para defender o Servette, na Suíça. Passou seis anos no clube e até viraria treinador. Já Milko se despediu do Partizan em 1990, fazendo sucesso no Groningen, antes de rodar por vários clubes. Ambos atuaram também na seleção da Macedônia pós-independência.
– O título do Campeonato Iugoslavo que tiraram dos macedônios
Nunca um clube macedônio terminou o Campeonato Iugoslavo entre os três primeiros colocados. Entretanto, a temporada 1986/87 tem um asterisco dourado ao Vardar. Os macedônios chegaram a ser considerados campeões, mas tiveram a taça revogada depois. Para entender o imbróglio, é preciso voltar ao Campeonato Iugoslavo de 1985/86. Um escândalo de manipulação de resultados tomou conta da última rodada da competição, levando nada menos que 12 clubes a iniciarem a edição seguinte com seis pontos negativos.
Mantendo-se a punição, o Vardar fechou o Campeonato Iugoslavo de 1986/87 no topo da tabela e foi proclamado campeão. Porém, meses depois, os pontos deduzidos seriam anulados pela justiça desportiva, derrubando os macedônios à quinta colocação e dando a taça ao Partizan Belgrado. Antes que tirassem o título do Vardar, os rubro-negros puderam disputar a Champions 1987/88. A equipe seria eliminada ainda na primeira fase, com duas derrotas para o Porto, campeão continental na temporada anterior.
– Vardar elimina o Dinamo Bucareste
Um temporada antes de ter o título retirado, o Vardar chegou a disputar a Copa da Uefa, ao terminar o Campeonato Iugoslavo na quinta colocação. E os macedônios fizeram bonito na primeira fase do torneio continental, ao eliminarem o Dinamo Bucareste, potência romena. Aquela era a segunda participação dos rubro-negros em um torneio da Uefa, após caírem logo de cara na estreia contra o Dunfermline, pela Recopa 1961/62. Já em 1985/86, o Vardar perdeu para o Dinamo por 2 a 1 na Romênia e avançou graças ao gol fora, vencendo em Skopje por 1 a 0. Na segunda fase, todavia, os rubro-negros sucumbiriam diante do Dundee United.
– Darko Pancev, o maior macedônio antes da independência
O Vardar campeão em 1985/86 era treinado por Andon Doncevski, o antigo craque macedônio dos anos 1960. Dentro de campo, ele pôde trabalhar com Darko Pancev, considerado o maior talento já surgido em território macedônio. O atacante nascido em Skopje logo se tornou um dos grandes goleadores do Campeonato Iugoslavo e terminou a liga como artilheiro em 1983/84, aos 19 anos. Seria destaque do título retirado, tornando-se alvo de cobiça dos maiores clubes do país. Em 1988, foi contratado pelo Estrela Vermelha. Apelidado de “Kobra”, faria história com a camisa alvirrubra, embora tenha precisado cumprir o serviço militar obrigatório em seus primeiros meses.
Pancev seria três vezes campeão nacional e três vezes artilheiro da liga pelo Estrela Vermelha. O ápice, ainda assim, aconteceu na Champions. O centroavante foi uma das principais figuras na conquista do torneio continental em 1990/91. Foram cinco gols na campanha, além do pênalti decisivo na final contra o Olympique de Marseille. Também balançou as redes na vitória sobre o Colo-Colo na Copa Intercontinental. Já na temporada seguinte, antes de enfrentar o Panathinaikos, Pancev chegou a ser barrado por declarar sua nacionalidade como “macedônia” ao entrar na Grécia – os gregos consideram que só eles podem reivindicar o nome de Macedônia, por sua região histórica dos tempos de Alexandre, o Grande. Depois de finalmente ganhar a permissão para ingressar no país, o atacante fez os dois gols na vitória por 2 a 0.
Dono da camisa 9 da Iugoslávia na Copa de 1990, Pancev disputou 27 partidas pela seleção e anotou 17 gols – dois deles no Mundial. O atacante ficou no país até 1992, quando a guerra acelerou sua saída à Internazionale. Apesar das expectativas, o artilheiro não se adaptou e decepcionou no Calcio. Ainda atuou por VfB Leipzig, Fortuna Düsseldorf e Sion, mas sem emplacar. O veterano, contudo, virou capitão da Macedônia do Norte nos primeiros anos da seleção independente. Em 2004, na comemoração dos 50 anos da Uefa, Pancev foi eleito o melhor jogador macedônio em atividade no período.
– A Chuteira de Ouro para a Macedônia do Norte
Em 1990/91, Pancev anotou 34 gols no Campeonato Iugoslavo e deveria receber a Chuteira de Ouro como maior artilheiro da temporada europeia. Porém, diante da suspeita de falcatruas no Chipre, a premiação acabou suspensa naquele ano. O macedônio precisou esperar 15 anos até que a Uefa realmente reconhecesse sua conquista e lhe concedesse o troféu, em cerimônia especial organizada em 2006. É a maior premiação individual conferida a um atleta da Macedônia do Norte. Pancev ainda foi o segundo colocado na Bola de Ouro em 1991, atrás apenas de Jean-Pierre Papin.
– Ilija Najdoski, o outro campeão europeu
O Vardar de 1985/86 não revelou apenas Pancev aos principais clubes do país. Também em 1988, Ilija Najdoski trocou os rubro-negros pelo Estrela Vermelha. E o zagueiro seria um dos vencedores da Champions em 1991, compondo o miolo da defesa ao lado de Miodrag Belodedici. O defensor deixou o clube em 1992, atuando depois por Valladolid, Denizlispor, CSKA Sofia e Sion. Najdoski soma 11 partidas pela Iugoslávia e depois atuou em 10 jogos pela seleção da Macedônia do Norte após a independência.
– Vujadin Stanojkovic, bandeira do Partizan
Vujadin Stanojkovic era o lateral direito do Vardar campeão em 1985/86, igualmente dando saltos maiores depois. Mas, diferente dos colegas, assinou com o Partizan Belgrado em 1989. Os alvinegros eram coadjuvantes no Campeonato Iugoslavo, mas o defensor compôs a equipe que retomou a taça em 1992/93. Com mais de 100 jogos pelo clube, parte deles como capitão, também representou a Iugoslávia nas Olimpíadas de 1988 e na Copa de 1990. Stanojkovic deixou o clube em 1993, passando pelo futebol sueco. Ganharia sete convocações à seleção da Macedônia do Norte após sua formação e, na última década, treinou as equipes nacionais de base. Daquele time do Vardar, vale citar ainda Dragi Kanatlarovski, meio-campista que ajudou o Deportivo de La Coruña em seu acesso à elite do Campeonato Espanhol no início dos anos 1990.
– Mitko Stojkovski, o herói do Dérbi Eterno
Um dos jogadores mais importantes da Macedônia do Norte na década de 1990 foi Mitko Stojkovski. O defensor jogava no Pelister, então na segunda divisão do Campeonato Iugoslavo. Foi contratado pelo Estrela Vermelha logo após a conquista da Champions. Permaneceu no Marakana por quatro temporadas, sacramentando sua idolatria justo no clássico. No centésimo Estrela Vermelha x Partizan, Stojkovski anotou o gol da vitória por 2 a 1 e foi eleito o melhor em campo. Depois disso, defenderia Oviedo e Stuttgart, antes de retornar ao Pelister no fim da carreira. Disputou 28 partidas pela seleção macedônia, responsável pelo primeiro oficial gol da história da equipe nacional.
– Oka Nikolov, lenda do Eintracht Frankfurt
Outro jogador macedônio importante na década de 1990 era Oka Nikolov. O goleiro nasceu na Alemanha e fez a maior parte de sua carreira no país, surgindo nas categorias de base do Eintracht Frankfurt. O camisa 1 se transformaria em símbolo das Águias a partir de 1996. Assumiu a titularidade quando o clube estava na segunda divisão e totalizou 18 temporadas disputando ao menos uma partida pela equipe. O arqueiro atuou em 415 jogos pelo Frankfurt, deixando a agremiação apenas em 2013, para pendurar as luvas nos Estados Unidos. Apesar da trajetória respeitabilíssima na Bundesliga, Nikolov só disputou cinco partidas pela seleção da Macedônia do Norte, impedido de participar de competições oficiais por um entrave com sua cidadania alemã conforme as regras da Fifa na época.
– Gjorgji Hristov, pioneiro na Premier League
O primeiro jogador macedônio a atuar na Premier League foi o atacante Gjorgji Hristov. Formado pelo Partizan Belgrado, ganhou destaque e títulos com os alvinegros, a ponto de se tornar reforço do Barnsley. Disputou o Campeonato Inglês em 1997/98, mas não evitou o descenso da equipe. Permaneceu por lá até 2000, brilhando depois no NEC, antes de rodar por diversos clubes. Hristov contabilizou 48 partidas com a seleção macedônia e anotou 16 gols, permanecendo como maior artilheiro da equipe nacional até a ascensão de Goran Pandev.
– Goce Sedloski, o primeiro centenário da seleção
A grande figura da seleção macedônia na virada do século era Goce Sedloski. O defensor teve seu auge por clubes no Dinamo Zagreb, com o qual conquistou múltiplos títulos na Croácia. Ainda assim, sua representatividade na equipe nacional foi bem maior. Sedloski estreou em 1996 e permaneceu convocado até 2010, despedindo-se justamente no 100° jogo pelo país. Foi o recordista em aparições até Pandev superá-lo, enquanto ainda é o atleta que mais vezes usou a braçadeira de capitão pela seleção, com 43 partidas. Depois de se aposentar, virou técnico e foi campeão nacional à frente do Vardar.
– Goran Pandev, símbolo de um país
Goran Pandev não é apenas o melhor jogador macedônio pós-independência. Ele também é o futebolista de maior relevo do país por clubes do exterior e, através disso, tornou-se uma bandeira aos compatriotas no esporte. O atacante começou sua carreira no país, com o camisa do Belasica, mas seria descoberto pela Internazionale em 2001. Entretanto, não atuaria na Serie A durante aquela primeira passagem pelos nerazzurri. Seria emprestado a Spezia e Ancona, antes da Lazio contratá-lo em 2004. E foi na capital que o novato viveu os melhores momentos da carreira, com gols importantes e bons números pelo Campeonato Italiano. Foram cinco temporadas com os biancocelesti, até sair em litígio e assinar com a Inter.
De volta a Milão, Pandev se integrou ao elenco na histórica temporada de 2009/10. Não era titular absoluto, mas se tornou um jogador importante na rotação de José Mourinho, sobretudo na Champions League. Já na temporada seguinte, o macedônio teve seus momentos de brilho na decisão do Mundial de Clubes e da Copa da Itália. Todavia, acabaria emprestado ao Napoli em 2011/12, antes de ser contratado em definitivo. Foram bons momentos também no San Paolo, ajudando o time a conquistar a Copa da Itália. Teria uma passagem apagada pelo Galatasaray, antes de se juntar ao Genoa em 2015. Desde então, o atacante se firmou como um dos atletas mais queridos do clube, apesar dos altos e baixos do time.
Pela seleção, Pandev fez sua estreia ainda em 2001. Participou de momentos importantes e partidas notáveis, nas quais a Macedônia do Norte deu trabalho a grandes seleções. Todavia, também encarou suas tempestades. Por problemas de relacionamento com o técnico Srecko Katanec, foi afastado da equipe nacional no fim da década de 2000, quando o país vivia seu melhor momento no ranking da Fifa. A federação, entretanto, optaria pelo jogador e demitiria o comandante. Já em 2013, Pandev chegou a anunciar a aposentadoria da equipe nacional. Mudou de ideia e voltou ao time em 2016.
Nesta época, Pandev já era recordista em gols pela seleção da Macedônia do Norte. Virou também recordista em partidas. Além disso, tornou-se capitão e liderou a boa campanha nas Eliminatórias da Euro 2020, com os macedônios acabando na terceira colocação de sua chave. Também brilharia na Liga das Nações, o que permitiria a disputa da repescagem. E o destino sorriu à perseverança do medalhão nestes quase 20 anos de seleção. Em seu 114° jogo, Pandev anotou o 36° gol, o da vitória sobre a Geórgia, que valeu a classificação inédita do país à Eurocopa. Imagem simbólica, o veterano foi carregado nos braços pelos companheiros após o triunfo em Tbilisi. Merecerá, mais do que ninguém, a presença na Euro 2020.
– A bandeira da Macedônia do Norte na decisão da Champions
Pancev e Najdoski já tinham ganhado a Champions, mas não com a Macedônia do Norte independente. O primeiro a carregar a bandeira do país depois da conquista foi Pandev. E o atacante teve um papel importante no título da Internazionale em 2009/10. O macedônio era o titular na ponta esquerda, disputando seis partidas naquela campanha. Atuou por 56 minutos na histórica vitória sobre o Barcelona por 3 a 1 em Milão, enquanto permaneceu até os 34 do segundo tempo na final contra o Bayern de Munique. Não balançou as redes, mas era uma peça muito útil nas mãos de José Mourinho, pelo equilíbrio que dava ao ataque. Seria também herói.
– A primeira vitória da seleção, e com goleada
Diferentemente do que aconteceu com as outras repúblicas iugoslavas, a independência da Macedônia do Norte não desencadeou um conflito armado com Belgrado. A única disputa era com a Grécia, pelo uso do nome “Macedônia”, o que retardou o reconhecimento internacional do novo país. Meses depois que a ONU admitiu o novo membro, em abril de 1993, os macedônios disputaram o primeiro amistoso com sua seleção. A equipe estreou contra a Eslovênia, outra antiga república iugoslava. Pois a Macedônia do Norte começou com tudo, goleando por 4 a 1. O antigo ídolo Andon Doncevski era o técnico. O atacante Zoran Boskovski abriu o placar logo aos quatro minutos, enquanto Pancev, Janevski e Kanatlarovski fechariam a conta. Os eslovenos escalaram também alguns nomes simbólicos, como Zlatko Zahovic e Ales Ceh.
– A estreia oficial, parando os campeões europeus
A primeira competição disputada pela Macedônia do Norte foram as Eliminatórias da Euro 1996. E a estreia dos novatos já teria seu peso, recebendo a Dinamarca, campeã continental dois anos antes. Apesar da pressão, quase a zebra passeou pelos gramados em Skopje. Logo aos quatro minutos, Mitko Stojkovski abriu o placar para a equipe de Andon Doncevski. Os dinamarqueses só empataram aos 41 do segundo tempo, com Flemming Povlsen, fechando o marcador em 1 a 1. Várias estrelas estavam presentes na equipe de Richard Moller Nielsen, incluindo Peter Schmeichel, Michael Laudrup, Brian Laudrup, Kim Vilfort e John Jensen. Do lado macedônio, Pancev era o capitão. A Macedônia do Norte teria outros resultados notáveis na segunda metade dos anos 1990, com menção honrosa à vitória por 1 a 0 sobre a Bulgária às vésperas da Copa de 1998.
– Empates com Inglaterra e Holanda
Em jogos oficiais, a vitória de mais peso conquistada pela Macedônia do Norte veio em 2007. A equipe bateu a Croácia por 2 a 0 em Skopje, num duelo válido pelas Eliminatórias da Euro 2008. Os croatas vinham embalados e terminariam na liderança da chave. Todavia, há empates oficiais contra seleções graúdas, que ficaram na memória dos torcedores macedônios.
Pelas Eliminatórias da Euro 2004, a equipe arrancou um emocionante empate contra a Inglaterra por 2 a 2, ficando em vantagem por duas vezes em Southampton. Artim Sakiri (num incrível gol olímpico) e Vanco Trajanov anotaram os tentos macedônios, enquanto David Beckham e Steve Gerrard fizeram pelos ingleses. Nas Eliminatórias da Copa de 2006, a Macedônia do Norte empatou por duas vezes com a Holanda / Países Baixos: 2 a 2 em Skopje e 0 a 0 em Amsterdã. Já na campanha rumo à Euro 2008, os macedônios voltaram a incomodar a Inglaterra, segurando o 0 a 0 em Old Trafford. Vale lembrar que, um ponto atrás da Rússia, os Three Lions não foram à fase final do torneio. Por fim, em 2017, a Macedônia do Norte buscou o empate por 1 a 1 com a Itália em Turim, pelas Eliminatórias da Copa de 2018.
– Vardar na fase de grupos da Liga Europa
O Vardar, sempre ele, proporcionou um momento histórico à Macedônia do Norte em 2017/18. Pela primeira vez, um clube do país pintou na fase de grupos das competições europeias. A equipe iniciou sua trajetória tirando o Malmö das preliminares da Champions. Na etapa seguinte, chegou a ganhar do Copenhague, mas uma goleada dos dinamarqueses desviou os rubro-negros à Liga Europa. E na última fase classificatória, os macedônios surpreenderam com a classificação em cima do Fenerbahçe. Ganharam os dois jogos, por 2 a 0 em Skopje e por 2 a 1 em Istambul. Na fase principal, o Vardar virou saco de pancadas no grupo que contava com Real Sociedad, Zenit e Rosenborg. Perdeu cinco dos seis jogos, arrancando apenas um empate contra os noruegueses.
Além do Vardar, outros clubes macedônios que batem cartão nas competições europeias são Shkendija e Rabotnicki. Outra equipe tradicional desde os tempos de Iugoslávia, o Rabotnicki já chegou a enfrentar Liverpool e Lazio nos torneios continentais. Seu grande resultado veio no qualificatório da Liga Europa 2015/16, quando superou o Trabzonspor, mas caiu na última fase diante do Rubin Kazan. Já o Shkendija tem ascensão recente, ligado à comunidade albanesa, reprimida nos tempos de Iugoslávia. A equipe pegou o Milan no passado e, nesta temporada, chegou a dar um calor contra o Tottenham nas preliminares da Liga Europa.
– O sub-21 que eliminou a França para ir ao Europeu da categoria

Antes da Euro 2020, a Macedônia do Norte havia participado das competições continentais apenas uma vez, com a seleção sub-21. E, de certa forma, o feito alcançado em 2017 preparou o terreno ao que aconteceria neste ano. Apenas o líder dos grupos se classificava automaticamente nas eliminatórias, e para tanto os macedônios desbancaram França, Islândia, Ucrânia, Escócia e Irlanda do Norte. Os azarões venceram seis de seus dez jogos, com os empates bastando no confronto direto com os franceses. Já na fase final, a Macedônia empatou com a Sérvia, mas sofreu derrotas elásticas para Espanha e Portugal. Sete jogadores daquele grupo participaram do elenco que conquistou a classificação à Eurocopa, incluindo Eljif Elmas, um dos melhores em campo contra a Geórgia. Enis Bardhi, ausente por lesão, é outro nome importante da geração.