Como Vlahovic pode ser problema para Thiago Motta implementar seu estilo na Juventus
De características diferentes que o centroavante anterior do técnico, Vlahović precisará mostrar no novo trabalho que se inicia em Turim
Próximo de finalizar a pré-temporada, a Juventus deu as mostras das primeiras mudanças sob comando de Thiago Motta.
A linha de três zagueiros usada antes por Allegri parece ter sido deixada para trás. Agora, o time se monta em um 4-2-3-1/4-3-3 — ou “2-7-2” como o próprio técnico define –, dependendo dos momentos do jogo.
Claro que ainda é muito cedo para conclusões, visto serem partidas amistosas e alguns jogadores voltando de férias. A Juve venceu apenas seu time sub-23, empatou com o Brest e perdeu por 3 a 0 para o Nuremberg.
Ainda fará outra partida amigável, contra o Atlético de Madrid, antes que possa estrear oficialmente na temporada 2024/25.
E alguns dos pontos interessantes a se observar na “nova” Velha Senhora de Motta será a utilização do atacante Dušan Vlahović, muito diferente do que o técnico ítalo-brasileiro tinha no Bologna, time que levou de volta à Champions League na última temporada.
Confira nesta análise da Trivela o porquê do centroavante sérvio contratado em 2022 por 75 milhões de euros (à época R$ 454,2 milhões) poder ser um problema no encaixe tático da Juventus 24/25.
Ao contrário de Zirkzee, Vlahović não se sai bem fora da área
Quem assistiu ao time Rossoblù de Motta na temporada passada viu como o time era bem associativo, com muita movimentação e dinâmica.
Neste cenário, o centroavante holandês Joshua Zirkzee desempenhou um papel essencial saindo da área, fazendo pivôs e participando da criação do time. Por vezes, ia até ao grande círculo para ajudar os zagueiros na construção.
Os números do agora jogador do Manchester United na Serie A 2023/24 justificam isso.
Nas 34 rodadas que atuou, teve média de 44,8 ações com a bola por jogo, número altíssimo de participação para quem, teoricamente, é o centroavante. Ainda acumulou 20,6 passes certos por jogo, sendo 13,5 apenas no último terço do campo. Os dados são do SofaScore.
Ele não foi um grande goleador, só marcou 11 vezes, ou garçom (4 passes para gols) — mesmo criando 11 grandes chances aos colegas.
Vlahović, pelo contrário, é um centroavante mais parado, de área e que espera que a bola chegue até a ele, sem a mesma mobilidade e técnica com a bola nos pés que Zirzkee.
Com um jogo a menos no último Campeonato Italiano que o holandês, o sérvio foi o vice-artilheiro (16), mas só somou média de 28,2 ações com a bola, 11,5 passes certos por jogo (7,5 no terço final) e 3 grandes chances criadas.
E mesmo em outros momentos, na Juve ou Fiorentina, o centroavante da seleção da Sérvia mostrou essa característica de pouca participação. Nunca teve média maior do que 33 ações por jogo na Itália, também sempre abaixo em chances criadas aos companheiros.
A postura do Bologna de Motta que pode se replicar na Juventus
E até como forma coletiva do Bologna se portar na última temporada mostra uma possível dificuldade para o sérvio.
A equipe azul e vermelha buscava ser protagonista do jogo, dominando a bola e as ações ofensivas. Por isso, terminou com a 2ª maior posse de bola em média (57.1%) — a Juventus foi apenas a 12ª, com 48.4%.
Isso não seria uma questão para Vlahović, mas a forma que o Rossoblù atacava pode ser. O time buscava ir com inteligência, sem se precipitar e despejar bolas na área sem sentido.
Por isso, figurou como o sétimo time que menos teve passes dentro da grande área adversária (6,64 a cada 90 minutos), segundo o site especializado FBref, o que pode significar menos chances para marcar onde o sérvio se sobressai.
Os números de Zirkzee e Vlahovic que evidenciam as diferenças nos estilos
Números na Serie A 23/24 | Zirkzee | Vlahovic |
---|---|---|
Grandes chances criadas | 11 | 3 |
Média de ações com bola (total) | 44,8 (1523) | 28,2 (930) |
Média de passes no último terço do campo (total) | 13,5 (459) | 7,5 (247) |
Passes recebidos | 1033 | 637 |
Poder de convencimento de Motta e capacidade de melhora serão essenciais
Tudo isso não é para dizer que a Juventus está fadada ao fracasso na próxima temporada se escalar o camisa 9 como titular.
Muito pelo contrário. Vlahović segue sendo um dos grandes goleadores do futebol mundial, sempre com 14 gols ou mais há quatro temporadas.
Só terá que participar mais do jogo. Ele já mostrou isso em jogos específicos, podendo tornar mais regular no novo e promissor trabalho da comissão técnica.
Cabe também ao treinador ítalo-brasileiro potencializar também seu atacante, criando um sistema para possibilitar que ele marque muitos gols como normalmente faz.
Um bom técnico, como Motta é, normalmente melhora os jogadores que tem sob comando.
A Juventus estreia oficialmente na Serie A 24/25 em 19 de agosto, quando recebe o Como.