Federação Italiana abre o mercado para Reino Unido e Suíça com nova regra
A pedido da Serie A e dos clubes, britânicos e suíços serão considerados cidadãos europeus e não contarão mais como estrangeiros
A questão do limite de estrangeiros é sempre um limitador para contratações. Na Itália, são permitidos apenas dois jogadores não-comunitários, ou seja, jogadores que não são cidadãos da União Europeia. Isso passou a afetar diretamente o Reino Unido com o Brexit, que passou a valer em 2020. Por isso, uma mudança na regra de inscrições no futebol italiano beneficiará diretamente os jogadores britânicos e suíços e, claro, os clubes do país.
A Federação Italiana de Futebol (FIGC) anunciou que jogadores britânicos e suíços serão tratados como cidadãos europeus para questões de inscrição de elenco a partir da próxima temporada. Isso abre um grande mercado para os jogadores britânicos, especialmente da Premier League, para irem para o futebol italiano, já que há um limite de até dois jogadores não-comunitários por clube, em regra que existe desde 2002.
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A mudança foi decidida após reunião do Conselho Federal na segunda-feira e a FIGC anunciou nesta quarta-feira que a nova regra de inscrição passa a valer já para a temporada 2023/24. Era um pedido da Serie A e da própria federação, mas era preciso passar pelo governo italiano para que a medida fosse aprovada.
O que é o Brexit?
O Brexit foi a decisão do Reino Unido de deixar de fazer parte da União Europeia. A votação aconteceu em 2016 e foi efetivada em 2020. Foi um processo complexo, que envolveu um referendo realizado no país e com bastante controvérsia. O referendo aconteceu no dia 23 de junho de 2016 e dividiu o país. O Brexit teria implicações diretas no futebol britânico, ainda que esse fosse apenas um dos aspectos, e certamente não o mais importante.
O então primeiro-ministro, David Cameron, era favorável à permanência do Reino Unido na União Europeia, assim como futuros ocupantes do posto, como Thereza May e Liz Truss, além de antigos primeiros-ministros do país, como John Major, Tony Blair e Gordon Brown. Do outro lado, a campanha para que o Reunido Unido deixasse a União Europeia tinha nomes que também ocupariam o posto de primeiro-ministro, sendo Boris Johnson o mais barulhento deles e Rishi Sunak, atual ocupante do posto. A saída da União Europeia venceu com 51,89% dos votos, e 48,11% para a permanência.
A negociação para a saída do Reino Unido do bloco europeu foi bastante desgastante e teve muitas idas e vindas. Depois de anos de negociações, o acordo foi alcançado, com uma transição de 12 meses acordada para ter menos problemas. O Brexit foi efetivado em 31 de janeiro de 2020 e, em 30 de dezembro de 2020, foi assinado um acordo de cooperação comercial entre União Europeia e Reino Unido, o que ajudou a reduzir o impacto da saída, ainda que eles sejam inevitáveis.
Em 2020, foram criadas novas regras para a contratação de jogadores estrangeiros na Premier League, já com o Brexit efetivado. O Brexit também criava uma nova situação para os investidores estrangeiros, algo muito constante no país.
Por que a Suíça é tratada como estrangeira à União Europeia
A Suíça nunca foi parte da União Europeia e, por isso, os cidadãos do país são considerados como jogadores não-comunitários para fins de inscrição no futebol italiano. Apesar de não ser do bloco, os suíços fazem parte da Área Schengen, uma região que aboliu controle de fronteiras e necessidade de passaporte entre si.
São 27 países europeus dentro do acordo, dentre os quais a Suíça. Noruega e Islândia, outros dois países que não fazem parte da União Europeia, também estão no acordo, assim como Vaticano, San Marino e Monaco, que são chamados de microestados.
Curiosamente, um país da União Europeia negociou para deixar de fazer parte da Área Schengen: a Irlanda. O país continua operando normalmente controle de fronteira com outros estados da União Europeia, mas tem um acordo com o Reino Unido chamado de Common Travel Area para não exigir visto entre os dois países, que são ilhas vizinhas.
Quem será afetado pela regra?
O Milan é, inicialmente, um clube beneficiado por essa nova regra. O clube perdeu uma vaga de não-europeu com a contratação do meia Ruben Loftus-Cheek, que chegou do Chelsea. Christiain Pulisic, que é americano e veio do mesmo clube, não ocupa uma vaga de não-europeus porque tem passaporte croata. O clube ainda tem Fikayo Tomori no seu elenco, outro britânico.
A Roma é outra que também tem britânicos no seu time e se beneficiará da nova regra. O clube da capital tem Chris Smalling e Tammy Abraham no seu elenco, contratados em 2020 e 2021, respectivamente.
🆗 @noah_okafor: welcome Noah ✍
#ACMQuest #SempreMilan pic.twitter.com/B7vVSgNisd— AC Milan (@acmilan) July 22, 2023
No total, são seis jogadores ingleses na Serie A. Além de Abraham, Tomori, Smalling e Loftus-Cheek, Samuel Iling Junior, da Juventus, e Luis Binks, do Bologna, também são ingleses. Entre os britânicos, ainda há três escoceses: Lewis Ferguson, do Bologna, Josh Doig, do Verona e Liam Henderson, do Empoli.
Há sete suíços na Serie A no momento: Noah Okafor, do Milan, Denis Zakaria, da Juventus, Michel Aebischer, do Bologna, Ricardo Rodríguez, do Torino, Silvan Hefti, do Genoa, Nicolas Haas, do Empoli, e Kevin Rüegg, do Verona.