Itália

Mancini explica que relação ruim com federação motivou sua saída da seleção italiana

Roberto Mancini falou pela primeira vez sobre sua decisão, dando detalhes sobre a falta de confiança em Gabriele Gravina

Roberto Mancini tomou uma decisão surpreendente ao anunciar neste final de semana seu pedido de demissão da seleção da Itália. Desde então, muito se especulou sobre as motivações do treinador em sua saída da Nazionale. Nesta segunda-feira, o veterano concedeu uma entrevista ao jornal La Repubblica para explicar seus motivos. Segundo Mancini, a interferência do presidente da federação italiana, Gabriele Gravina, o incomodava bastante. Sem sinais de diálogo, o técnico avaliou que a situação chegou a um limite e, por isso, resolveu sair de cena repentinamente.

Além de treinador da seleção italiana, Roberto Mancini acumulava as funções de coordenador da base. O técnico não conseguiu classificar a Azzurra para a Copa do Mundo de 2022, mas ainda assim mantinha seu respaldo pela conquista da Euro 2020. Mancini conseguiu imprimir um estilo de jogo técnico e ofensivo na Nazionale, ao mesmo tempo em que promoveu a ascensão de muitos jovens no elenco. Por mais que os resultados recentes tivessem seus poréns, havia um projeto claro e os italianos até avançaram à fase final da Liga das Nações. Aquele foi exatamente o ponto final da passagem do comandante.

— Expliquei a Gravina que, nesses meses, eu precisava de apoio e tranquilidade. Ele não me deu isso e pedi demissão. Gravina há um ano vinha tentando mudar minha equipe técnica. Tentei dizer a ele que, no máximo, poderia adicionar caras novas, mas que não poderia tirar dois membros de um grupo que funciona e que é vencedor. Deveria ser eu o responsável por decidir se vou substituir um membro da minha equipe. — declarou Mancini, em entrevista ao La Repubblica.

Mancini também afirmou que estava aberto ao diálogo e que tentou fazer mudanças na maneira de trabalhar, em conjunto com a federação. Entretanto, o presidente Gravina teria fechado as portas com suas atitudes, a ponto de levar o treinador a sair de cena.

— Gravina por um tempo pensou nas coisas de uma maneira muito diferente de mim. Fui massacrado puramente por minhas decisões. Queria mandar um sinal para o presidente, ele poderia ter me ajudado se quisesse. — complementou Mancini.

Arábia Saudita não foi razão principal

A Itália soma uma vitória e uma derrota no início das Eliminatórias da Euro 2024. A Azzurra se reencontra com a Inglaterra na chave, que também conta com a presença da algoz Macedônia do Norte, além da Ucrânia. Na próxima Data Fifa de setembro, a Nazionale terá confrontos diretos contra os macedônios e ucranianos. Mancini chegou a ser criticado pelo momento de sua decisão, mas não indicou arrependimentos.

— Eu deveria ter pedido demissão antes? Talvez. Mas deixei a Nazionale faltando 25 dias para o próximo jogo, não apenas três dias. — apontou o treinador. A Itália visita a Macedônia do Norte em Skopje no dia 9 de setembro, enquanto o duelo com a Ucrânia em Milão ocorrerá em 12 de setembro.

Mancini também comentou sobre o pedido de alteração em seu contrato. Existia uma cláusula que permitia a demissão se não classificasse o time para a Euro 2024. Tal determinação incomodava o treinador, a ponto de se sentir desvalorizado.

— Eu só pedi isso para ter um pouco de paz e sossego nos próximos meses. Obviamente, eu sairia se as coisas não corressem bem e não tivéssemos nos classificado. — contou o técnico.

Neste momento, Mancini desponta como um nome forte para assumir a seleção da Arábia Saudita. O cargo está vago desde a saída de Hervé Renard. Apesar do interesse dos sauditas, o italiano afirma que isso não influenciou sua despedida da Azzurra. A relação irremediável com a federação levaria ao rompimento de uma forma ou de outra, segundo suas palavras. Seu contrato com a federação italiana ia até julho de 2026.

- - Continua após o recado - -

Assine a newsletter da Trivela e junte-se à nossa comunidade. Receba conteúdo exclusivo toda semana e concorra a prêmios incríveis!

Já somos mais de 3.200 apaixonados por futebol!

Ao se inscrever, você concorda com a nossa Termos de Uso.

Spalletti é o favorito

Sem Roberto Mancini, o nome mais forte para assumir a seleção da Itália é o de Luciano Spalletti. O acordo do veterano com a federação italiana já está alinhado e a intenção é anunciá-lo nesta semana. O principal entrave está na multa que o Napoli precisaria receber se o seu antigo comandante assinar um novo vínculo. E, mesmo sendo a Azzurra, os napolitanos não se mostraram tão propensos a abrir mão do dinheiro – um valor estimado na casa dos €2,6 milhões.

Spalletti possui como trunfo a mentalidade ofensiva, que marcou diferentes momentos da carreira. Além disso, o veterano está com o moral lá no alto, depois de levar o Napoli à conquista do Scudetto com uma campanha tão dominante. A princípio, Spalletti desejava tirar um ano sabático e especulava-se inclusive que estaria de olho num acerto futuro com a Juventus. Contudo, não é sempre que a seleção bate à sua porta, num ciclo curto que pode garantir pelo menos uma participação na Eurocopa – e uma Copa do Mundo não tão distante assim.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
Botão Voltar ao topo