Inglaterra

Textor nunca quis ser multiclube, mas realidade do Crystal Palace o fez comprar Botafogo

Sem controle no clube inglês, empresário buscou em outras equipes, inclusive no Glorioso, a liberdade de tomar decisões

O conglomerado de clubes da Eagle Football, empresa de John Textor, dona de Botafogo, Crystal Palace, Lyon e Molenbeek, parece ser um projeto criado para ser grande, exatamente como é, administrando times ao redor do mundo. Mas esse nunca foi o objetivo do norte-americano, conforme revelou em entrevista ao jornal The Athletic.

O clube inglês foi a primeira aquisição do magnata de 58 anos, em agosto de 2021 (inicialmente com 40% de participação, aumentando 5% no ano passado). Mas a realidade em Londres o fez mudar de cabeça e buscar uma realização pessoal no Brasil, França e Bélgica.

Pouco controle no Palace fez Textor abrir olhos e se tornar ‘multiclube'

Mesmo tendo 45% do Palace, Textor não toma nenhuma decisão. Além do dono do Botafogo, o clube inglês tem mais três sócios: Steve Parish, Josh Harris e David Blitzer, cada um com 25% de direito de voto.

Parish, como presidente dos Eagles, é efetivamente quem toma e executa as ações na equipe. Isso frustrou Textor, que precisava “saciar a sede de envolvimento direto na grama”

– Quando entrei não tinha visão do multiclube. Nem mesmo um pensamento. Comecei a procurar outros clubes quando comecei a procurar uma realização pessoal que não encontrava no Palace. Quando percebi que não conseguiria nada além da realização na diretoria, comecei a procurar maneiras de saciar minha sede de envolvimento direto na grama. Meu erro, desde o início, foi entrar em uma situação em que as razões pessoais que eu tinha para estar ali não poderiam ser cumpridas.

Ele não viu isso e esperou que as coisas simplesmente mudassem. Tentou, em diferentes oportunidades, expandir a participação no Crystal Palace para ser o dono majoritário. Mas os donos relutaram e não aceitaram.

– Quando você tem cerca de 20 pessoas que amam o clube, o que você faz? Uma aquisição hostil? Você realmente não pode fazer isso. Não há uma grande luta acontecendo por isso [pela compra]. Eu sento com eles [outros proprietários] e eles dizem, ‘ei, nós também amamos o clube’. Eles nunca me disseram para ‘me foder', mas é um sorriso e tem aquele efeito de ‘Eu sei que você ama o clube, mas nós também’. Não há realmente oportunidade neste momento para isso [expandir a participação].

O empresário passou então a pensar em expandir seus negócios. Em 2022, comprou o Botafogo e o Molenbeek, com o Lyon se juntando ao conglomerado no ano passado.

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Por tudo isso, empresário quer vender Crystal Palace

Na última semana, Textor revelou querer vender sua fatia nos Eagles justamente por essa ausência de controle nas decisões do clube.

É uma pena estar vendendo agora, mas não posso comprar mais [ações] – eu tentei.

O empresário já contratou o banco de investimentos Raine Group para procurar um comprador para negociar seus 45%, mas não quer fazer isso de qualquer jeito ou de forma apressada. Ele assumiu que tem conversas com o Everton, mas talvez não consiga comprá-los.

– Gostaríamos de ter um time da primeira ou segunda divisão do Reino Unido com o qual possamos preencher as lacunas [nos outros clubes] sem demora. […] Sim [tive conversas sobre a compra do Everton], com os constituintes existentes – diferentes grupos, credores, acionistas.

Suspeito que o problema com o Everton é que não estará disponível quando estivermos prontos para isso. Não vamos apressar a situação no Palace, por melhor que pareça outra oportunidade.

Sabendo da complexidade do negócio com o clube de Liverpool, John Textor afirmou ter conversado com “alguns clubes da Champioship”, a segunda divisão inglesa, enquanto ainda considera outro time da Premier League.

Quero estar envolvido num clube inglês que ganhe campeonatos; tipo, no topo da liga.

Como está a situação entre o Everton e a 777?

777 Partners tem um acordo pela compra do Everton desde setembro de 2023. No entanto, a falta de garantias financeiras e os muitos problemas da empresa dificultam a aprovação dos americanos por parte da Premier League.

O prazo para a conclusão do negócio foi estendido e a empresa norte-americana tem até o fim de maio para tentar efetivar a compra do Everton.

Recentemente, com os problemas envolvendo a companhia que também é dona do Vasco, Fahard Moshiri confirmou que foi procurado por outras empresas interessadas na compra do Everton.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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