Clubes da Premier League votam contra impedir empréstimos entre entidades de mesmo dono
Medida previa impedir que clubes de um mesmo dono emprestassem jogadores uns aos outros e driblassem medidas de Fiar Play Financeiro, mas medida não teve número mínimo de votos
Os clubes da Premier League votaram contra a medida que proibiria o empréstimo de jogadores entre clubes que pertencem ao mesmo dono, o que valeria já na próxima janela de transferências, em janeiro. A medida era discutida há meses, mas há uma preocupação que esse tipo de operação pode se tornar mais comum com o aumento do número de clubes que pertencem a um mesmo dono, como é o caso de times como Chelsea, Manchester City e Newcastle.
Segundo informou The Times, os sete clubes que votaram contra a medida são Newcastle (dono saudita), Sheffield United (dono saudita), Manchester City (dono de Abu Dhabi), Chelsea (dono americano), Everton (dono americano), Wolverhampton (dono chinês) e Nottingham Forest (dono grego). Todos eles são de grupos que têm outros clubes ou que têm fortes ligações com outros clubes, o que poderia impedir os empréstimos.
A explosão de contratação de jogadores na Arábia Saudita reforçou a ideia, que já era discutida, de impedir o empréstimo entre clubes de mesmo dono. A medida era vista como uma forma de proteger a competição e foi adotada de forma temporária, até que houvesse uma votação entre os clubes. Há um temor que esse tipo de operação seja usada para fraudar dados financeiros.
A ideia da proibição é impedir que clubes burlem o Fair Play Financeiro e usem esse tipo de recurso para artificialmente passarem dinheiro de um clube a outro. Há diversos casos de empresas que possuem mais de um clube na Europa, mas a preocupação com os sauditas tornou isso ainda mais grave, já que um clube da Premier League possui os mesmos donos, o governo saudita.
Em casos como esse, a votação precisa ter maioria qualificada, ou seja, 2/3 dos votos, o que significa 14 dos 20 clubes. A votação foi feita no The Churchill Hotel em Londres nesta terça-feira. A proposta para banir esse tipo de empréstimo recebeu 13 votos, um a menos que o necessário. Mesmo sendo uma maioria, não é suficiente para adotar como regra já para a próxima janela de transferências, que será aberta em janeiro.
Depois da explosão do projeto esportivo que injetou bilhões no futebol em pouco tempo, há temores que um movimento similar possa acontecer na próxima janela, que é meio de temporada tanto na Europa quanto na Arábia Saudita. Apesar das especulações, o diretor da liga saudita diz que a Arábia Saudita deve tirar o pé do acelerador em janeiro. Ainda é difícil saber o que vai acontecer, porque o futebol saudita saiu de um cenário em que contratava nomes como Jobson, em 2013, para Cristiano Ronaldo em 2023.
Especulações sobre Arábia Saudita aumentaram discussão
Atualmente, não há qualquer restrição na Premier League para um jogador ser vendido em uma janela e o clube que o contratou imediatamente emprestá-lo de volta a uma equipe da própria primeira divisão inglesa, mesmo que os clubes pertençam aos mesmos donos. A única restrição é que a transferência só pode ser realizada desde que seja considerado um valor justo de mercado. Avaliar o valor de mercado é algo complexo de se fazer e totalmente subjetivo, o que, na prática, torna difícil de impedir que aconteça.
Há especulações que o meio-campista Rúben Neves, ex-Wolverhampton, contratado na janela do meio de 2023 pelo Al Hilal, pode ser emprestado ao Newcastle. Os dois clubes pertencem ao Public Investment Fund (Fundo de Investimento Público) do governo saudita. Apesar das especulações, o Al Hilal já declarou que Ruben Neves não deve deixar o elenco saudita na próxima janela de transferências.
A medida não era visando esta transferência, mas a possibilidade reforçou uma preocupação presente há muito tempo. Clubes como Chelsea, Manchester City e o próprio Newcastle se enquadram na situação de serem de um dono que possui dois ou mais clubes.
Segundo a Premier League, a proibição é para qualquer “parte relacionada”. A definição de “parte relacionada” que a liga dá é “ter influência material sobre o clube ou ser uma entidade do mesmo grupo de empresas do clube”. A avaliação da liga se relaciona à substância da relação, e não apenas na forma jurídica.