Por que donos de City e Newcastle podem estar com os dias contados na Inglaterra
Uma emenda ao Projeto de Lei de Governança do Futebol pode impedir que clubes ingleses sejam de propriedade de fundos soberanos de qualquer país
Donos do Manchester City e Newcastle podem ficar ameaçados na Inglaterra depois que Lord Bassam, do Partido Trabalhista da Inglaterra, apresentou uma emenda ao Projeto de Lei de Governança do Futebol que impediria que clubes ingleses fossem de propriedade ou controlados por fundos soberanos ou ministros de qualquer país. A proposta ainda precisa ser aprovada pelo parlamento.
O Newcastle é de propriedade do Fundo de Investimento Público (PIF) da Arábia Saudita, enquanto o proprietário do Manchester City, Sheikh Mansour, é o vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos. Portanto, ambos estariam ameaçados de perder a propriedades dos clubes.
Para que a emenda se torne lei, ela também teria que receber apoio dos parlamentares na Câmara dos Comuns — o que seria equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil. De acordo com o jornal inglês Times, a chance da emenda ser aprovada é pequena, mas alguns clubes da Premier League já pediram ao governo para introduzir tal proibição, o que fortaleceria a proposta.
— Nenhum clube controlado pelo estado pode receber uma licença de operação, e qualquer clube afetado deve convencer o IFR [órgão regulador independente do futebol] de que se desfez do controle estatal antes de solicitar uma licença de operação — diz a emenda de Bassam.
Compra de Manchester City e Newcastle
O Manchester City foi comprado em agosto de 2008 pelo Abu Dhabi United Group, através do Sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan. O clube recebeu um investimento considerável na equipe e nas instalações. O valor da aquisição foi estimado em cerca de 1 bilhão de dólares.
A aquisição foi seguida por uma enxurrada de ofertas por jogadores de alto nível, pois ainda não havia normas de fair play financeiro rigorosas como há hoje na Premier League. Na época, o Manchester City quebrou o recorde de transferências britânicas ao contratar o brasileiro Robinho, do Real Madrid por 32,5 milhões de libras.
De lá para cá, o Manchester City se tornou o clube dominante da Inglaterra, com oito títulos de Premier League, três de Copa da Inglaterra, seis de Copa da Liga Inglesa, uma Champions League e um Mundial de Clubes. Tudo isso em 16 anos.
A aquisição do Newcastle se deu 13 anos depois, em outubro de 2021. Especula-se que o Fundo de Investimento da Arábia Saudita comprou o clube por cerca de 300 milhões de libras.
Desde então, o Newcastle assumiu um grande espaço nos holofotes da Inglaterra, com grandes investimentos, como as contratações de Alexander Isak (70 milhões de libras) e Sandro Tonali (60 milhões de libras). O clube ainda retornou à Champions League após 20 anos.
A influência externa no futebol inglês é crescente. Depois de Manchester City e Newcastle terem sido comprados por líderes políticos do Oriente Médio, um grupo catariano liderado pelo xeque Jassim bin Hamad Al Thani, que é membro da família real do país, tentou comprar o Manchester United da família Glazer no ano passado, mas acabou falhando, pois Sir Jim Ratcliffe comprou uma participação minoritária no clube.