A ascensão e queda de Édouard Mendy no Chelsea foi vertiginosa – e meio estranha
O ex-melhor goleiro do mundo sofreu com lesões, foi barrado por Kepa Arrizabalaga e agora é vendido ao Al-Ahli, da Arábia Saudita

Houve muita coisa estranha na última temporada do Chelsea, mas poucas se equiparam à situação dos goleiros. Édouard Mendy foi contratado para assumir a titularidade, após mais um punhado de atuações inseguras de Kepa Arrizabalaga. Ganhou uma Champions League, brilhou pela seleção senegalesa e foi eleito pela Fifa o melhor jogador do mundo na sua posição. E aí, meio que de repente, foi barrado pelo próprio Kepa e agora foi confirmado pelo Al Ahli da Arábia Saudita.
O que aconteceu com Édouard Mendy?
Tudo isso aconteceu em três anos. E por uma mistura de azar, problemas físicos e a bagunça que imperou em Stamford Bridge. Porque Mendy apresentou um nível absurdo logo de cara depois de ser contratado pelo Rennes em setembro de 2020. O Chelsea teve um longo período de estabilidade e excelência debaixo das traves, com Petr Cech e Thibaut Courtois. Mas a aposta em Arrizabalaga, quando o belga foi vendido ao Real Madrid em 2018, não se pagou. Não se pagou mesmo: embora fosse promissor no Athletic Bilbao, custou € 80 milhões (porque os bascos nunca negociam), o goleiro mais caro da história.
Cansado de sofrer com o espanhol ou o experiente Willy Caballero, o Chelsea trouxe Mendy do Rennes, por € 24 milhões, ainda com Frank Lampard no comando. E essa se pagou bastante. O senegalês foi um dos destaques da conquista do título da Champions League sob o comando de Thomas Tuchel. Sofreu apenas dois gols em todo o mata-mata. Com justiça, foi eleito o melhor goleiro da temporada europeia pela Uefa e do mundo inteiro pela Fifa. Também ficou em segundo lugar no prêmio da categoria da revista France Football – o troféu Yashin.
Ele se manteve em alto nível na campanha seguinte, apesar dos problemas do Chelsea, e teve um papel importante na conquista da Copa Africana de Nações por Senegal e na classificação à Copa do Mundo nos playoffs. Os dois confrontos contra o Egito foram decididos nos pênaltis e ele defendeu uma cobrança em cada um. Em 2022, era consenso que estava entre os melhores goleiros do mundo e, para muitos, à frente de todos os outros. Mas, do nada, tudo mudou.
Mendy começou a última temporada com uma pequena oscilação de desempenho. Falhou contra o Leeds e não foi muito bem na vitória por 2 a 1 sobre o West Ham no começo de setembro e, segundo o então técnico Thomas Tuchel, estava com dores no joelho. O alemão preferiu dar um descanso para Mendy e uma oportunidade para Kepa que, embora tivesse sido colocado no mercado alguns meses antes, permaneceu como o goleiro reserva mais caro do mundo porque… bom, era caro demais.
A decisão acabou sendo quase permanente, em parte pela troca de técnico. Substituto de Tuchel, parecia que Graham Potter gostava mais de Kepa, que seguiu titular até se machucar contra o Brighton, no fim de outubro. Mendy fez apenas mais três jogos e meio antes da pausa para a Copa do Mundo. Voltou a ter problemas no Catar. Falhou na estreia contra a Holanda, mas, apesar de rumores de que seria barrado, se recuperou operando milagres na segunda rodada e continuou até o fim da campanha.
Na hora de retornar ao Chelsea, não teve chance de brigar para recuperar a posição. Passou por uma cirurgia em janeiro, após fraturar o dedo, e retornou ao banco de reservas apenas em abril. Seu único jogo em 2023, e agora último pelos Blues, foi contra o Nottingham Forest, pela 36ª rodada da Premier League.
Para um clube tentando equilibrar as contas depois do mercado mais caro da história, era inviável manter dois goleiros com salários altos e que poderiam atrair taxas de transferência. Ainda fazia mais sentido aproveitar a recuperação de Kepa para tentar recuperar um pouco do investimento que foi feito nele e porque ainda é muito cedo para dizer que Mendy não tem mais o nível que um clube como o Chelsea exige.
Mas chegou a famosa proposta irrecusável da Arábia Saudita e o senegalês deixou Stamford Bridge, por aproximadamente £ 16 milhões, após três anos em que alternou grande sucesso com um fim meio estranho.
- - ↓ Continua após o recado ↓ - -
Quem mais deixou o Chelsea?
- Mateo Kovacic (Manchester City)
- Kalidou Koulibaly (Al-Hilal)
- N'Golo Kanté (Al-Ittihad)
- Tiemoué Bakayoko (sem clube)
- Kai Havertz (Arsenal)
- Édouard Mendy (Al-Ahli)
Chelsea se despede
Édouard Mendy deixou o Chelsea após três temporadas e completou uma transferência permanente para o time saudita Al-Ahli.
O jogador de 31 anos será lembrado em Stamford Bridge pelo papel chave que teve em nossa conquista da Champions League em 2021. Mendy concedeu apenas dois gols em sete jogos de mata-mata – e esses gols foram chutes de primeira imparáveis de Mehdi Taremi, do Porto, e Karim Benzema, do Real Madrid.
O jogador da seleção de Senegal passou nove partidas sem ser vazado na Champions League em 2020/21, um feito que nenhum outro goleiro conseguiu em sua temporada de estreia na principal competição de clubes da Europa.
Mendy ficou 23 jogos sem ser vazado pelo Chelsea durante a temporada 2021/22, inclusive nas duas finais de copas domésticas. Também manteve cinco clean sheets consecutivos em jogos como mandante na Champions League, a primeira vez que um goleiro de um clube inglês conseguiu fazê-lo.
Chegou a 30 partidas sem ser vazado pelos Blues em seu 54º jogo. Apenas Petr Cech atingiu esse número em menos duelos.
Os minutos de Mendy foram limitados na última temporada, mas ele superou a barreira de 100 jogos. No total, defendeu o Chelsea 105 vezes e não sofreu gol em 49 dessas partidas.
Tendo começado a carreira nas divisões inferiores do futebol francês – e até passando vários meses sem um clube – Mendy chegou ao topo do futebol europeu com o Chelsea. Uma personalidade muito agradável dentro e fora de campo, sempre terá um espaço em nossa história pelas suas contribuições significativas para a nossa conquista da Champions League em 2021.
Por isso e por todo o resto, estamos gratos. Boa sorte, Edou!
Quem já foi para a Arábia Saudita?
- Édouard Mendy (Al-Ahli)
- Kalidou Koulibaly (Al-Hilal)
- Rúben Neves (Al-Hilal)
- N’Golo Kanté (Al-Ittihad)
- Karim Benzema (Al-Ittihad)
- Cristiano Ronaldo (Al-Nassr)