Libertadores Feminina

Formiga pede mudança imediata na Libertadores Feminina e planeja carreira fora dos campos

Formiga está colaborando com a Conmebol em projetos para desenvolver o futebol feminino na América do Sul, enquanto se especializa para assumir iniciar carreira como gestora

Quando encerrou seu contrato com o São Paulo, em dezembro de 2022, Formiga não tinha ideia de que sua vida mudaria tão rápido em menos de um ano. Só até esse mês de outubro, ela já comentou uma Copa do Mundo Feminina na TV Globo, começou o curso de gestão de futebol na CBF e foi convidada pela Conmebol para colaborar em projetos de desenvolvimento do futebol feminino na América do Sul. 

No último sábado (21), Formiga foi a convidada de honra do seminário “F de Futebol Feminino”, realizado pela entidade sul-americana na sede da final da Libertadores Feminina – Cali, na Colômbia. 

– Na verdade, eu fiquei um pouco assustada, porque eu imaginava que tudo isso poderia chegar tão rápido. Inclusive com esse convite da Conmebol para eu ajudar no desenvolvimento do futebol feminino. Eles sabem que eu sou uma das maiores defensoras da modalidade, então vejo essa boa vontade da Conmebol de entender mais do meio feminino no futebol, para suprir as necessidades, e de reunir atletas e ex-atletas para um debate que realmente possa contribuir para o crescimento – contou Formiga, em conversa exclusiva com a Trivela logo depois de palestrar na Universidad de San Buenaventura.

Formiga pede mudança imediata na Libertadores Feminina

Apesar de dar os parabéns à Conmebol pelas iniciativas recentes, Formiga não fecha os olhos para os problemas de planejamento que ainda existem. Para ela, o mais urgente é o modelo de disputa da Libertadores Feminina, que é realizada com país-sede. Ela é tricampeã do torneio continental, mas entende que o atual formato é prejudicial para o espetáculo.

– Conversei com a Fabi Mendez (diretora de eventos da Conmebol) no Paraguai, exatamente sobre isso. Há muitos anos, vem à minha cabeça a ideia de mudar o nome da competição, que seja algo exclusivo do feminino, um produto voltado para a modalidade. A gente precisa de produtos para chamar os torcedores também. Ela achou uma boa ideia e disse que a entidade está em busca de soluções. É claro que não vai ser do dia para a noite, mas podemos mudar aos poucos. 

– Eu mesma participei desse modelo (de disputa) lá atrás, então está na hora de evoluir. Tem a discussão de que envolve muitos custos, mas se o trabalho começa bem antes para se ter a verba, é possível fazer o formato de ida e volta, que é o mesmo do masculino. Se for começar no ano que vem, os jogos das finais e semifinais podem ter ida e volta. A primeira fase pode ser disputada em uma sede, mas a parte decisiva precisa ter uma atenção especial. Podemos começar aos poucos, mas a mudança tem que ser pra já – concluiu. 

Formiga quer transformar o futebol feminino através de boa gestão

Entre temáticas de gestão e liderança feminina, a recordista de participações em Copas do Mundo pela seleção brasileira foi a única convidada a colocar o “dedo na ferida”. Ela não teve papas na língua ao falar sobre os inúmeros desrespeitos que viveu no início da carreira e também criticou os clubes que, ainda hoje, não tratam a modalidade com profissionalismo. 

Vale lembrar que a saída de Formiga do Tricolor Paulista não foi das mais amigáveis. A jogadora não aceitou o contrato de renovação e denunciou a má gestão da atual diretoria. Inclusive, a volante revelou que o clube pediu seu uniforme de volta para que fosse usado por outra jogadora. 

– Não há mais espaço para tratar as mulheres como coadjuvantes no futebol, Nós somos profissionais e precisamos ser tratadas dessa forma. Por isso, estou me aperfeiçoando e estudando. Eu quero ajudar a transformar o futebol através de boa gestão. Quando voltei da França para cá, senti o choque de realidade. Foi difícil ver que o Brasil ainda passa por certas coisas no futebol feminino – disse à reportagem.

– A CBF me ofereceu o curso de gestão esportiva, assim como a Federação Paulista me abriu as portas para estudar. Penso em trabalhar na FPF, porque é uma referência no tratamento com o futebol feminino e eu quero ajudar a melhorar esse cenário para todas as mulheres que jogam futebol. Se for na confederação ou na federação, sei que vou fazer a diferença de dentro para fora. Esse é um objetivo que eu tenho para ontem – contou. 

Foto de Livia Camillo

Livia Camillo

Livia Camillo é jornalista multimídia e videomaker. Foi colunista de esportes femininos por um ano e meio no Nós, vertical de diversidade do Terra, portal onde também foi repórter de vídeo na editoria de games e eSports. Tem passagem pelo hard news do UOL Esporte e por outras redações de São Paulo.
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